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Mais alguns dias haviam se pasado. Pedro Damián estava furioso comigo por ter de adiar pela segunda vez a estréia de "Dos Hogares", sua nova novela na qual eu seria protagonista. Até insisti com ele para que optasse por outra atriz, mas em vão. Quando Pedro decide algo não a santo que o faça mudar de idéia. Meu pai, aparentemente prosseguia na mesma situação, segundo os médicos com leve sinais de melhora. Agora ele movia alguns dedos da mão esquerda e levemente alguns músculos da face. Porém, ainda sem abrir os olhos, falar ou se movimentar de forma mais consistente.

Algumas coisas haviam mudado nesses últimos dias. Manuel passou a me visitar com frequencia no hospital, mostrando-se um homem completamente prestativo, oferecera-se até para tentar convencer o médico do caso a transferir o meu pai para a capital. Mas com as campanhas eleitoras se aproximando, nosso contato limitou-se a torpedos e ligações esporádicas. Poncho não passou a me tratar com gentileza, mas adquiriu um modo mais suil de lidar comigo. Ele vinha frequentemente ao hospital e depois da nossa última conversa passamos a trocar alguns assuntos sem a necessidade de nos agredirmos através de palavras.

Mai e eu tomávamos um café na lanchonete do hospital, eu aguardava minha madrasta para trocarmos, era a vez dela ficar com o papai.

- Annie, vamos, por favor? Você está tão desanimada com os últimos acontecimentos - insistia pela enésima vez. Maite, Dulce, Christopher e Mane haviam combinado de sair pra jantar em um barzinho no centro da cidade. Nada muito badalado.

- Mai, não vou conseguir me divertir na situação em que o meu pai se encontra. Sério, vão vocês e aproveitem por mim - suspirei e ela bufou.

- Sério Annie, sei que você não está no clima, e nenhum de nós está. Tio Henrique foi como um pai pra mim, mas quero te animar um pouquinho, ainda mais depois da notícia do médico de que e ele está tendo avanços com o tratamento. Precisamos comemorar, rir um pouco. Prometo que não vai ser nada demais - sorriu tocando as minhas mãos. Eu suspirei.

- Não sei se é mesmo uma boa idéia - mordi o lábio inferior.

- Vamos, faça um esforcinho, por mim - sorriu e logo minha madrasta chegou.

- Que tanto conversam meninas? - perguntou sentando-se ao meu lado e abraçando-me pelos ombros.

- Tia, a senhora não acha que a Annie precisa sair um pouco? Respirar novos ares? Veja como ela está ficando somente aqui nesse hospital - minha madrasta concordou. Já disse que odeio a Maite?

- Concordo com você querida! Vá se divertir um pouco com seus amigos, você sabe que seu pai estará em boas mãos e se algo acontecer eu te avisarei - sorriu.

- Qualquer coisa? - perguntei indecisa

- Qualquer coisa - ela afirmou e eu suspirei derrotada.

- Tudo bem Mai, eu vou com vocês. Mas não voltarei muito tarde - ela concordou, depois me deixou em casa, na casa dos meus pais, e fui tomar um banho demorado e relaxar.

Com toda essa história de hospital, minha madrasta e Angel me convenceram a ficar hospedada na cada delas, até para que fizesse companhia a Angel enquanto minha madrasta estivesse a noite no hospital com meu pai. Dulce viera comigo.

Assim que cheguei em casa, o gato persa da Angel, o Simba, ronronou pra mim e veio se deitar nos meus pés. Fiz um carinho nele fechei a porta e entrei na sala. Angel estava sentada na mesa de desenho que eu havia comprado pra ela, segundo ela projetando. Me mostrou alguns desenhos super empolgada, contou-me sobre a faculdade, e subtamente me peguei com uma certa vontade de estudar. Não sei, moda, publicidade talvez. Subi para o quarto, tirei a roupa olhando meu reflexo no espelho do meu antigo quarto. Provavelmente teria perdido uns três quilos, sem dúvidas. Passei pelo colchão que havia ali, já que mesmo com um quarto de hóspedes completamente a disposição, Dulce insistia em dormir no meu quarto. Eu fico me perguntando como vai ser se um dia ela se casar.

Entrei no chuveiro e tomei um banho demorado. Vesti uma regata azul, e um shortinho jeans e sentei-me na penteadera escovando meus cabelos ainda molhados. Mais uma vez analisei meu reflexo pelo espelho e foi impossível não perder-me nas memórias do passado. Meu quarto ela era uma janela de recordações.

Flashback

- Para Alfonso - eu já estava com falta de ar de tanto rir das cóssegas que ele fazia - Poncho - disse brava - Já mandei parar logo com isso - sentei-me com as costas escoradas no sofá.

- Ué não era você a super heroína - riu puxando-me pelo pé e eu ri.

- E sou - olhei-o de cenho franzido, tentando parecer malvada.

Ele se aproximou sorrindo, e tirou um fio de cabelo que tentava encobrir meu rosto. Colocou-o delicadamente atrás da orelha e beijou meus lábios com carinho, sentando-se ao meu lado depois.

- A heroína mais linda desse mundo - sorriu e eu sorri mais ainda.

-De todo o universo e de todas as galáxias? - falei com voz de bebê e ele riu.

- De todo o infinito - sorri e nos calamos - Quero tanto que nossos filhos tenham seus olhos. É a parte que mais gosto em você - abri a boca assutada.

- Filhos?

- O que foi? É uma idéia tão ruim assim ter filhos comigo? - com falsa chateação e eu respondi toda desconcertada.

- Não é isso é só que, você assim, falando de filhos, quer dizer, não é algo que eu esperasse ouvir, digamos, agora - mordi o lábio inferior sorrindo e ele riu.

- Já escolhi até os nomes -eu ri e entrei na brincadeira.

- E quais vão ser? - curiosa.

- O mais velho vai ser o Santiago, ai vamos ter gêmeas, a Maria Alice e a Giovanna, como você - eu ri - E o último vai ser o Alfonsinho em homenagem ao pai.

- Fala sério Poncho! Eu não vou parir quatro crianças - ele ria - E outra, meu filho não vai se chamar Alfonsinho, não mesmo - ele fechara a cara e agora quem ria era eu.

- É claro que vai - disse sério.

- Não vai não - eu ri balançando o dedo em negativa e ele agarrou-me no colo caindo comigo sobre o colchão da sala de TV.

- Que tal a gente parar de falar e aproveitar que a casa ta vazia e estamos aqui sozinhos pra treinar - riu safado encima de mim.

- Só treinar? - perguntei ao pé do ouvido dele e o senti suspirar.

- Só treinar! - beijou-me com calor, e tivemos ali uma tarde maravilhosa de amor.

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