CAPÍTULO XII

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— Maldição — Eliza resmungou enquanto se levantava

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Maldição — Eliza resmungou enquanto se levantava.   

Lord Morley riu. Ele tirou uma mecha que insistia em ficar na frente de seu olho, jogando-a para trás. O homem parecia ainda mais enigmático na escuridão. Suas roupas eram negras, tanto quanto seu cabelo e seus olhos, e a única claridade parecia vir de sua pele pálida, quase cintilando no vão. Ainda assim, Eliza conseguiu ver um sorriso irônico formando-se no lábio dele.

— Praguejando, milady? — Frederick perguntou tentando abafar um riso sarcástico.

— Sim, lord Morley.

Lady Eliza pairou de pé com visível mal humor. Ela alisou o vestido, tirando todos os restos de folhas ou de possíveis insetos do chão. Demorou mais do que o esperado ali, evitando o máximo possível de contato com o lorde. Frederick, entretanto, parecia bem paciente em relação à moça. Ele chegou a cruzar os braços enquanto esperava sua recuperação.

Ela sorriu falsamente, procurando manter o controle da situação e buscando uma boa desculpa, mesmo sabendo que Morley dificilmente acreditaria em suas palavras. Pela diversão dele com a cena ele com certeza já tinha tirado várias conclusões.

— Eu, hum... — ela balbuciou, tentando enrolar — tropecei e cai atrás do arbusto.

Frederick concordou com a cabeça.

— No meio do baile dos viscondes Backford? Em uma área deserta dos jardins?

Ela levantou uma sobrancelha, pousando as mãos sobre os quadris na tentativa de parecer no controle da situação. Todavia, seu nervosismo era visível. Lord Morley não seria convencido facilmente.

— Não é deserta se milorde está aqui.

— Eu estou aqui justamente porque precisava de uma área deserta para conversar com meu amigo, — Frederick respondeu com seu típico tom de voz sério, cínico e que para Eliza beirava a rispidez — conversa que penso que você e lady Ronnie estavam interessadas em demasia. Ao menos se julgarmos o estado de vocês e que, provavelmente, tentavam nos espiar.

Eliza riu. A intenção era soltar uma risada sarcástica e zombeteira, fazendo o marquês se envergonhar de sua suposição ego centrista. Entretanto, na última gargalhada, a hesitação da voz da jovem demonstrou seu nervosismo e que consequentemente havia verdades em suas palavras. A decisão da jovem foi recuar mais um passo, quase batendo nas folhas da planta, imaginando que a distância do homem fosse dar mais lucidez a seu discurso.

— Ah, faça-me o favor, lord Morley. Ronnie e eu não faríamos isso, até porque não há nada que me interesse em vossas conversas particulares.

— Então porque ela mentiu que a milady foi procurar ajuda?

Touché. Eliza revirou os olhos, dando de ombros. Frederick aproximou-se, acabando com a distância que ela tinha criado entre eles, e avançando ainda mais do que antes. Dessa vez ele estava perto o bastante para sentir a respiração descompassada dela em seu peito, para inspirar seu perfume delicado e para conseguir ver o tom vivaz de seus olhos se sobressaindo em seu rosto, mesmo no escuro. Ela estava visivelmente nervosa, mas quem deveria estar assim era ele. Eliza não tinha muito que temer ao estar com o marquês, Frederick, porém, ainda era constantemente assombrado por suas memórias do sonho, que apesar de serem irreais, faziam-no pulsar.

OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora