DÉCIMO PRIMEIRO

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" Você sabe como usar seus poderes de vampira, certo? " Caius perguntou, me olhando com desafio como se eu fosse uma criança perdida no parquinho.

" Sim. " Respirei fundo para tentar me concentrar nos meus poderes, porém não consegui. Para poder tornar meus poderes mais fortes eu tinha que ter tranquilidade e concentração, e isso é tudo que eu não tenho nesse momento.

" Fique a vontade para usar seus dons. Será magnífico lhe ver como realmente deveria ser. " Aro sugeriu, vendo que meu semblante não havia mudado, eu continuava completamente idêntica e dócil como humanos são.

" Sua platéia aguarda ansiosa. " Caius disse, ironicamente. Notei Jane do lado esquerdo dos três e Alec do direito. Atrás de Aro, Sulpicia se apoiava na sua cadeira, sentada no 'braço' da cadeira de Caius, Athenodora. Ao lado de Marcus, que era viúvo, Corin, sempre a proteger as esposas. Os demais estavam distribuídos ao longo da arquibancada, me olhando com curiosidade.
Acho que fiquei vermelha ao notar tantos olhos em mim. Mas aquilo não era nem de perto meu maior problema. Quando Heidi abriu a grade e chamou pelo nome uma mulher, eu respirei fundo para tentar tranquilizar-me. Mas assim que a mulher entrou acompanhada de uma menininha loira, minhas forças se extinguiram. A ideia de desistir veio forte como a imagem de Carlisle e de Esme a me proteger várias vezes quando pequena e como eles nunca me perdoariam por isto. Os olhos bondosos deles, eu não iria conseguir. Recuei um passo e olhei para Aro.

" Eis seu desafio, preciosa Renesmee. Quero vê-la tirar a vida dessas duas rapidamente e de maneira silenciosa. Quero agilidade e competência, sem grandes problemas." Aro ditou as regras e eu olhei para a cara de medo das duas. Ambas me olharam com os olhos cheios de lágrimas.
Heidi fechou o portão e as duas ficaram sós comigo na pequena arena. A mãe abraçou a filha e olhou para Aro. Lembrei-me do jeito que a minha mãe sempre me abraça quando vê os Volturi.

" Por favor! Não faça isso, por favor! Minha filha... minha filha não. Eu faço tudo o que você quiser mas poupe a minha filhinha !" A mulher implorou e minhas lágrimas teimavam para vir à tona. Uma onda de fúria e revolta me tomou. Não! Eu não podia fazer aquilo! Era contra tudo que meus pais e parentes me ensinaram. Meu avô Charlie, Renée, Carlisle, papai... Meu coração acelerou e ameaçou mais uma vez sair do peito, sem mais delongas resolvi desistir daquela loucura. Jacob, nós podemos viver sem filhos, podemos ser uma família de dois e você será obrigado a viver eternamente comigo. Jake me perdoe...

" Me prometa que não vai falhar..." a voz de Alec invadiu minha mente como se ele me desse um alerta. Percebo o seu olhar em mim na plateia e tento não o encarar por muito tempo. Eu provavelmente não voltaria para casa pelo seu tom preocupado, os Volturi não me deixariam ir assim tão fácil. Talvez Alec já soubesse o que aconteceria comigo se eu falhasse e eu acordei no meu pior pesadelo.
Pesadelo.
O plano de Aro veio a minha mente. Se eu falhasse Alec com o seu dom da paralisia provavelmente seria forçado a me fazer esquecer de tudo e continuar com eles contra a minha vontade, contra a minha consciência. Por isso Alec parecia tão preocupado, para que eu não falhasse.
Mordi meus lábios enquanto assimilava tudo rapidamente. Eu não falharia, por Jacob, por toda minha família, eu não falharia.
Meu coração disparou, minha mandíbula travou e senti meu sangue congelar. Minha visão, tato e olfato ficam mais fortes e tenho certeza que meus olhos deixam de ser castanhos para se transformar num dourado comum à minha família.
Todos tinham sorrisos confiantes.
Não haviam mais lágrimas para derramar, eu precisava ter êxito no meu desafio. A vampira em mim tomou o controle e dessa vez não posso resistir. As duas me olhavam amedrontadas, me aproximei com cautela, como alguém em que elas poderiam confiar. A mulher me encarava nervosa.

" Não vou machucar vocês... não vão sentir nada. Nada vai acontecer ok? Vou tirar vocês daqui. " A minha voz é confiável e sedutora como alguém que protege e não como quem mata.

" Por favor... nos tire daqui. " A mulher chorou para mim e abraçou mais forte a filha.  Eu lhe mostro minha mão para lhe tirar de lá. " Para onde vai nos levar?"  Ela recua.

" Vou te levar para fora daqui. Vou salvar você. " Eu falo e ela sorri ingenuamente confiando em mim.

Mostrei-lhe então o corredor, nós três começamos a andar por ele em direção à saída e vi a mulher sorrir tranquila. Enquanto a mente da pobre mulher sonhava com a liberdade, sua mão segurava a minha e eu começo a lhe transmitir bons pensamentos sobre como a vida dela seria feliz quando saísse dali. A minha boca vai em seu pescoço e com uma mordida certeira na sua veia jugular, despedaçando a sua pele e fazendo o seu sangue jorrar no chão, a mulher sucumbe à morte soltando apenas um fraco gemido. A menina largou o corpo inerte da mãe e me olhou com medo, começando a chorar fraquinho. A mãe estava em meus braços, seu sangue manchava o meu rosto. Sua vida foi esvaindo a cada pulsada que a veia jorrava mais sangue até que, em questão de segundos, seu coração não teve mais força.

" Mamãe? " A garotinha chamou, quando larguei o corpo inerte da sua mãe no chão.

" Agora você precisa encontrar a mamãe! " Digo após engolir o resto de sangue que havia ficado em minha boca quando a mordi. Olhei para a pequena menina de olhos azuis sentindo o meu coração se despedaçar por tudo que fiz com aquela mulher e o que terei que fazer com essa pobre criança.

" Não vou a lugar nenhum com você, você machucou a minha mamãe! " Ela disse, após sentar ao lado do corpo da mãe. Ela a chacoalhava e tentava lhe fazer acordar.

" Você vai sim! Você não quer encontrar sua mãe? " Perguntei e vi sua expressão triste ficar desconfiada. Sua mão limpou as lágrimas e ela me olhou com raiva.

" O que você fez com a minha mamãe? Você a machucou, ajude-a! " Ela grita parecendo brava por ver a sua mãe imóvel e estática.

" Diga adeus a sua mamãe, ok? " As palavras saem com ódio, e em um movimento rápido, segurei a mão da menina e lhe mostrei sua mãe feliz em um lugar bonito. Lágrimas escorrem pelo meu rosto ao imaginar a minha mãe naquele lugar, ao pensar que essas duas poderiam ser nós e que talvez em um mundo paralelo isso acontecesse.

" Mamãe! " Ela sussurra parecendo feliz.

Foi a última coisa que ela disse. Com habilidade, segurei seu rosto e usando de pouca força quebrei com facilidade seu frágil pescoço. Ao fim, os dois corpos ficaram caídos um ao lado do outro. Voltei para a arena e olhei para a minha plateia com sangue em minhas mãos. Apenas quatro minutos haviam se passado, minutos esses que para mim foram um século. Aro foi o primeiro a aplaudir. Logo todos o imitaram e me curvei com um enorme sorriso no rosto. Na frente deles eu deveria parecer satisfeita com tudo àquilo, mas minha sanidade ainda estava ali, e ela estava repudiando cada ato meu e me dizendo que mais tarde eu sentiria muita culpa.

" Parabéns! Bem vinda definitivamente à guarda de Volterra! És uma ótima predadora e tens um dom excelente, muito nos servirá! " Aro diz eufórico e o ego da vampira estava satisfeito.

" Será um imenso prazer servi-los. " Me  atrevo a falar. Parece que a solução dos meus problemas estava saindo muito cara e difícil demais, mais do que eu imaginara. Implicava mais coisas do que havia pensado em todo esse tempo e me dava nos nervos.

" Deves treinar para ser mais rápida. Demetri, Alec. " Caius chamou parecendo insatisfeito.

" Sim." Os dois se deslocaram dos seus lugares e vieram para o meu lado.

" Ficarão aqui com nossa mais nova guarda para treiná-la. Amanhã Heidi e ela sairão a caça. Estamos famintos por seus serviços!" Marcus sorriu.

" Fui péssima não foi? " Indaguei, minha voz como sempre, mais melódica do que de costume e mostrando mais emoções do que deveria.

" Realmente o seu desempenho não foi dos melhores. Suas vítimas já sabiam que iriam morrer, então você não deveria ter dito mais nada, apenas as aniquilado. Mas já houveram piores. " Demetri disse, esfregando as mãos.

" Vamos ao treino!" Demetri disse empolgado e meu corpo estava tão entusiasmado quanto ele. Os Volturi sempre foram sanguinários e durante toda a sua existência sempre lutaram por desgraças, poderes, banho de sangue e mortes e tudo isso estava sendo proporcionado por minha extrema burrice de achar que meu pior erro seria a melhor solução para a vida e para os problemas de todos.

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-  𝐑 𝐄 𝐍 𝐀 𝐒 𝐂 𝐄 𝐑  -  A  SAGA CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora