Capítulo 40

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Meses depois...

Valentina

   "Apolo e Ícaro, mal se viam pela vinícola depois da última vez que ele esteve na nossa casa. Mas era impossível que se esbarrassem nas reuniões de negócios. Eu deixei claro para Apolo, que não sinto mais nada pelo Ícaro, apesar de ver em seus olhos, um pequeno ciúme que o dominava por dentro, Apolo não o enfrentou. Conheço muito bem o Ícaro e sei que ele não teria coragem de prejudicar o meu marido, por saber demais. Mas prefiro não abrir os meus olhos. Não quero ter que me machucar outra vez pela mesma pessoa.

   E quanto mais os meses se passam, mais fico ansiosa na espera de ver o rostinho do meu príncipe, que virá ao mundo em breve. Segundo a família do Apolo, todas as gerações de mulheres que tiveram desejo de comer torrone, um típico  doce italiano, tiveram filhos homens. E dessa vez, eu darei à luz a um novo membro da família. Mas o que eu mais queria, era Apolo e eu... E os nosso filho, fôssemos para um lugar que poderia ser só nós três. Longe do perigo que nos cerca e longe de todos os problemas. Espero que um dia, possamos viver em paz, mesmo que tenha que ser em Palermo. "

   Passo a mão pela minha barriga e fecho o diário, sentindo um leve chute do meu filho na barriga. Desvio os olhos para a porta e me deparo com o meu marido escorado sob o batente, que me observa com um sorriso largo no rosto. Ele então se aproxima e se ajoelha entre minhas pernas, colocando a sua cabeça sob minha barriga, para sentir o seu herdeiro se mexendo. Meu marido beija a minha barriga, me fazendo um leve carinho.

— Saiba que mesmo aí... Do lado de dentro, quentinho e aconchegante, o papai está louco para que você venha logo logo? Não vejo a hora de ver você, meu pequeno chefinho... — Eu o interrompo, com um cutucão, repreendendo-o, por ser quem Apolo é. Logo mais, o meu marido limpa a garganta e balança a cabeça. — Digo, ser dono de tudo isso, meu filho! Se até lá, eu e a sua mãe, não tivermos outros planos. Mas não quero que você seja como eu...

   Abaixo a cabeça e faço Apolo olhar em meus olhos, erguendo o seu queixo com o polegar e quebro o silêncio.

— E não vai! Nós daremos um futuro melhor para o nosso filho, Apolo. Ele não vai passar pelo que você passou. E eu acredito em você que tudo vai melhorar, meu amor! — Exclamo, erguendo as sobrancelhas e sorrio ao beijar os seus lábios.

— Valentina, eu estou cansado de promessas que eu não vou conseguir cumprir o mais rápido que você pensa. Mas eu quero que você saiba de uma coisa. — Ele diz, engolindo em seco.

   Inclino a cabeça, olhando em seus olhos em entender.

— O quê? — Pergunto, apenas com um tom de curiosidade.

— Durante esses meses, eu tenho pensado muito sobre na nossa família. Eu digo nossa família, eu, você e o nosso filho... — Apolo fala, fazendo uma breve pausa e molha os lábios. — Eu estou decidido a vender a minha parte das ações, Valentina. E estou disposto a sair da Itália pra gente construir uma nova história juntos. Se a Rosa quiser vir conosco... Bem, ela será da família. Como sempre foi.

   Sorrio, surpresa olhando em seus olhos. Levo as mãos na boca e segundos depois, eu toco as suas madeixas loiras caindo sob seus ombros, mesmo que a ficha parece não cair muito bem.

— A-apolo... Não! V-você... Você sabe muito bem o que está dizendo? Porque isso é muito sério... — Ele me interrompe, com um sorriso no rosto.

Destinos RoubadosOnde histórias criam vida. Descubra agora