Segundo capítulo

113 12 108
                                    

Danielle respirou fundo, e Eric olhava para ela com um sorriso maroto em seu rosto. Por um lado, a loira temia pelo tempo longe do acampamento e por suas consequências em relação à Amanda, mas a excitação e a curiosidade era maior em seu peito. Tomada pela inconsequência ligada a estes sentimentos, correspondeu o sorriso de Eric com um aceno de cabeça.

— Você é a melhor! — Eric puxou a loira para mais perto de si e a beijou.

— Tá! Mas vamos logo... Liga a lanterna do seu celular, o meu ficou na mochila. — Ela falou rindo entre os beijos.

— Tem medinho do escuro, gata? — Eric debochou, mas obedeceu à solicitação da loira.

Com o flash claro iluminando o caminho, ele seguiu com cautela para o interior da gruta, Danielle observou Eric com o coração acelerado, e imitou os passos do rapaz. Um corredor de paredes rochosas seguia em curvas até uma área ampla onde uma fenda no teto dava espaço para o pouco que restava da iluminação externa. Dali era possível ver vários caixotes de madeira encostados ao fundo daquele lugar, e Eric seguiu direto até eles, com a sua companheira indo logo atrás de braços cruzados e a cabeça inclinada para o lado, numa tentativa fracassada de ver o que havia dentro dos caixotes fechados.

— O que será que tem ali? — Disse, receosa.

— Eu não sei. — Eric apontou para as inscrições nos caixotes — Mas o que quer que seja, é altamente inflamável.

— Bombas?

— Bem... É claro que eles deixariam um monte de bombas escondidas por aqui mesmo! — Eric riu — Quem sabe, né?

O tom debochado e despreocupado dele incomodava Danielle. Um calafrio percorreu por sua nuca, descendo pelas costas, e ela não entendia o porquê, mas uma vontade imensa de chorar subia lentamente e se entalava em sua garganta.

— Não quero ficar mais aqui. — Ela falou, recuando um passo.

— Ah! Qual é, gata? — Eric levou a mão para entre suas pernas — Eu ainda tô na vontade...

— Vai você e sua mão. — Outro passo. Um pouco mais pra esquerda, onde um buraco estava à menos de dois metros dela — Quero voltar, Eric!

— Não quer nem olhar o que tem dentro? — Ele fez um biquinho, como uma criança mimada.

— Eu não tô brincando! — A vontade de chorar de Danielle já fazia com que seu rosto ficasse avermelhado — A caixa diz que é perigoso. — E mais um passo.

— Tá bom. — Eric bufou. — Vamos voltar então. Depois a gente resolve.

— Obrigada.

Danielle se virou, mas segurou o passo no instante em que viu o buraco que havia ali. Com um grito abafado pelas suas mãos frias, a loira voltou dois passos com olhos arregalados e o peito palpitando. Eric correu em direção a ela e a segurou pela cintura, avistando o buraco também.

— Caralho! — Ele soltou uma gargalhada — Quase que você vai pra vala!

— Porra, Eric!

Danielle deu-lhe um tapa em seu ombro num movimento automático, o rosto já vermelho pelo misto entre o pânico e a raiva. Ela ja se arrependia de ter ido em busca do rapaz, e tudo o que sentia era a vontade de voltar para o acampamento e fingir que nada aconteceu. Ao virar-se novamente para a saída, Danielle paralisou e engoliu em seco. Os seus olhos cruzaram com os de uma pequena garotinha parada ali, segurando a camisa de Eric como uma criança que segura um cobertor. A menina não devia ter mais do que cinco anos, o cabelo castanho estava preso para os lados, e as bochechas rosadas davam um toque especial para aquele rosto angelical, no qual um sorriso se estendia de um lado ao outro - apesar dos olhos não sorrirem. Eric também viu a menina, e sua camisa na mão pequena da garotinha lhe deu um estranho calafrio que lhe subiu a espinha.

Noite Sangrenta Onde as histórias ganham vida. Descobre agora