2x6 - Eu sou o pai.

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Como assim? Ele é o pai? Que certeza é essa? Eu nem sabia o que falar, estava apenas em choque, talvez no fundo eu saiba, talvez no fundo eu concorde com ele. Mas não sei como, usamos todas as proteções, pilulas, remédios, injeção, tudo que era necessário. A pergunta é como?!

- Do que você está falando? - Perguntei ainda um pouco em choque por tudo, um filho, isso é muito novo pra mim. 

- Lembra quando transamos sem e eu disse que no dia seguinte iria resolver? Bom, esquecemos disso. 

- Então tá dizendo que tem cem por cento de certeza que é seu? 

- A gente faz um teste se quiser, o que acha?

- Matthew, eu realmente tô passando mal te ligo depois.

Eu não aguentava mais esse assunto. Eu estava em choque. Eu tenho que mudar tudo, meus afazeres, minha alimentação, o que posso e o que não posso fazer, comer, beber, ingerir, eu ainda sou uma adolescente, eu não sei o que fazer. Eu não posso fazer esforço, correr, ou até mesmo tomar um remédio caso esse enjoo não passe, é tudo tão novo, eu preciso pensar nesse bebê pra tudo. E agora essa. Que droga. Que droga Matthew. Porque? A gente tava tão cego a ponto de esquecer algo tão importante? 

Além do mais, preciso marcar mil consultas no hospital. Ultrassom, preciso marcar ginecologista, exames e até mesmo preciso aprender como isso funciona, minha mãe até disse que hoje em dia tem aulas pra isso, você vai para as aulas e aprende como se comportar no parto, o que fazem, o que vão fazer, e até mesmo como cuidar do seu filho, como trocar fralda, como segurar, e eu preciso disso, eu sou péssima. Eu lembro que quando o Harry nasceu só tive contato com ele depois de um ano, eu lembro que ele era um bebê muito mole, só chorava, até hoje isso não mudou. 

Eu nem sei como escolher nome, nem sei como cuidar caso ele esteja com febre, com dor, ou como preparar aquele leite que se faz no forno, nem sei o nome daquilo. Eu preciso acordar pra vida, aceitar isso. Eu ainda penso em tirar, mas eu não sei como agir. Se eu tiro me torno um monstro, se eu tenho e não souber cuidar? Não dê tanto amor que ele precisa. 

Eu não dormia bem desde de tudo. Até mesmo antes disso tudo se tornar. Eu e o Rafael passávamos a noite em festas, e no outro dia eu aguentava tudo, trabalhando, e chegava em casa e lá estava eu de novo. E enquanto tentava dormir percebi que não tive tempo de dá sinal de vida pra ele. Eu realmente não consegui segurar o celular desde da noite que descobri tudo. Aproveitei o momento de paz, que o Harry tinha ido pra escola, então resolvi ligar pra ele. Conversamos, expliquei tudo e o mesmo se perguntou se era dele, na verdade até disse que ia viajar pra uma conferência de tatuagem. Talvez o Matthew tenha razão. Ele é um moleque, por mais que eu também seja, o Matthew me ensinou que isso é passageiro, preciso focar na minha vida, antes eu não tinha tanta preocupação, agora, tenho esse bebê pra criar e eu preciso de alguém que procura o mesmo que eu. Depois que desliguei tive a sensação que nunca mais falaria com ele, isso é triste, gostava dele. Mas é hora de agir como uma mulher adulta que eu sou, e fui obrigada a me tornar. Toda a história da minha família. O divórcio dos meus pais. Meu filho. Preciso resolver a casa que é da minha mãe, na qual meu pai está morando ainda. Preciso resolver a minha casa, tem um bebê pra sair de mim. Isso é demais. 

Enquanto pensava. Pensava. Pensava eu simplesmente peguei no sono. Eu dormi tanto, acho que tudo que estava precisando. Sonhei com uma coisa legal, não sou de sonhar mas esse sonho eu lembro. E foi ótimo. Acordei feliz. Sorrindo. Só queria ligar pro Matthew e contar do sonho. No sonho estávamos nós dois. Morando em sua cobertura, o bebê era um menino, e ele era lindo como o Matthew. Tinha os cabelos grandes, lisos, apesar de ser apenas um bebê. A cobertura tinha no mínimo três andar, o último tinha uma piscina, com hidromassagem ao lado, umas poltronas bem confortável e até mesmo um cercadinho. Tinha um coelho marrom comendo cenoura dentro do cercadinho. Matthew estava brincando com o bebê na sala enquanto eu cozinhava algo que nem lembro. Eramos uma família. O que foi ótimo. Eu preciso disso. Alguém como ele. Eu quero ele. 

