Capítulo XVII - Transbordando poesia

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O motorista tinha certeza de que a velocidade máxima naquela estrada era sessenta por hora.

Mas Lawrence não ligava para coisas fúteis como leis de trânsito. Estava muito, muitíssimo ansioso para descobrir qual foi o motivo da ligação de Keplan. O superintendente lhe disse que não era algo a ser conversado por telefone, o que não deixava Lawrence muito feliz. Haviam acabado de se encontrar menos de duas horas antes! Ir de um lugar a outro da cidade várias vezes no mesmo dia era algo custoso — ainda que sua remuneração com aquele caso fosse cobrir os gastos. No entanto, havia outro detalhe que fazia a felicidade e empolgação de Lawrence retornarem com mais força: estar fisicamente presente em um momento importante para a conclusão do caso era tudo o que ele mais esperava.

Não sabia por que Keplan havia ligado, mas podia fazer suposições. Ele mesmo dissera que sua equipe daria uma olhada nos pertences de Anastasia naquela mesma tarde. Ainda que surpreso com a velocidade dos investigadores, Lawrence supunha com razoável certeza que haviam encontrado algo.

Reuniram-se novamente na delegacia.

O legista e o chefe da perícia — de cujos nomes o detetive já havia se esquecido, mas lembrava que um deles começava com H — não estavam presentes, restando a Keplan a tarefa de transmitir a informação que haviam descoberto. Não que os dois tivessem sido de real ajuda.

Desta vez, o superintendente já estava lá quando Knopp chegou, talvez como uma forma de compensar por seu atraso mais cedo. Fosse como fosse, não havia tempo a perder com gracinhas e revanches. Era hora de trocar informações,

Reuniram-se na mesma sala de mais cedo, e, assim como antes, Lawrence acendeu sem necessidade a lâmpada do teto, mas Keplan logo a apagou. A luz que vinha de fora através do vidro fosco era mais que suficiente para iluminar o ambiente. Além do mais, sabia que o detetive só fizera aquilo para se sentir em um filme policial, e, como já dito antes, não havia tempo a perder com gracinhas;

Sentaram-se;

Lawrence não podia conter a empolgação.

— O que descobriram, Keplan?

O superintendente sorriu. Direto ao ponto, assim que ele queria.

— Como lhe disse mais cedo, fui com minha equipe analisar os pertences da garota morta. — Sim, Lawrence se lembrava. A própria narração já havia deixado isso claro. — Pois bem, assim o fizemos. Encontramos algo que acreditamos ser importante. Bem... A senhora Quint encontrou para nós.

Dizendo isso, pôs sua bolsa sobre a mesa e a abriu. De dentro dela, tirou um pequeno caderno preto, com cerca de cem páginas unidas por um arame em espiral. O nome de Anastasia estava escrito em letras cursivas em um espaço designado para este fim.

— O que é isso? — questionou o detetive, apesar de já possuir uma ideia do seu conteúdo.

— Veja você mesmo.

Lawrence não entendia o porquê daquele trabalho desnecessário que poderia ser simplificado por apenas uma frase, mas, mesmo assim, esticou o braço para pegar o objeto que Keplan estendia em sua direção. Folheou algumas páginas e logo descobriu o que era.

— É um caderno de poemas — constatou em voz alta. Aquilo não se afastava muito de sua ideia inicial, mas tampouco era totalmente correta. Ele não sabia, no entanto, como um caderno de poemas podia ajudar.

Como se soubesse no que Lawrence estava pensando, Keplan explicou:

— Anastasia havia largado a faculdade de jornalismo, o que deixava a garota com bastante tempo livre. Ela ocupava boa parte desse tempo escrevendo neste caderno. Está quase sem espaço.

Morreu, mas Passa Bem - Série LawTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang