Capítulo 6.

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Dayane P.O.V.

Eram quatro da manhã e eu me mexia na cama sem parar. Não havia conseguido sequer fechar os meus olhos depois de ter ouvido o que ouvi. Não conseguia encostar no corpo de Sarah, que dormia ao lado do meu. Cansei de tentar, e resolvi me levantar. Caminhei até a sacada, aonde fiquei andando, de um lado pro outro.

— Eu só queria ter uma pista sobre o que tá acontecendo.

Murmurei sozinha, enquanto caminhava desorientada, sem saber o que fazer. Havia algo de estranho. Muito estranho. Eu queria descobrir, mas não sabia como.

Caminhei até a cama e peguei o celular da Sarah. Tentei desbloquear, mas não consegui. Tentei usar seu polegar pra desbloquear o mesmo, mas ela se remexia toda vez que eu tentava, e eu temia que ela acordasse. Merda!

Eu queria acordar ela e perguntar que merda era aquela. Queria que ela me explicasse tudo. Infelizmente, não era fácil assim. Ela poderia mentir. E eu queria saber toda a verdade.

Decidi fazer algo muito improvável; ir até o hotel de Caroline. Eu sabia que as probabilidades dela aceitar falar comigo, naquela hora, eram quase nulas. Mesmo assim, decidi tentar.

Rapidamente me troquei e coloquei uma roupa de frio, já que chovia. Chamei um uber e sai de casa sem avisar Sarah nem nada. Ela perguntaria aonde eu estava indo; e eu não queria que ela soubesse.

Enquanto estava no veículo, tentei ligar pra Caroline inúmeras vezes. Estava quase desistindo, quando na sétima tentativa, ouvi sua voz do outro lado da linha.

— Alô? – Ela perguntou, com sono.

— Oi.

— Dayane?

— É. Caroline, eu preciso conversar contigo. Não é uma pergunta. Estou passando aí. – Meu tom de voz era rude, pra que ela percebesse que eu realmente não estava brincando.

— Day. Não faz isso, pelo amor de Deus. – Ela parecia meio desesperada, fazendo minhas teorias fazerem cada vez mais sentido.

— Carol, para. Tá me ouvindo? Para. Eu tô chegando.

— Day, não podemos! Ninguém pode me ver contigo.

— Quem vai me ver contigo, Caroline? Não são nem cinco da manhã.

— Day... olha. Me encontra no McCafé,
ok? Aquele vinte e quatro horas, perto do hotel.

— Tá. Te vejo lá em dez minutos.

Mudei o destino do meu uber, e fiquei inquieta até que chegasse. Pedi dois cafés, um expresso pra mim e um puro, sem açúcar, pra ela. Ela não podia ter mudado tanto a ponto de mudar a forma como gosta de seu café.

[...]

Estava pegando os pedidos quando ela se aproximou por trás.

— Oi.

— Oi. Vamos lá pra cima. – Ela pediu, olhando em volta. Parecia que temia que fôssemos vistas. Era tudo tão estranho.

Portanto não contestei, subi e me sentei na mesa que ela escolheu; uma das mais afastadas, por mais que o lugar estivesse vazio.

— Carol, fala o que tá acontecendo. Agora. – Falei, entregando seu copo, enquanto me arrumava na cadeira.

— Como assim? Você que me acordou às quatro e meia da manhã, do nada.

— Por que você age como se estivesse se escondendo de alguém? Carol, me fala o que tá acontecendo. – Repeti, pegando em sua mão e olhando em seus olhos. Ela desviou o olhar, puxando o braço.

— Seria meio estranho, né? Você namora, eu também. Ninguém quer ver a namorada com a ex no meio da madrugada.

— Para de mentir, Carol! Eu sei que você tá mentindo. Meu Deus.

Minha voz soava desesperada, eu estava no meu limite. Juntei as minhas mãos frente ao rosto, começando a chorar.

— Ei, não fica assim também. – Ela falou, tocando meu braço.

— Como não? Eu sinto como se todo mundo estivesse mentindo pra mim, o tempo inteiro. Como se tudo fosse uma maldita farsa.

— Por que você sente isso? – Ela perguntou.

— Se isso é loucura minha, olha nos meus olhos e diz que não mentiu pra mim desde que voltou. Vai, faz. – Pedi, olhando em seus olhos. Ela vacilou com o olhar. — Viu?

— Day... não faz isso contigo.

— Não faz você! Eu tô tentando resolver. – Falei negando com a cabeça e pegando de novo na sua mão. — Fica mais difícil sozinha. A gente tá sozinha aqui, Carol. Você pode me falar o que tá acontecendo. Eu... eu só preciso saber.

— Me ajuda. – Ela murmurou, baixinho. O tom de sua voz era de agonia.

— Que? Como assim?

— Eu tenho medo, Day. Eu não posso contar. Me ajuda.

Ela pediu novamente, e eu tive a certeza. Tinha algo muito errado acontecendo.

Perdoar • DayrolWhere stories live. Discover now