Pagando

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Jimin não tinha esquecido de como a própria família lidava com suas dívidas e outra vez ele era a garantia que tais dívidas seriam pagas assim como a mãe era antes de si.

***

―  Melhor esquecer - o menor tentava manter o tom de voz firme ―  fica fora disso Jeon.

Caminhou vagarosamente para o quarto, encostando a porta atrás de si.

Jungkook ficou parado olhando o outro ir, cabeça baixa os ombros caídos, ele queria abraçar o irmão e dizer que tudo ficaria bem.

Queria voltar no tempo e não ter deixado o Park para trás naquela tarde.

...

O corpo estava pesado não era físico, apesar dos machucados o que lhe doía era o coração.

― Por que você não pode só desistir kook? ― sussurrou ao sentar na cama.

***

O pequeno Park assistiu o dinheiro que o 'pai' recebeu de empréstimo ir embora, a cada rodada das cartas o tempo parecia parado a fumaça dos cigarros incomodava a garganta assim como os olhos que já estavam vermelhos, sentado no chão e abraçado nas próprias pernas escondeu o rosto, quando não pode mais conter as lágrimas as deixou rolarem prendendo os soluços dentro do peito.

―  Mais uma rodada ―  ouviu o pedido quase desesperado do 'pai' - só mais uma.

― Se fizer isso vai perder o garoto! ―  a voz apesar de envelhecida e um pouco rouca não pertencia a um dos velhos, o homem estava ganhando e não parecia feliz e sua voz denotou um pouco de frustração.

― Vou virar - o kim era um perdedor nato e não sabia parar.

― Eu pago ―  o mais jovem cobriu as apostas da mesa ―  pago pelo garoto também.

O som das fichas se juntando ao dinheiro, alguns cochichos e risos baixos porém Jimin tinha medo de olhar.

―  Maldição! ―  O pai xingou ―  Que inferno.

―  Kim está acabado ―  alguém riu em escárnio.

O Park foi erguido com força e colocado em pé, seu braço estava preso no aperto do pai.

―  É como sua mãe só me traz má sorte ― jogou o garoto perto da mesa os jogadores mantinham os olhos nas cartas.

Alguns risos e o kim foi pra saída o loirinho levantou e correu atrás do pai, só alguns passos de distância e teve seu pequeno corpo parado de maneira violenta, os braços estavam presos nas mãos fortes do guarda da porta.

―  Pai! Não me deixe aqui! ― Gritou em desespero ― Pai!!

A luz do dia tinha partido, os olhos arregalados comprovaram isso quando o kim abriu a porta e saiu sem olhar pra trás para o garotinho gritando e se debatendo.

***

O que fazer? Jimin ficou sentado olhando para as mãos as ataduras novas sobre novas e velhas cicatrizes, soltou uma a uma os pulsos tinham marcas antigas respirou fundo as encarando.

―  Eu prometia que não ia machucar você Jungkook. ―  Disse baixo e cheio de tristeza ― prometi.

― Então me deixe te ajudar ―  o rapaz ainda mais alto que si e mais confiante estava parado na porta.

―  Não sabe bater? ―  Rosnou.

―  Sei sim toc toc. ― Sorriu de lado ― e até te chamei.

***

― Se correr de novo, te amarro! ―  O grandão falou debochado.

―  Aqui garoto ― o ganhador do Park chamou e o menor foi arrastado pelo guarda. ―  Mais uma rodada e vamos embora.

Jimin não tinha coragem de olhar para o homem diante de si, a voz cheia de confiança fazia gelar o sangue do loirinho.

...

Foi apenas mais uma rodada e o homem ganhou, saindo empolgado com Jimin ao lado.

―  Não corra ou eles vão atirar em você ―  o homem sussurrou e viu o garoto se encolher a seu lado. ― Você é esperto.

Entrou no carro, não tinha o cheiro ruim do carro do pai se encolheu no banco as janelas escuras não permitiam que as pessoas da rua pudessem ver o interior do carro.

― Que vamos fazer com ele chefe?

―  Gostei dele ―  uma olhada pelo retrovisor para o menor - vamos nos divertir juntos.

A voz foi mais alta e o Park sentiu mais medo.

O motorista riu animado.

***

― Chin, vamos parar de brincar de gato e rato ―  sentou ao lado do irmão. ― Quero te ajudar e não vou deixar você fugir de novo.

―  Você é um idiota Jungkook.

―  Pode me xingar - - pegou as ataduras e voltou a colocar nas mãos pequenas ― não vou desistir.

O Park olhou para o moreno, ele tinha a atenção nas cicatrizes.

―  Eu sou promotor ―  falou baixo ―  não quero ser juiz como o aboji... Eles procuraram por você e acho que minha  omma sempre soube onde você estava.

Nada o menor apenas olhava para as próprias mãos.

― Foi difícil não saber onde você estava. ― Confessou.

―  Devia só ter parado de procurar ― Resmungou.

―  Parar? E desistir de você, nunca vou fazer isso.

***

O carro parou no sinal vermelho, era noite e não tinha muitas pessoas nas ruas e mesmo que o pequeno gritasse não iam ver ele, o motorista tinha os olhos sobre si e em uma das mãos uma arma, ameaça silenciosa.

O veículo voltou a andar, e logo se afastou do centro, uma batida polícia na saída da cidade fez o carro reduzir a velocidade.

―  E agora chefe?

― Vamos em frente.

― E o garoto? Se eles o verem.

Um momento de silêncio.

―  Não tem como voltar ―  soltou o cinto e virou para o Park ― vamos sair

Homem desceu do carro e saiu pegando o loirinho pela mão.

―  Melhor não tentar nada ― era um tom de advertência.

Eram alguns metros até a polícia e o Park era bom correndo então apenas fez, chutou a canela do homem e correu para perto da polícia.

―  Socorro! ―  Gritou enquanto corria por entre os cones de sinalização.

***

Me apaixonei pelo meu irmãoWhere stories live. Discover now