Capítulo 7

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— Você sempre soube sobre os problemas da minha mãe e tudo que aconteceu tem a ver com isso. A última vez que eu e você nos vimos foi na quinta-feira em que passamos a tarde no parque e foi muito divertido, é uma das nossas lembranças que nunca sai da minha cabeça. Na sexta-feira de manhã eu e os rapazes acordamos com os gritos da mamãe, quando eu saí do quarto para ver o que estava acontecendo haviam várias malas arrumadas e mamãe só sabia repetir que nós precisávamos sair dali. Eu tentei ir na sua casa, eu juro que tentei, mas papai não me deixou ir, meus irmãos pareciam tão confusos quanto eu, a gente sempre ouvia ela dizendo essas coisas, mas jamais pensei que realmente algum dia papai fosse apoiar e realizar as coisas que ela dizia - paro de falar, e olho atentamente para Nathaniel que esboça uma expressão tranquila, pelo menos até agora. Respiro fundo e continuo: — Entramos no carro e fomos parar em uma fazenda que tinha apenas uma vizinha, nunca tinha visto aquele lugar, nem sabia que pertencia a minha família. Mamãe nos afastou de toda tecnologia possível, não tínhamos computadores, televisão, telefone e nem rádios, apenas eles tinham acesso, mas só usavam quando era muito necessário. Os meus estudos passaram a ser domiciliares e consegui me formar. Os meus irmãos foram embora, James não aguentou ficar nem um ano, e Alexander foi embora um pouco depois dele, mamãe só sabia dizer que eles iriam pagar com sofrimento por terem feito aquilo, e papai como sempre nunca fazia nada. Eu fui a única que permaneci por mais tempo, me arrependo um pouco pela forma como fui embora, espero que algum dia eu tenha condições de voltar para lá e poder ajudar a minha mãe... - digo, abaixando a cabeça e botando as minhas mãos no rosto. É claro que a minha intenção não é chorar, e muito menos na frente dele, mas isso é uma coisa que eu não consigo evitar e acabo deixando algumas lágrimas caírem dos meus olhos. Sinto Nathaniel passar um de seus braços envolta do meu ombro e me puxar para perto dele, o gesto me deixa surpresa, mas essa sensação é totalmente ignorada quando começo a me sentir segura com esse simples toque.

— Sinto muito por tudo... sempre esperei por você, e mesmo me sentindo um idiota não consegui deixar de fazer - me aconchego em seus braços, concentrando em limpar o meu rosto. Antes de voltar tudo que eu sempre quis foi reencontra-lo e ouvir essas palavras, mas agora isso não parece ser o certo. — Cassie e eu tentamos, mas acho que ainda não estava pronto, não estou dizer que ainda te amo, só estou que ainda não superei tudo que aconteceu, você foi o meu primeiro amor e eu não aceitei você ter desaparecido daquela forma, mas agora estou mais em paz, não tinha o que pudesse ser feito, não foi culpa sua.

Levanto o rosto depois de ter certeza que não vou chorar mais. Meus olhos se prendem no de Nathaniel e por alguns instantes não parece existir mais nada ao nosso redor além de nós dois, e sem que eu pudesse controlar meu olhar desce para seus lábios, consigo sentir Nathaniel se aproximando ainda mais pela sua respiração quente batendo no meu rosto. A última coisa que eu penso em fazer é me afastar, apenas me entrego ao momento. Sinto um toque suave de sua mão em meu rosto, e logo nossos lábios se encontram. Eu não sei se consigo descrever o que estou sentindo agora, mas posso dizer que é do mesmo jeitinho de três anos atrás, e nada se compara a isso.
Sua língua acaricia meu lábio inferior pedindo passagem, meus lábios se abrem dando total permissão a mesma. Cada movimento nos aproxima ainda mais, o beijo me consome cada segundo a mais que dura. Eu não trocaria nada no mundo por isso, por anos tudo que eu desejei foi sentir isso novamente.
Quando nos afastamos, o rapaz deposita um beijo em minha testa como sempre fazia quando éramos adolescentes. O silêncio reina por alguns minutos e tudo que da pra ouvir no apartamento é o barulho da tv.
Isso tudo talvez seja demais para nós dois, mesmo eu sentindo exatamente a mesma sensação de antes só de estar perto dele, talvez ele não consiga sentir o mesmo e está tudo bem já que se passaram vários anos. Pensar nisso me deixa insegura.
Um barulho vindo do quarto de Anne rouba a nossa atenção fazendo com que eu me levante rapidamente, Nathaniel faz o mesmo.

De volta para você, amor Where stories live. Discover now