Capítulo 11

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Valentina

   Fecho os olhos pela segunda vez antes de sentir os seus lábios nos meus e só aí, percebo que não é um sonho, ao sentir as carícias de seus dedos, tocando a minha pele. Um suspiro escapa da minha boca, mas ao abrir novamente os olhos, Apolo e eu, estamos sozinhos e parecemos muito felizes juntos...

— Não! Não! — Digo, em voz alta acordando assustada.

   Minha respiração está arfa e descontrolada. Meu peito sobe e desce e passo as mãos pelos cabelos, tentando entender o que aconteceu, mas percebo, que foi um sonho. 

   Corro os olhos para todos os lados e através de uma janela do depósito abandonado, vejo que já é dia. A noite passou tão rápida, que mal consegui dormir e pra piorar, sonhei com Apolo. Como se tudo fosse verdade, mas ainda bem, que é o contrário.

   Ele jamais, terá o meu amor. — Penso, em silêncio me levantando do chão frio e empoeirado.

   Escolhi o segundo andar do depósito abandonado para ficar essa noite. Mesmo que seja perigoso demais, dormir a rua, seria a forma mais fácil de ser encontrada por Apolo e isso, é o que eu menos desejo que aconteça.

   Sigo a mesma direção que fiz até chegar no segundo, para a saída do lugar abandonado e desço as escadas apressadamente. Tusso por uma, duas vezes e lembro que sou alérgica a poeira, mas não posso ficar aqui. Eu poderia ficar doente mais rápido. E tenho certeza, que Apolo, deve ser bem conhecido em Palermo. Qualquer posto de saúde, as pessoas poderiam me reconhecer e ele me acharia facilmente, mas de Apolo, quero distância.

   Vago pelas ruas de Palermo em passos apressados e vejo que a cidade é maravilhosamente encantadora. Desde que cheguei aqui para me tornar esposa de Ícaro, a minha mente estava apenas em meu casamento e meu futuro marido, que mal prestei atenção na cidade. Mas aconteceu o que eu menos esperava. Ser esposa de um outro homem, pagando a dívida que o meu próprio pai, me deu como forma de pagamento e isso que ele fez, não tem perdão.

   Logo mais a frente, um senhor feirante, divulga a sua melhor seleção de frutas exóticas da Itália e algumas pessoas se juntam, fazendo um círculo em volta. Na mesma direção da calçada, vinha uma florista em alta velocidade em sua bicicleta, que ao ver as pessoas na frente, não conseguiu frear antes, atropelando todas elas, que estivessem em seu caminho.

   Um acidente não proposital, fez com que atraíssem mais pessoas ao local e eu não podia chamar atenção. Dei de ombros na mesma hora que um aglomerado de pessoas se aproximava, quando me deparo com ele a minha frente, feito um urso enorme, barrando a minha passagem de tão grande que ele é.

   Apolo me fuzila com os olhos, como se na mesma hora, quisesse me matar. Engulo em seco e recuo para trás na tentativa de sair correndo. Mesmo sentindo os meus cabelos dançarem pelo vento forte, ao dar de ombros, é em vão. Apolo agarra meu braço e me puxa de volta para ele e novamente, encontro os seus olhos que estão tão firmes nos meus, que não há nada a sua volta que chame sua atenção, a não ser me repreender cada vez mais.

   As suas garras me machucam mais ainda e tento me debater contra ele, mas Apolo aperta o meu braço e arrasta pela rua, até chegarmos no carro.

— Apolo, não! Me solta! Você está me machucando! — Resmungo, sentindo dor e franzo o cenho bufando de raiva.

   Ele me joga a sua frente e me encara mais uma vez, como se soltasse fogo pelas narinas me intimidando, como sempre fez, sem tirar sua mão de mim e quebra o silêncio.

Destinos RoubadosOnde histórias criam vida. Descubra agora