Acordei pouco sorridente. Lembrando do sonho. Matthew me ligou, eu ia ligar pra ele, acho que nossa ligação ainda está viva. Sorri ao vê seu nome na tela do meu celular e atendi na hora. Ele queria saber como eu estava, se eu precisava de algo e eu neguei. Logo contei do sonho, o mesmo ficou sorridente, ele teve uma reação boa. Ele sabe que é o pai, e sim, teve uma reação boa. É ele. Tenho certeza. 

- Marquei uma consulta pra você amanhã, fazer um ultrassom, precisamos vê como o bebê tá. Essas coisas, você precisa de uma dieta também, fora que você precisa saber quais remédios deve tomar, o que faz bem, pois você tá grávida né, deve sentir coisas, não sei. - Ele parecia preocupado, e eu só consegui sorrir feito uma boba.

- Sim, você vem comigo? 

- Ir com você? É, eu não sabia que você ia me convidar, mas claro, claro, eu adoraria. - Ele sorriu.

Antes de desligar conversamos bastante. Parece que tudo voltou ao normal. Mas precisamos conversar. Vou aproveitar essa consulta de amanhã para conseguir conversar com ele. Preciso dizer o que sinto também. Antes que seja tarde demais. 

O resto do dia foi bem chato alias. Minha mãe saiu pra pizzaria com o Harry e uns amigos dele, e os pais dos amigos dele. Tudo normal, as vezes ela saí com eles. E eu fiquei em casa, revendo uma papelada do trabalho. Por conta do meu chefe ser o pai da criança isso me dá uns privilégios. O que é ótimo pois não consigo trabalhar nessa situação. Sempre fui bem mole pra isso, quando ficava doente eu nem da cama saía. Eu não gosto de me sentir mal, não gosto mesmo, e é só o que sinto, Enjoos, tontura, dor de cabeça. E agora que sei que não posso tomar remédios a doida, eu tenho que aguentar. O que é chato. 


NA MANHÃ SEGUINTE


A consulta era ás dez e meia. Matthew veio me buscar logo quando minha mãe saiu pra trabalhar. Era nove horas. Fomos até o starbucks e tomamos um café da manhã bem gostoso inclusive. Tomei um frappucino com um sanduíche com queijo que estava muito bom. Foi bom, fazia um tempo que não comia bem, agora tô comendo bem por conta da minha mãe. Mas antes, eu mal comia. Aproveitamos pra conversar, ali mesmo.

- Quero conversar com você. - Falei enquanto tomava um segundo copo de frappuccino. 

- Fale. - Ele sorriu e me olhou.

- Sobre o que você me disse, disse que me amava, eu simplesmente não tive oportunidade e também fugi um pouco disso, mas por medo. Você estava certo, Rafael é um moleque, não me merece eu procuro alguém melhor. E eu percebi que esse alguém é você. Você sabe, eu sempre gostei de você, não é segredo, mas percebi que te amo Matthew. Quero você do meu lado, quero seu apoio, quero seu carinho, seu afeto, eu quero você, quero nós. 

Ele sorriu e segurou minha mão. Seus olhos até brilhou, mas ele não falou nada. Ficou um tempo calado mas depois falou.

- Bom, você sabe o que eu sinto. Eu quero tudo isso com você, quero te assumir.

Sorrimos e ele me beijou. Ali mesmo. Na frente de todo mundo. O que foi ótimo, ta assim com ele em público. Mas logo nos levantamos e fomos até o carro. Já era quase hora da consulta. Ao chegar só tinha uma grávida de uns seis a sete meses na minha frente, o que era bom, odeio esperar.

Não demorou muito e eu fui chamada. Deitei numa maca e a doutora logo começou a falar algumas coisas, ela era legal. Colocou um gel na minha barriga e depois um negócio no qual eu conseguia vê pela tela do computador. Ela apontou um negócio bem pequeno no qual mal conseguia vê. É ele. Meu feto. Meu bebê. Nosso bebê. Matthew me olhou e beijou minha testa. Sorrindo igual um besta. 

- Nosso filho. - Sorri lhe olhando.

- Ou nossa filha. - Matthew sorriu.

Fuck Me, Daddy!!Onde histórias criam vida. Descubra agora