CAPÍTULO X

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Tenho total conhecimento das infelicidades que lady Flemming apontou, dramaticamente, no último baile

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Tenho total conhecimento das infelicidades que lady Flemming apontou, dramaticamente, no último baile. A lady nos deu vários motivos para acreditar que estamos tendo um ano ruim, mas eu discordo plenamente. Tantos bailes exuberantes, três casamentos relevantes e todos esses murmúrios pelos salões. O que pode estar tornando esse ano tão ruim para algumas pessoas e tão bom para outras?

Srta. Silewood Stanley Journal, maio de 1832.

Eliza sentou-se no divã, taciturna.

Sua cabeça latejava e ela definitivamente não estava tendo um dia fácil. As coisas já tinham começado errado. Antes de despertar ela estava sendo consumida por aterrorizantes pesadelos. Primeiro, estava em Somerset, em uma noite tempestuosa. Ela se levantava no meio da noite, caminhava pelos corredores escuros da propriedade e encontrava a tia Daisy sentada aos pés da escada, chorando descontroladamente. Eliza se abaixou, tentando conversar com ela, mas nesse instante foi atacada por uma dúzia de morcegos.

Acordou exasperada, com os pulmões ardendo e sentindo um frio anormal para aquela época do ano. Pela escuridão constatou que ainda não estava perto do amanhecer, — deveriam ser três ou quatro horas da manha — sendo assim, apenas pegou outro cobertor em um de seus baús e voltou para a cama. O segundo sono nem de longe foi mais tranquilo que o primeiro. Dessa vez ela estava em uma área de gramado, correndo de casacas vermelhas, até que chegava à beira de um penhasco e caia. Uma queda longa e apavorante. Ela fechou os olhos, esperando o impacto, mas quando os abriu novamente estava mais uma vez acordada.

Os primeiros raios de sol já haviam saído e Eliza duvidou que fosse voltar a dormir. Ela pegou um roupão, cobriu-se e caminhou até a sala de estar, para talvez ler um livro ou apenas observar a rua pela janela. O desjejum demoraria no mínimo duas horas para ficar pronto, três se eles seguissem o cronograma normal. Com a cabeça já latejando ela abriu a porta do cômodo que rangeu com o movimento. Lord Gunning moveu a cabeça lentamente em direção à filha, chegando a abaixar a lente de seus óculos para observá-la melhor.

— Bom dia — Gustave saudou com um sorriso.

Eliza assentiu. Nesse momento ela percebeu que eles não estavam sozinhos. Pensie — uma de suas gatas — esfregou-se em seus pés. Liz se abaixou, pegando-a no colo e acariciando seu pelo branco. Era possível que seus outros animais ainda estivessem dormindo. Stanley, que estava no outro lado da sala mexendo em uma lotada estante de livros, sorriu para ela.

— Bom dia, Lizzy. Acordada tão cedo?

Lady Eliza murmurou algo indecifrável e sentou-se ao lado do pai. Ele lia o Times, mas tinha no criado-mudo pelo menos mais quatro outros jornais. Ela não compreendia como ele estar disposto a essas horas da manhã. Eliza girou a cabeça em direção a Julian que finalmente parecia ter encontrado o livro que procurava.

OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]Where stories live. Discover now