Noite Sangrenta

Piloto

Rafael foi o primeiro a chegar. Animado e extrovertido, cumprimentou sorridente o porteiro da Universidade e dirigiu rumo ao estacionamento, onde era o ponto de encontro para a viagem. Saiu de seu veículo e esticou os braços para o ar, espreguiçando-se enquanto os olhos se direcionavam para o céu claro daquele início de tarde. O rapaz vestia um conjunto de camisa e shorts camuflados, e nos pés um par de botas de cano curto. Encostou-se no capô de seu carro e cruzou os braços, aguardando a chegada dos outros. Ele não esperou mais do que cinco minutos para avistar o carro de Pedro estacionando há alguns metros de onde ele estava.

— Feliz aniversário, gatão! — Pedro gritou pela janela do carro.

Enquanto Pedro saía do veiculo e ia até ele em passos animados, Rafa admirou toda a beleza de seu companheiro, que optou por usar um jeans e camiseta lisa — um visual básico e confortável. Os dois se cumprimentaram com um beijo apaixonado, e então Rafael afastou lentamente o rosto do amado, respirando ofegante. Naquele instante, um par de vultos chamou a atenção dos dois ao mesmo tempo.

— Alice, você veio mesmo! — Rafael ergueu os dois braços animado — Amanda, querida! — Um sorriso largo preencheu todo seu rosto.

Primeiro deu um abraço apertado em Amanda, depois em Alice. A mais velha usava um traje esportivo e justo ao corpo, mostrando bem suas curvas, enquanto sua irmã caçula usava shorts jeans e uma camisa de botão florida, e as duas carregavam cada uma sua mochila. Pedro olhou tímido para as duas irmãs, e se conteve em apenas acenar com a cabeça para elas, recebendo um revirar de olhos de Amanda como resposta. Rafael percebeu isso, e torceu os lábios sem jeito, pensando em algo para quebrar o clima que pairou sobre eles, mas seu celular vibrou no mesmo instante.

— É o Eric... — Ele falou, enquanto lia a mensagem recebida — Ele tá precisando de ajuda pra trazer as bebidas...

— Eu vou lá. — Amanda prontamente respondeu.

— Não. Eu vou, vai ajeitando as suas coisas no carro do Pedro... — Rafael não deu tempo para Amanda contra-argumentar, e saiu em disparada para a saída do estacionamento.

— Vocês estão bem, meninas? — Pedro forçou um sorriso.

— Sim. — Amanda respondeu seca — Onde a gente põe as mochilas?

— No porta-malas, vem... — Ele se virou e caminhou rumo ao veículo, e as duas seguiram os passos do rapaz.

Mochilas no lugar, Alice olhou ao redor, e, timidamente, colocou as mãos sobre a barriga. Amanda de virou para a irmã com dúvida em seu rosto, e Alice soltou um sorriso tímido para ela.

— Eu acho que vou comprar uns pães de queijo pra gente ir comendo no caminho...

E a mais nova saiu às pressas, fugindo do clima tenso criado por Amanda e Pedro. Por mais que ela amasse a irmã, ela gostava do rapaz também, e se sentia muito mal em ver que os dois ainda não haviam superado o término entre eles, então inventou a primeira coisa que lhe veio em mente para deixá-los à sós, afinal eles passariam um final de semana inteiro juntos. Amanda percebeu a intenção de Alice, e o silêncio pairou no ar até que o rapaz não aguentou mais o olhar fuzilante dela sobre ele.

— Bem, eu acho que a gente devia pelo menos não incomodar todo mundo com esse desacerto...

— Tá. Beleza. — Amanda respirou fundo, encostando as mãos no carro e abaixando a cabeça — Eu sei que foi eu quem quis o término, e eu sei que você não tem culpa de nada do que tá acontecendo... Mas...