Doce Tortura

9- Confraternização

O resto da semana passou voando. Kate conseguiu uma secretária, seu nome é Rebecca Ryans e ela irá começar na segunda. Hoje é sábado, o dia da confraternização da MLCD.

Eu e Kate passamos toda a tarde no shopping. Arrumamos cabelo e unhas, colocamos a depilação e o bronze em dia e agora, às 17h, estamos em casa se arrumando para o jantar que será às 19.

Nós duas optamos por vestir algo na cor preta. Sério, sou apaixonada por essa cor. Nada, absolutamente nada que tenha essa cor é feio, isso somado ao fato de que tinhamos que arrasar na nossa primeira aparição para nossos funcionários. Não sou muito ligada a questões financeiras, não escolho ninguém por nada menos que a sua própria capacidade.

Cresci com o dinheiro da mamãe mas nunca deixei de lutar pela minha independência, mesmo quando estudava, estava trabalhando como secretária numa empresa de vendas. Acredito que quem julga alguém pelo que tem e não pelo que é, não merece um pingo do meu respeito.

Enfim, estávamos esplêndidas. Kate com seu vestido preto justo e rendado e o cabelo solto todo jogado para trás. Ousava num batom vermelho e saltos. Kate é uma morena maravilhosa, cortou o cabelo recentemente na altura dos ombros numa tentativa falha de parecer mais velha, porém continua com aparência de menina.

Eu abusei mais um pouco, fale o que quiser de mim, mas nunca que tenho vergonha de ser quem sou. Uso o que quero, falo o que quero, mantendo o respeito é claro, mas nunca, sob hipótese alguma, serei algo que querem que eu seja. Tomo minhas próprias decisões e arco com as consequências delas. Por isso, hoje eu ousei na escolha do vestido, ele é longo, com um decote fundo e uma fenda na altura das cochas. A maquiagem deixei numa tonalidade básica, cabelo solto e salto alto, assim como Kate. Não éramos exatamente baixas, estávamos em meio aquelas meninas de 1,71m, mas perto das pessoas que no cercavam, como Dominic, Tyler e Jonas, éramos pequenas.

Eu sabia que chamaríamos atenção, mas é assim que quero que nos vejam, como duas mulheres destemidas e independentes. Não cheguei até aqui somente por ser filha de uma empresária rica, eu lutei, eu trabalhei e joguei duro. Kate ainda mais, vinda de família classe média, lutou cada dia que passou para realizar seus sonhos. Nos conhecemos no ensino médio e não desgrudamos desde então. Olho para minha amiga que dá o último retoque em seu batom, ela é tudo que tenho e ainda assim é meu maior orgulho.

- Vamos princesa, temos uma confraternização para arrasar.- Kate me olha com um sorriso longo.

- Ai Lis, você está tão linda, parece uma rainha.

- E você não fica para trás amiga! Vamos logo, Jonas vai ter um treco lá na portaria se não descermos.- rimos ao imaginar a cena.

- Aquele homem tem que se divertir, eu hein. Vamos!

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A noite está um saco!
Sinceramente, depois de todos os responsáveis fazer seus discursos fomos jantar e agora estava tocando algo para as pessoas se divertirem. Eu estava tomando meu 5° ou 6° copo de champanhe numa pequena varanda do local onde ocorria a grande confraternização.

Não é que eu não saiba me divertir, muito pelo contrário, eu sabia e muito. É que aqui, na verdade, é considerado meu local de trabalho, o qual eu deveria me manter rígida e firme. Kate estava dançando loucamente com algumas meninas, admiro o quanto ela é animada.

Tyler flertava com maioria das moças presentes, na verdade eu acho que esse é o modo que ele usa para se aproximar das pessoas do sexo feminino. Jonas tinha ido embora logo após o jantar, ele iria pegar férias durante os próximos dois meses, merecia depois de tanto esforço na fusão. E Dominic, não faço idéia de onde esteja, a última vez que o vi foi na mesa de jantar.

- Pelo jeito não sou só eu que não estou me divertindo aqui.

- Mas que... Não me assuste assim Dominic, quer me matar?

- Não queria assustá-la. E então, a festa não te anima?

- Não posso me dar ao luxo de curtir, aqui ainda é a MLCD, eles tem que me ver como sua chefe. Assim como a você, o que faz aqui? Entediado?

- Na verdade sim. Nada nessa "festa" me anima. Quer dizer, ver o Tyler flertar com todo mundo me faz rir, ele é patético.

- Na verdade ele é esperto, sabe que é gato e quer passar seu charme para todas- sorrio- Ele sabe que não pode se relacionar com nenhuma delas não é?

- Nós deixamos claro na nossa fala. Você acha o Tyler gato?- foi nisso que ele focou, qual o problema dele?

- Sim, acho. Ele tem seu charme.

- Lisa, quanto disso você já bebeu?

- Bem, só aqui na varanda umas 5 ou 6 taças. Mas estou bem, não falei isso pela bebida.- sorrio fingindo timidez.

- Não, você não está! Está descontraída, e isso não é seu normal.

Me aproximo dele falando baixo.

- Na verdade é sim, Sr. Ranzinza, só não é o meu normal dentro da empresa.

Dominic não se move, franze o cenho como se estranhasse minha aproximação. Na verdade, nem eu sei porque falei tão próximo dele.

- Acho que está na hora de você ir, vem, eu te levo.- ele tenta segurar minha mão e eu a puxo rapidamente.

- Quem você acha que é para me mandar ir embora? Eu estou muito bem aqui com minha varanda.- digo virando as costas pra ele, mas logo sinto seu corpo se aproximar de mim por trás. Posso jurar que ele estava cheirando meu cabelo.

- Morena, morena... Ou você vem comigo por bem ou te jogo no ombro e te levo. E você não quer que seus funcionários vejam essa cena não e Srta, Lins?- diz baixo e rouco de modo que arrepia todos os pelos do meu corpo.

- Você não ousaria, seu maldito.

- Bom, já que você insiste- diz se preparando para me pegar.

- Para, saia de perto de mim seu ridículo! Eu já estava indo embora mesmo.- vejo-o sorrir vitorioso. Ah Dominic, você não sabe com quem está lidando, irei fazê-lo implorar.