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Poncho fechou totalmente a cara e eu fiz questão de dispensar Manuel logo. Tratei de logo ir embora também, já eram 4 horas da manhã e Angelique estava sozinha, sem falar que as 9 da manhã trocaria de turno com a minha madrasta, ou seja, teria pouquíssimas horas de sono.

Os dias passavam-se gradativamente. Desde então, eu e Poncho não nos falamos mais. Já fazia quase um mês que meu pai encontrava-se nessa situação. Meus fãs, meus amigos, e até o Manuel, todos me davam apoio, mas a verdade é que eu estava inconsolável. Maite quisera até mesmo cancelar sua lua de mel para ficar comigo e eu obviamente não permiti. Eu, Angel e minha madrasta continuávamos nos revezando no hospital, mas mais por exigência delas. Não quero que Angel perca as aulas da faculdade. Acordei, tomei um banho rápido, vesti uma calça jeans escura que já denunciava minha perda de peso. Coloquei um tênis branco, uma regata simples rosa e um cardigã. Amarrei os cabelos em um rabo de cavalo alto e nem sequer me dei ao trabalho de me maquiar. Na verdade faziam dias que essa vontade não fazia parte da minha rotina. Passei na floricultura e comprei algumas flores, então me encaminhei para o hospital.

Assim que cheguei ao quarto do meu pai, senti o perfume conhecido já na porta. Poncho estava ali. Ele olhou-me surpreso e Angel foi logo se despedindo, era minha vez de ficar com o papai. Retirei as flores velhas do vaso que havia sobre a mesinha de mogno e coloquei as novas delicadamente enquanto conversava com meu pai, toquei-lhe as mãos, dei-lhe um beijo no rosto e Poncho parecia acompanhar todo o meu ritual diário com os olhos.

- Faz tempo que você está aqui? - pedi tentando ser simpática e sentando-me sobre a poltrona.

- Alguns minutos - nos calamos.

- Acho que ele está com frio - me levantei subindo sobre um banquinho para alcançar o armário - Aqui deve ter algum cobertor - ele veio na minha direção tentando ajudar.

- Deixa que eu pego antes que você caia dai - assim que ele se aproximou, minha blusa subiu e sem querer, revelou minha cicatriz na barriga. Tentei esconder, mas ele já havia visto e tinha uma feição estranha.

- Tudo bem, não precisa fazer essa cara - tentei descontrair enquanto descia do banco com o cobertor - Isso acontece quando temos um bebê.

- Desculpa é que, foi estranho só e - o interrompi.

- Eu entendo você, de verdade - preferimos mudar de assunto enquanto eu cobria meu pai e ele praticamente me obrigou a tomar um café e comer algo - Obrigada pelo apoio que está nos dando, de verdade.

- Olha Anahí, por mais cruel que isso possa soar, faço isso pelo Tio Henrique, ele não merecia estar nessa situação - mordi o lábio inferior maneando a cabeça - Ainda estou atordoado com tudo isso.

- Com tudo o que?

- Essa reaproximação. Não sou hipócrita, rever você foi algo completamente confuso, e aquela noite na minha casa, nosso beijo - nos calamos.

- Nunca quis que chegássemos a esse ponto - fitei as mãos sobre a mesa.

- Que ponto?

- De se quer podermos trocar duas palavras com gentileza - silenciamos - Quando descobri que estava grávida, tanta coisa aconteceu - ele interrompeu-me.

- Não sinta-se obrigada a me contar - coloquei o indicador sobre seus lábios.

- Eu quero fazer isso - sussurrei - Eu havia acabado de me mudar pra capital. Estava em uma nova escola afim de concluir o ensino médio, tinha passado no teste para o papel principal da nova novela do Pedro Damián. Oscar havia acabado de me contar que você se mudaria pra Harvard e que havia sido aprovado com louvor no curso de direito. E eu fiquei tão feliz - ele fitava-me atento - Duas semanas depois, eu estava me sentindo muito enjoada, sequer estava conseguindo frequentar as aulas, que dirá as gravações da novela. Foi aí que Dulce, que na época atuava comigo na novela, me sugeriu irmos a farmácia comprar um teste de gravidez - ele interrompeu.

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