Capítulo 8.

603 62 22
                                    

Minhas mãos começaram a suar e meu corpo tremeu. Era como se de repente, tudo fizesse sentido em minha cabeça e tudo se encaixasse de alguma forma. Mas logo, percebi: Eu só tinha uma ou duas peças de um quebra-cabeça inteiro.
Agora, definitivamente, sabia que Sarah não era quem eu imaginava ser; ela escondia algo, algo muito grande. Eu nem mesmo podia imaginar a proporção do que ela tinha feito.
Minha cabeça tentava conectar os fatos de alguma forma; era falho. Como é que Sarah estava, de alguma forma, relacionada ao sumiço de Caroline, sendo que, quando tudo aconteceu, eu nem mesmo a conhecia?
As peças não se encaixavam e eu não conseguia nem mesmo encaixar as informações que tinha até o momento; que notei, apesar de serem muitas, eram vagas e desconexas. Ou a agonia me fazia não enxergar o que estava bem à frente de meus olhos.
Fechei o computador de Sarah e peguei as minhas coisas, pedindo um carro. Precisava sair dali o mais rápido possível. Não conseguia lidar com o fato de que chegaria em casa e Sarah estaria dormindo em minha cama. Não fazia noção de como iria agir. E o pior de tudo: tinha pouquíssimos minutos para decidir isso.
Quando desci, o porteiro estava acordado, mexendo em algo no computador. Tentei fazer o máximo de silêncio possível, mas foi em vão.

— Bom dia. — o senhor murmurou. Não tinha nem pra onde correr.

— Bom dia. — respondi baixo, já que não tinha o que fazer.

Sai do prédio e adentrei meu carro. Tudo que me restava era torcer para que o senhor aleatoriamente não comentasse com a minha suposta namorada — eu nunca havia aceitado nenhum pedido, mas de repente todo mundo me tratava dessa forma — que eu estava no seu prédio em uma manhã qualquer, sem a sua presença.

Após um tempo, cheguei em meu apartamento. Adentrei o mesmo da maneira mais silenciosa possível, e, ao entrar em meu quarto, suspirei em alívio ao perceber o corpo adormecido de Sarah sobre minha cama. Caminhei lentamente até a sua bolsa, depositando a chave no mesmo lugar que eu havia retirado anteriormente. Suspirei ao olhar seu corpo sobre a cama. Um misto de sensações tomando conta de mim; tristeza, frustração, dúvida... Medo.

Precisava falar com Carol. Mas agora que eu sabia tudo, ou melhor... Agora que eu tinha algumas pistas sobre o que estava acontecendo, eu precisava agir da maneira mais cautelosa possível. Não podia simplesmente aparecer ou ligar. Eu não sabia em que nível as coisas estavam; e não podia simplesmente arriscar. Eu realmente não fazia ideia de quem estava ali, deitada na minha cama e do que aquela mulher era capaz. Eu não queria colocar Caroline em risco. Eu precisava saber o que estava acontecendo.

Precisava resolver aquilo.

Por isso, tomei uma decisão que, pra mim, pareceu inteligente. Acessando o site de hotéis, rapidamente procurei pelo hotel aonde Caroline estava hospedada. Em poucos cliques, consegui fazer uma reserva para aquela noite. Forçando um pouco a minha mente, consegui me recordar que ela estava hospedada no décimo quarto andar. Mandei uma mensagem no chat que conseguia abrir com o atendimento, referente à reserva.

"Olá, gostaria de saber se tem algum quarto disponível no 14 andar, se sim, eu tenho preferência por uma reserva lá."

Mandei a mensagem e mordi minhas unhas ansiosa enquanto encarava o chat, meus pensamentos à mil. Como eu explicaria pra Sarah que passaria uma noite fora, já que agora, aparentemente, ela investigava todos os meus passos e eu não podia simplesmente, sumir? Ela desconfiaria, e eu definitivamente não podia nem considerar que ela desconfiasse de um plano meu no momento.

Foi por isso que tive uma ideia. Louca, mas podia dar certo. Peguei meu telefone, abrindo o chat da minha mãe.

"oi mãe, tudo bem? eu tô bem, preciso de um favorzão seu. bom, basicamente eu preciso de um tempo sozinha. eu tô cansada de ter alguém em volta o tempo todo, e a sarah não me deixa sozinha um minuto sequer. tem sido um pouco sufocante.. não se preocupe, eu tô bem e não quero fazer nada ruim. só preciso que ela me de um espaço, por isso q preciso de um favor seu. depois eu vou te explicar melhor e vc vai entender, mas por favor confia em mim e faz o que eu tô pedindo. liga pra sarah e inventa que vc tá precisando de mim por algum motivo. fala que não conseguiu falar cmg no meu telefone. daí eu finjo q vou pra goiânia e vc confirma, tá? mãe, depois eu juro que te conto tudo. mas por favor faz isso ainda hoje. eu te amo muito, e espero que confie em mim. conto com vc mamãe"

Mandei a mensagem. Por segurança, apaguei a conversa. Guardei meu celular e fui para o banho, tentar espairecer um pouco. Após alguns minutos, ouvi batidas na porta.

— Entra. — murmurei.

— Amor, eu tenho uma notícia meio ruim... — sua voz era receosa. Desliguei o chuveiro e abri o box, encarando ela.

— Que foi, Sarah?

— Eu.. não sei como dizer. — ela olhou pra baixo. Eu imaginei o que era. Suspirei profundo.

— O que houve? — da melhor forma que pude, fingi preocupação. Me enrolei na toalha, a encarando.

— Day, sua mãe acabou de ligar e... — Ela mexeu com as suas mãos.

— Fala, por favor!

— Seu tio faleceu... ela tá muito mal. Amor, eu sinto muito.

— Não acredito. — fingi choque. Obrigada, mãe.

— Amor, eu sinto muito...

— Sarah, eu preciso falar com ela. — sai do banheiro, indo rapidamente vestir uma roupa. — Preciso ir pra Goiânia. Ela era muito apegada no meu tio. — murmurei, fingindo estar abalada com a notícia enquanto vestia rapidamente a roupa.

— Eu vou junto contigo. — Sarah se prontificou quase que de imediato.

Perdoar • DayrolWhere stories live. Discover now