Capítulo 2

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Após aquela noite, não conversei mais com meu pai. Me mantive firme perante a sua decisão injusta em me casar com o primeiro em que eu ousar destratar, infâmia, sou uma donzela doce e gentil.

Estou a uma semana nesse quarto, não aguento mais ser servida na cama, preciso dá uma arejada. — Esse é o meu pensamento desde a última noite.

Olhei da janela do lado norte do meu quarto, observando os servos em suas tarefas e analisando suas crias ajudando estes. Para a minha total decepção ou prazer, não sei distinguir. Possuo várias amigas dos reinos vizinhos, todas com títulos nobres e elegância acima do limite. Mas nenhumas deles tem cabeça, vivem sonhando acordadas com um príncipe de contos de fadas, mera mentira.

Alisei meus cabelos que desciam como cascatas pelo meu ombro, em seu tom preto-azulado.

Ao longe, encarei um músico que vinha na minha direção, tocando o alaúde, enquanto cantava uma música extremamente enjoativa.

— Cale-se. Não aguento esse som extremamente asqueroso, tirando a pouco paz que tenho. Cale-se, seu camponês de... — Fui cortada pelo grito do meu pai, ao qual estava observando tudo de longe. — Pai — aumentei o tom da voz. Enquanto corria desesperada, saindo do meu quarto em direção a entrada principal do castelo.

Cheguei a tempo em ver o meu pai acertando o casamento com o homem. Para a minha total infelicidade.

— Pai, o senhor não pode fazer isso. — Andei até o seu encontro, completamente indignada.

— Calada Ondina, agora vá com seu marido — falou sem me dirigir atenção.

Lágrimas escorreram do meu rosto em pura raiva. Jamais me unirei a um camponês, que não tem onde cair morto.

— Precisamos partir agora para a minha terra — disse o músico, em um tom monótono e pacífico.

— Você não tem nada a comentar perante esse feito asqueroso? — perguntei ao retardo que se encontra a minha frente.

— Tenho que voltar para a minha terra querida prometida — disse e simplesmente saiu.

Seu... controlei o meu ódio, e olhei em direção ao papai que já havia saído. Pouco tempo depois, me encontro andando à deriva com o homem que mal conheço e já é o meu prometido, mesmo que ainda não tenhamos nos casado oficialmente.

Estou carregando uma pequena mala, algo que meu "esposo" — desprezado — faz questão em não me ajudar. Por apreço do destino, minha serva conseguiu furtar uma de minhas capas, ao qual estou escondendo o rosto com está. Não preciso de mais nenhuma vergonha na minha falida vida.

Enquanto caminhávamos pela cidade em direção a saída desta, ouvi comentários dos mais diversos em relação à desgraça da filha mais nova do rei.

Como isso é possível? Faz uma hora que saí do castelo, não tem como todos no reino saber da minha desgraça, ou tem?

Abaixei mais ainda o capuz da capa azul, escondendo da forma que posso a minha vergonha, por conta deste que se encontra a minha frente.

— Seja rápida, dessa maneira chegaremos ao reino Asulin daqui a duas semanas.

— Como você quer que eu seja rápida se nem ao menos me ajuda com a mala? Ainda por cima nem sei qual é o seu nome — questionei a contragosto.

Afinal, não parei nenhum minuto para reparar na aparência do homem a minha frente, imagina em perguntar o nome dele.

Enquanto o jovem direciona sua atenção a mim, pude detalhar o seu aspecto físico, que contém uma barba espessa castanha, assemelhando com a cor do seu cabelo, difundido nos seus olhos castanhos, que tomaram um tom de castanho-claro no decorrer do forte sol. Tenho dificuldade em identificar seu corpo, pelas roupas largas que este utiliza, numa cor completamente morta.

Rei Bode - Uma Princesa Em ApurosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora