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O chão frio e as paredes fechadas não eram nada confortáveis

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O chão frio e as paredes fechadas não eram nada confortáveis. As correntes com verbena cortavam minha pele e eu estava há dias sem tomar uma gota de sangue.

Ninguém apareceu desde que me prenderam aqui e a escuridão do lugar não me permitia ver muita coisa, mas sempre senti que havia alguém me observando entre as paredes.

A pesada porta de ferro foi aberta com um rangido e Klaus entrou com um copo de sangue nas mãos.

Fechei meus olhos na tentativa de ignora-lo, mas ele sentou ao meu lado.

— Não era pra ser assim — ele disse simplesmente.

Permaneci em silêncio, olhando para qualquer ponto que não fosse seu rosto.

— Seu irmão esteve aqui mais cedo procurando por você, eu assegurei que estava bem mas não deixei ele vê-la porque sei que arrumaria um jeito de fugir.

— Então seu plano é me manter uma prisioneira para sempre? — finalmente o olhei.

— Só até você não ser mais uma ameaça.

— Então terá que me matar. Você está acostumado com isso mesmo.

— Mary...

— Aonde está o Lucien? — interrompi ele.

— Estou cuidando dele.

— Eu quero vê-lo.

— Você o ama? — agora os olhos dele estavam fixos em mim.

— Como poderia se ainda nem consertei meu coração — respondi, dando de ombros. — E você ama ela, a Cami?

— Amo — respondeu. — Ela me faz querer ser bom e me sinto vivo.

— Entendo — concordei com a cabeça.

— Eu nunca quis machucar você, Mary — ele segurou minha mão, mas por impulso puxei ela.

— A espada não se importa com o que você quer, ela apenas corta.

Klaus deixou o copo com sangue ao meu lado, percebendo que não importaria o que ele dissesse, não funcionaria e saiu em silêncio.

(•••)

Os dias eram longos sem ver nada além de paredes velhas e a pouca iluminação de uma pequena janela.

Meu corpo estava tão fraco que era impossível tentar fugir mesmo com todo esforço. As doses de sangue diárias que eu recebia não eram suficiente para saciar a fome e de onde eu estava era possível ouvir os gritos de Lucien.

A porta foi aberta pela primeira vez no dia e Cami adentrou receosa, então sentou ao meu lado e sua expressão demonstrava o quão péssima eu estava.

— Vim ver como está — falou com voz baixa.

— Não muito bem, pelo o que pode ver. — Me sentei ao lado dela. — Sabe como o Lucien está?

— Olha, Mary, pelo o que eu ouvi eles estão tentando achar uma cura pra mordida dele mas sem sucesso.

— E o meu irmão?

— Ele passa algumas vezes lá no Rosseau pedir se eu sei algo sobre você, ele não tem parado um dia sequer. Aliás, aquilo que você disse que ele combinava comigo tem razão, nos tornamos amigos.

— Eu sabia — dei um sorriso fraco.

— Você está muito fraca — ela disse o que eu já sabia. — Não se alimenta?

— O Klaus me traz o mínimo de sangue possível e a verbena me deixa fraca.

Ela suspirou, então após fitar o chão e voltar o olhar a mim, estendeu seu pulso.

— Não — falei, empurrando o braço dela.

— Estou fazendo isso porque eu quero e escondido do Klaus. Se ele souber me mata, então é melhor aproveitar — soltou um sorriso descontraído.

— Eu vou te machucar.

— Eu tenho feridas que jamais irão curar. Isso não é nada, acredite.

Segurei o braço dela e sem resistir mais, mordi seu pulso sem pensar duas vezes.

Quando terminei, eu já havia bebido sangue suficiente e minhas forças voltaram, mas quem estava fraca agora era ela.

— Obrigada — sorri sem mostrar os dentes. — Eu posso te curar, se quiser.

— Não — ela balançou a cabeça negativamente. — Não posso correr esse risco. Agora que eu já cumpri minha missão aqui, preciso ir. Marquei de encontrar com seu irmão.

Batidas na porta a interromperam e ela escondeu o braço atrás do corpo, mas ficou aliviada ao ver que era Stefan e não Klaus.

— Eu posso voltar outra hora — ele disse no pé da porta.

— Não, eu já estava saindo — Cami respondeu, e com um aceno saiu.

— A que devo a honra? — Perguntei, estranhando aquilo já que nos vimos uma vez só.

— Aquilo que você disse sobre poder me ajudar, ainda está de pé? — ele tirou a camisa e mostrou a marca da caçadora sangrando.

— Preciso de um favor antes — me levantei e fiquei em sua frente.

— Qual é? — Ele cruzou os braços, desconfiado.

— Quero sair daqui e como eu sei que você é amigo do Klaus, poderia conseguir isso.

— Não posso fazer isso...

— Tudo bem, então a caçadora vai ficar feliz ao te encontrar. — Me virei de costas e esperei.

— Espera — ele segurou meu ombro e me virei —, como eu faria isso?

— Isso é com você, mas eu quero que o Lucien saia comigo também.

— O Klaus me mataria.

— Quem te mataria primeiro, a Rayna Cruz ou o Klaus?

Stefan pensou em silêncio por alguns minutos e, por fim, concordou.

— Meu irmão vai me ajudar — ele disse. — A próxima visita que vai receber é a dele, pode confiar.

Nas horas que seguiram eu esperava por Damon pensando em como Stefan iria tirar Lucien e eu dali.

E quando a porta se abriu com força me levantei animada, mas Klaus entrou me empurrando contra a parede com raiva nos olhos.

— Você machucou ela? — Ele perguntou, pressionando meus ombros contra a parede fria e soube exatamente a quem ele se referia.

— Ela se ofereceu — respondi, com expressão calma.

— Foi o que ela disse, mas não deveria ter feito.

— Eu nunca recusaria. O sangue que você me dá não é o suficiente!

— Uma vampira sem comer há dias poderia ter matado uma humana! — gritou, batendo a mão na parede.

— Se ela estivesse morta, seria culpa sua!

— Não brinque comigo, Mary. Até agora eu estou sendo muito piedoso com você, mas se algo acontecer a Cami... — sua voz falhou e ele me soltou.

Klaus ficou em silêncio por alguns segundos antes de sair e bater a porta com força.

Ele a amava, um sentimento muito mais forte do que aquele que ele sentia por mim, eu sabia disso. Eu só não sabia porquê isso tinha o poder de partir meu coração.

E na quarta vez no dia em que a porta se abriu, Damon entrou com pressa e quebrou as correntes que me prendiam.

— Conversamos no caminho, precisamos ir — ele puxou minha mão e me conduziu pelo corredor vazio.

 𝐴𝑙𝑖𝑣𝑒 ✦ 𝐾𝑙𝑎𝑢𝑠 𝑀𝑖𝑘𝑎𝑒𝑙𝑠𝑜𝑛 ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora