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"Essas feridas não vão cicatrizar
Essa dor é muito real
Há muita coisa que o tempo não pode apagar

• My Immortal, Amy Lee"

~Lisa

- De jeito nenhum!

Ele bufa. Eu reviro os olhos.

- Não sei porque você nem se dispõe a pensar no assunto.

- Eu não vou me mudar para sua casa Dominic. Já tem sido um grande avanço eu trazer algumas coisas. Ainda temos vidas independentes, se lembra?

- Não, não me lembro. O que sei é que quando não estamos juntos aqui, ou na sua casa, estamos juntos na empresa. Isso ocupa basicamente 90% do dia, então praticamente já estamos vivendo juntos, não vejo porque esse surto.

- E é exatamente por isso que não podemos morar juntos. - ele passa às mãos no cabelo, contrariado- Olha, eu amo você, mas precisamos de espaço as vezes ou vamos acabar matando um ao outro.

- O que foi que você disse?- ele se volta pra mim novamente com os olhos assustados.

- Que precisamos de espaço?- questiono confusa com a situação.

- Não, antes disso.- ele se aproxima- repita o que você disse para que eu não ache que estou ouvindo coisas.

Reflito um pouco sobre minha frase anterior. Oh porra, eu falei. Eu realmente disse isso. Me sinto envergonhada agora. Não que ele não tenha dito anteriormente, ele fez questão de deixar isso claro quando estivemos em uma entrevista algumas semanas atrás.

Na época eu não estava preparada para falar sobre isso e ele só falou aquela vez, a qual na verdade foi mais para as câmeras do que para mim.

"Eu amo a Lisa, e oficializei nosso namoro no dia do aniversário dela. Então sim, estamos realmente juntos, não é abelhinha?"

Não posso considerar isso como uma declaração de amor, mas posso dizer que não fui a única a falar sem perceber. Analiso o rosto ansioso do meu namorado. Ele quer ouvir isso tanto quanto eu queria ouvi-lo, então que se foda, eu vou dizer primeiro mesmo.

- Eu amo você.- repito com o tom suave e lento.

Vejo os olhos cor de gelo dele brilhar numa intensidade incrível. O sorriso largo e sincero. Nos últimos meses tenho visto tanto desses sorrisos e ainda assim não me acostumo com a corrente que passa pelo meu corpo a cada vez que ele sorri assim. Ele se aproxima de mim e coloca as mãos ao redor de minhas bochechas.

- Há alguns meses atrás você perguntou a um certo babaca se você era uma pessoa amável. A resposta não foi tão sincera. Ele realmente acreditava que você poderia ser amada, mas nunca pensou que seria ele o sortudo que te amaria. Eu sou completamente apaixonado por você meu anjo e você só precisou me dizer um não para tornar isso possível.

Senti meu peito literalmente se encher de amor. É loucura não? Duas pessoas que já sofreram tanto conseguirem se gostar assim? Eu não sei como e nem porque isso aconteceu, mas aqui estava eu, frente a frente com tudo que eu era contra e mesmo assim estou incrivelmente feliz. Finalmente né carma?!

- Se está dizendo isso para me convencer a vir morar com você, já vou adiantando que não vai dar certo.- brinco tentando amenizar todo o peso daquele momento que apesar de lindo era muito nervoso. Dom ri e meu beija.

- Valeu a pena tentar.- ele brinca de volta.

- Vamos, temos apenas duas semanas antes do final de ano. Temos muito trabalho a fazer.

Saímos da casa dele juntos e por mais estranho que pareça, isso não me incomodou.

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Fazem duas horas que Dominic saiu daqui e não deu notícias. Charlie ligou e pediu sua ajuda com Tyler que estava bêbado em algum bar local. Eu me pergunto o que tem acontecido com o Tyler no último mês.

Ele tem estado mais chapado do que consciente e isso não era de seu feitio. Ele curtia bastante, mas ir alterado para a MLCD nunca tinha acontecido. Ele e Kate já não se falavam tanto, somente o necessário para cumprir seus deveres profissionais e embora Kate não demonstrasse, ela também já estava preocupada com a situação do parceiro.

Eu estava pra arrancar os cabelos sem notícias de nenhum dos dois. Kate está no banho faz alguns minutos e eu não sei de jeito nenhum o que fazer para matar essa impotência que sinto agora.

Me levanto e vou em busca do meu celular. Vou ligar, não aguento essa ansiedade e essas mãos frias. Preciso saber onde estão e o que está acontecendo.

Acho meu celular largado no sofá da sala e quando estou digitando o número do loiro, minha campainha toca. Ele prometeu voltar assim que resolvesse. Olho no relógio, são 21 horas da noite, certeza que é ele.

- Finalmente porra. Eu estava louca do juízo já.

Quando abro a porta sinto uma nuvem negra emergir da pessoa que estava parada em minha frente.  Puta que pariu. O sorriso, o corte de cabelo que não mudou há anos. Vestido em um terno amarrotado com os botões do blazer aberto.

- Não vai me convidar pra entrar Lizzie?

Meu coração se aperta com aquele apelido. Anos atrás era tudo que eu amava ouvir e hoje eu me perguntava porque diabos ele estava aqui.

- David? O que porra você está fazendo aqui?

Doce TorturaWhere stories live. Discover now