Capítulo 4

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Hoje está mais frio que o normal, a brisa gelada que bate no meu rosto me faz tremer um pouquinho, eu deveria ter colocado um casaco maior, um cachecol e quem sabe uma touca também? Até poderia ter feito isso, mas acordei alguns minutos atrasada, Anne me deixou na metade do caminho, tenho sorte de estar pertinho e não precisar andar muito.
Empurro a porta de vidro, e meu olhar vai em direção a Dominic que já está sentado em frente ao computador, olho para o relógio na parede. Bom, ainda faltam cinco minutos para o horário de início, caminho em direção ao balcão, cutuco Dominic no ombro.

— Bom dia pra você também, concentradinho - digo, sorrindo para o rapaz que se vira rapidamente para me olhar.
— Bom dia atrasadinha - ele diz, ajeitando o óculos redondo no rosto e continua; — temos muito serviço hoje, e vamos ter que ficar até mais tarde.

Faço um biquinho para ele que logo começa a dar risada. Não que eu goste de ficar no trabalho até tarde, mas ele torna tudo mais suportável. Amarro meu cabelo em um rabo de cavalo, olho para Dominic que já está com a sua atenção de volta no computador.
No meu primeiro dia aqui as coisas foram muito engraçadas, eu estava com um pouco de vergonha e medo também, quem olha para Dominic pensa que ele é um cara super inteligente que tem zero paciência para ensinar, mas não é nada disso, quer dizer, ele obviamente é muito inteligente, só não é sem paciência, isso na verdade é o que ele mais tem, e acho que pra tentar me deixar mais a vontade ele conversou muito comigo, me contou várias coisas engraçadas sobre sua vida.

— Por que precisamos ficar até mais tarde? - pergunto, pressionando o botão de ligar do computador.
— Esse mês tínhamos várias consultas marcadas, mas parece que um dos doutores vai ter que fazer uma viagem de emergência e só volta no próximo mês, então vamos ter que organizar todas as consultas com ele desse mês e tentar encaixar com outros doutores, você conseguiu entender? - as palavras saíram de sua boca rápido demais, ele sempre faz isso quando tem que falar muita coisa.

Dou uma risada baixa balançando a cabeça, confirmando. No meu pouco tempo trabalhando aqui essa é a segunda vez que isso acontece, mas Dominic e eu sempre conseguimos organizar tudo pelo menos em dois dias, pode parecer fácil, mas não é, precisamos saber tanto da disponiblidade do cliente quanto do doutor, e nem sempre bate certinho.
Assim que o computador liga, abro a agenda e começo a anotar os números que devo ligar remarcando.

***

Levanto o braço dando uma espiadinha no relógio de pulso, já estamos quase na hora da pausa e como hoje Dominic e eu vamos ficar até tarde, vamos poder comer juntos.

— Meus dedos já estão doendo de tanto teclar números - falo, fazendo um tom dramático levantando as mãos e mexendo os dedos.
— Nem me fale, a última cliente que eu conversei preferiu não remarcar a consulta porque o médico favorito dela não vai poder atender - ele diz, colocando a mão na testa e fechando os olhos por alguns segundos.
— Sabe que eu nunca vi esse tal doutor? - digo, voltando a minha atenção para a tela e registando as novos horários agendados.
— É que ultimamente ele tem feito muitas viagens, mas com certeza ele já passou por você e não foi notado.

Quando vou responder sou interrompida pelo telefone tocando, e é assim que tudo continua até o horário da pausa, que não demorou muito para chegar já que faltava menos de uma hora. Dominic também é fã do hambúrguer maravilhoso que servem bem ao lado do nosso emprego, mas dessa vez eu fiz de tudo para não ir lá. Não é por medo de encontrar Daniel, é óbvio que não iria encontrá-lo duas vezes no mesmo lugar eu acho, fiquei me sentindo um pouco mal depois que vi a expressão daquela mulher, talvez eles sejam namorados e ela tenha ficado com um pouco de ciúmes, o que é totalmente normal até certo ponto. Dominic me cutuca, direciono meu olhar para ele que me olha como se estivesse esperando uma resposta.

De volta para você, amor Onde histórias criam vida. Descubra agora