PRÓLOGO

11.1K 1.1K 529
                                    

Por mais insensível que pudesse parecer, Eliza não sentia nada pela mãe

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Por mais insensível que pudesse parecer, Eliza não sentia nada pela mãe.

Lady Gunning morreu em uma fria noite de novembro. Isobel era uma mulher jovem, estava com dezenove anos e colecionava uma vida cheia de tristezas e decepções. Ela havia crescido em uma casa de campo aos arredores de Hereford, abandonada pelos pais que preferiam uma educação rural e conferida aos cuidados de uma taciturna governanta. Passou a maior parte de sua vida sozinha, como uma princesa presa em sua torre, sem nenhum amigo ou conforto materno, apenas esperando o dia em que seria resgatada por seu príncipe e juntos viveriam toda eternidade.

Infelizmente a vida não é um conto de fadas e Isobel nunca recebeu a visita de um príncipe. A bela moça de olhos altivos e cabelos negros nunca nem ao menos se apaixonou. Aos dezesseis anos foi enviada a Londres para debutar na sociedade e viver com os pais até encontrar um marido. Ela passou três terríveis anos vivendo com aqueles que deveriam amá-la. Sempre muito cobrada em relação a sua conduta, seus estudos e sua beleza, ela mergulhou em uma melancolia profunda por muito tempo. Sem sucesso algum na missão de conseguir um bom casamento Lord Hughes, seu pai, selou um contrato com Marin Gunning para que Isobel casasse com seu primogênito, Gustave.

Gustave era um homem sem dúvida agradável e Isobel demorou um bom tempo para entender o porquê de ter tanta pressão para que ele se casasse. Para uma garota sem muitas perspectivas para a vida, Gustave seria um marido perfeito. Logo ele cumpriu com seu dever e sua esposa estava grávida. Pela primeira vez havia um raio de felicidade na vida de Isobel e ela jurou pelos céus que seria uma ótima mãe para o bebê e estaria sempre ao seu lado, diferente do que aconteceu com ela.

O trabalho de parto começou em uma das noites mais frias que a Inglaerra já teve em novembro. Isobel sofria de fortes contrações, porém a criança recusava-se a nascer. O tempo passava, a mãe não aguentava as dores e o parto estendia-se. Apenas depois de muitas horas e de um esforço árduo para que lady Gunning desse a luz á criança, o bebê veio ao mundo, mas infelizmente Isobel não havia resistido. Mais tarde o médico dissera a Gustave que o motivo havia sido uma forte hemorragia.

O tão esperado herdeiro era na verdade uma pequena garotinha. Uma decepção invadiu o mortificado quarto assim que a parteira anunciou que se tratava de uma criança do sexo feminino. A única pessoa que não estava decepcionada era Gustave que derrubou lágrimas ao ver sua filha. Nunca, em um momento sequer, ele demonstrou qualquer descontentamento com o sexo do bebê. Ele amava Eliza acima de tudo. Incondicionalmente.

E ele nunca voltou a se casar. Lady Margareth, sua mãe, insistiu para que ele encontrasse uma nova esposa pelo bem de Eliza que necessitava de uma figura materna, mas Gustave negou, dizendo que conseguiria ser um bom pai sozinho. Ele acreditava cegamente que ela não precisaria de uma mãe para ser uma criança extraordinária, e de fato não precisou.

Mesmo sem nunca ter visto sua mãe ela teve uma vida normal. Cresceu ora em Londres ora em Somerset, nas casas de campo da família. Era uma garotinha pequena, porém muito forte e extremamente esperta. Ela tinha cabelos negros assim como a falecida mãe, porém os olhos eram azuis, como os do pai. Além disso, havia algo especial em seu rosto: muitas sardas. Esse era o charme da pequenina Eliza segundo o conde, suas várias manchinhas espalhadas por todo seu rosto.

OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]Where stories live. Discover now