Desentendimentos

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―  Me esquece! Acha que consegue?! ―  Olhou para o rosto contrariado do mais novo, seu estoque de grosseria pareceu falhar contra o Jeon em parte o que justificava a expressão.

― Jimin...- caminhou até o menor –vamos, você já está liberado.

...

Aquela era uma droga da piada da vida, Jimin não esperava rever o irmão e menos ainda que esse estivesse preocupado consigo, sem conseguir fugir foi levado de volta para o apartamento do Jeon.

―  Pode ficar no quarto de hóspedes ―  disse ao entrar apoiando o menor.

―  Não se incomode. ―  Resmungou ― não pretendo ficar.

O moreno apenas ignorou, estava cansado das reclamações e resmungos sem fundamento do menor.

O quarto era como o resto do apartamento e o Park se odiou por ter cedido e estar ali.

―  Me chame se precisar de qualquer coisa. ―  Não esperou resposta saiu encostando a porta.

―  Parabéns Jimin, não tem como ficar melhor ―  bagunçou os fios desbotados e sentou na cama escondeu o rosto nas mãos, as ataduras foram molhadas pelas lágrimas que não conseguiu conter.

O tempo passou lento, em algum momento seus os olhos cansados se fecharam e adormeceu.

Estava escuro, uma luz fraca vazava do corredor pela porta entreaberta, o edredom o mantinha aquecido, Jungkook devia ter lhe coberto, sorriu escondendo o rosto no tecido macio.

―  Jimin ―  a voz foi baixa acompanhada de passos calmos ―  deve estar com fome.

―  Eu... ―  ia negar mais seu estômago reclamou antes que o fizesse.

―  Consegue levantar?

―  Consigo, não sou um inválido!

O mais novo apenas aguardou o que pareceu uma eternidade, entre afastar o edredom e conseguir sentar a respiração ficou acelerada e o corpo quase não obedeceu para se colocar em pé, era como antes e esse pensamento o assustou. Apoiou o próprio tórax em um aperto firme, as lembranças esmagavam sua mente "estar quebrado demais para conseguir se levantar sem ajuda, de ouvir seus ossos quebrando e engolir o próprio sangue junto com o choro abafado que tentava escapar do seu peito".

O Park se curvou dolorosamente.

―  Reclame depois ―  Jungkook disse ao passar o braço na sua cintura e o sustentar junto ao próprio corpo ―  mais agora eu vou te ajudar.

Jimin abaixou a cabeça, reclamar era sua primeira opção, porém isso o faria mais patético então apenas aceitou e foi levado até a copa.

A mesa estava arrumada uma refeição completa.

―  Parece bom ―  deixou escapar e viu o Jeon sorrir.

Aquele lindo sorriso capaz de fazer o menor esquecer qualquer coisa, capaz de lhe dar esperança como quando eram crianças.

―  Finalmente parece você ―  falou ao deixar Jimin sentado e seguir para o próprio lugar.

― Ainda sou eu ...--  as palavras saíram apressada.

―  Não parecia você nas últimas horas ―  Jungkook olhou para o menor com sua expressão doce.

Não tinha argumentos para aquele olhar, então apenas abaixou o rosto e iniciou a refeição.

***

Foi levado para o quarto apoiado pelo irmão, sem coragem de dirigir qualquer palavra ou sequer um olhar para o rosto do Jeon.

―  Os remédios para dor estão aqui ―  apontou para o criado mudo ― e tem água também.

Gemeu um sim que foi entendido pelo moreno.

―  Jimin me chame se precisar.

O menor queria gritar com irmão manda-lo sumir da sua maldita vida, xingar o moreno até que esse visse o quão ruim Park Jimin se tornou ou melhor o quão ruim Park Jimin sempre foi.

A porta fechou deixando o quarto na penumbra, Jimin sentou na cama pegou os comprimidos eram para a dor deviam servir, tomou dois de uma vez.

―  Desculpa Kook ―  sussurrou deixando o frasco com o restante do medicamento ―  não posso ficar.

Saiu do quarto evitando fazer barulho o que devido ao pé ruim era quase impossível.

A casa estava quieta o irmão devia estar dormindo, cruzou o corredor chegando na sala as luzes apagadas obrigou o Park a tatear a mobília até chegar na porta de saída, girou a maçaneta e a abriu.

O elevador não demorou e logo o loirinho estava entrando nela e apertando os botões os pés descalços no piso frio o obrigou a encolher os dedinhos.

―  Sou uma besta mesmo. sair sem sapatos ―  reclamou assim que as portas de metal se abriram e ele trilhou um caminho pelo saguão até a saída do prédio.

- Boa noite - o porteiro chamou sua atenção.

- Ah. Boa noite - deu um aceno e continuou sua marcha lenta, mancando até a porta de vidro

- O senhor não parece bem.

- Estou Ótimo amigo - sorriu de lado saindo o edifício.

....

O calçamento machucou a planta dos pés descalços, estava num bairro rico e as pessoas passavam por si com olhares curiosos e temerosos, no caso das duas moças em quem acidentalmente esbarrou.

- Desculpe - disse rude se afastando delas.

Sua saída furtiva da casa do irmão não foi a melhor ideia, ou pelo menos não sair sem seus coturnos, sentou no banco da pequena praça olhou os pés sujos e sorriu desanimado ao perceber que nem tinha andado duas quadras.

- Esse dia não pode ficar melhor- sua própria voz soou estranha e cansada, fechou os olhos e jogou a cabeça para trás deixando-a pender apoiada no encosto do banco de madeira.

***

Me apaixonei pelo meu irmãoWhere stories live. Discover now