Capítulo 57

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Nota da Autora:
Esse capítulo possuí algumas cenas e descrições de violência com armas de fogo.

🌒 🏠 🌒

Cilindros semelhantes à extintores de incêndio estavam presos nas costas de dois homens, o forte jato branco era silencioso e denso o bastante para ser visto na escuridão. Estavam sendo mirados na tranca central do portão e em suas dobradiças laterais, os fazendo adquirir um tom branco-azulado. O trabalho era feito com velocidade e precisão, com ambos se afastando pouco tempo depois. Um deles pegou um rádio comunicador afirmando estarem prontos.

O som de um motor potente foi ouvido se aproximando, vindo da área com a vegetação rala. O terreno irregular não era problema para o jipe que se aproximava em alta velocidade, o usando a seu favor. A enorme grade de proteção em seu para-choque foi perfeita para derrubar o portão metálico, jogando suas partes para os lados ao adentrar no quintal criando um barulho característico de ferro se chocando.

Pollen acordou, sentindo a invasão. As escleras de seus olhos adquiriram um tom azul profundo enquanto as irises claras deram lugar à um vermelho escuro como sangue.

O veículo, apesar de ter velocidade para isso, não se afastou muito da entrada. Diversas vinhas surgiram do solo, crescendo em uma velocidade sobrenatural, todas cobertas por diversos espinhos que facilmente se entrelaçaram entre os pneus, os furando e, consequentemente, os parando.

Galhos cresceram, perfurando com facilidade a estrutura do jipe como lanças afiadas, em especial, a parte da frente. O motor e a injeção elétrica já eram inúteis e a fumaça do radiador dançava pelas diversas aberturas criadas.

Apavorado, o motorista não hesitou em abrir a porta no momento que o primeiro galho quase lhe acerta por entre as pernas. Ele também não foi muito longe. Pisar no quintal denunciou sua posição provocando o crescimento de diversas vinhas, o cercando em um círculo. Elas se entrelaçaram de forma espiralada ao redor de seu corpo de forma rápida e brusca, findando sua vida em um único grito. Um pouco de sangue ainda conseguia escapar pelas finas frestas entre elas.

Toda a ação não demorou mais do que alguns segundos e não pareceu amedrontar as pessoas do lado de fora, em especial Lila, que observava tudo com seus binóculos e apresentava um sorriso confiante ao abaixá-los.

— Tragam eles pra cá! — ordenou, olhando por cima dos ombros.

Dentre todos os veículos presentes, um deles era uma van cuja parte de trás foi aberta e pessoas encapuzadas eram retiradas de forma brusca. Alguns tentavam lutar e fugir, outros colaboravam, já tendo aceitado seu destino ou esperando que isso poupasse suas vidas. No total, seis pessoas foram arrastadas até a frente do portão arrombado, sendo posicionadas de forma linear.

Os sacos pretos que encobriam sua visão foram retirados revelando três homens e três mulheres de idade, cor e até tipo físico bem variados. As bocas cobertas com uma fita prateada, os pulsos amarrados atrás do corpo com cordas.

— Muito bem — anunciou Lila, andando de forma lenta, exibindo a carabina para eles — Vocês tem trinta segundos para atravessarem esse quintal e conseguirem refúgio naquela casa — apontou de leve com a cabeça — Antes que eu descarregue um pente de bala em vocês — mudou seu tom para um, estranhamente, brincalhão — Sugiro começarem a correr logo.

Os soldados que os seguravam se afastaram em um passo. Nenhuma contagem foi feita, mas era claro que o tempo já estava correndo. Um homem jovem foi o primeiro a sair correndo em desespero, não se importando da palavra ser quebrada e acabar recebendo um tiro nas costas. Os demais não demoraram em segui-lo em ritmos variados, desaparecendo da visão ao darem a volta no jipe.

A Maldição da Mansão Agreste [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora