19- Penúltimo

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  Foi a cena mais dolorosa que eu vi em toda minha vida. Quis matar todos os membros da Yakuza, mas não fiz, fui impedido pelo meu pai. Que ao ficar sabendo o que ocorria, foi atrás de mim. Perdi dez homens, e minha esposa que ficou durante três meses em coma induzido.

  Nosso filho nasceu, Enzo, era um garoto forte e sobreviveu ao parto prematuro. Vai completar quatro meses, e seria os nove meses de gestação. Um guerreiro, será o orgulho da minha vida inteira. Enzo nasceu às pressas, quando chegamos ao hospital com Alice já desfalecida. Os médicos disseram que se não fizessem a cesária, perderiam o bebê.

  Eu e os pais de Alice, autorizamos e ela não acordou do coma. Todos os dias eu venho conversar com ela e pedir, pra ela acordar. Conto sobre a transformação do nosso filho, de como ela está sendo forte e se preparando para sair da encubadora e ir para casa junto com conosco.

  Pedi meu pai que ficasse a frente da máfia por um tempo indeterminado, Mattia quis adiar o casamento por conta do caos que se tornou minha vida. Mas eu não permite, Alice vai sair dessa tenho certeza.

— Ah, minha querida! Quanto tempo mais ficará nesse coma, nosso bebê vai sair da encubadora daqui um mês. Ele nasceu de cinco meses e foi forte, tá na hora de acordar para conhecer nosso Enzo. — era a voz de Lorenzo. — Não vou te culpar por nada, Alice. Cada dia que passa eu sinto mais sua falta, nós sentimos. Eu, sua mãe, seu pai, sua mãe biológica. Todo mundo sente sua falta, volta pra gente.

  Suplico com os olhos cheios de lágrimas, seguro em suas mãos e aperto forte enquanto acaricio seu cabelo. Dou um beijo em seus lábios, e ia me preparar para sair quando sinto um aperto na minha mão. Meu coração acelera, olho rapidamente para seu rosto e vejo suas pupilas se mexendo.

— Doutor! Enfermeira! — corro para fora do quarto e chamo por alguém, o médico que tem cuidado corre até mim. — Ela mexeu na minha mão e as pupilas se mexeram.

***

  Ela acordou, eu estava me sentindo completamente aliviado por tudo estar se encaminhando para o lugar certo. Depois de quase uma hora, o médico libera o quarto para que eu posso vê-la.

— Ela está um pouco confusa, não faça muito esforço. Ela ainda está se recuperando.

  O médico diz, entro na sala e ando devagar. Vejo ela olhando para fora, uma chuva começava a se firmar. Ela estava mais linda do que nunca, a vida voltou a correr por seu corpo, dando cor a ela.

— Esperei te encontrar, por muitos dias... Não imagina como eu estava com saudades de ver você acordada, de olhar nos seus olhos. — ela olhou para mim, um sorriso fraco brotou nos seus lábios. Ela limpou uma lágrima que insistiu em cair. Me sentei na ponta da cama. — Alice, nunca achei que fosse te perder... Só com essa possibilidade, achei que minha vida fosse acabar. Enzo nasceu, meu amor!

  Seu olhar se tornou confuso, suas mãos tocaram a barriga, só então percebeu que não havia mais nada ali.

— Meu filho? — sussurrou com a voz fraca, ela olhava para mim com uma grande interrogação.

— Se acalme, amanhã levarei você para ver ele, agora você precisa descansar. — ela assente.

— O que aconteceu? Não me lembro de muita coisa... — colocou a mão na cabeça. — Dói muito, aqui... O que aconteceu, Lorenzo... Eu lembro de Mattia. Ele está morto? Aí minha cabeça.

  Ela começou a sentir forte dores na cabeça, chamei a enfermeira que deu um calmante para ela. Fiquei confuso, porque ela não lembrava do ocorrido. O médico me chamou em sua sala, e me explicou tudo.

— Alice sofreu um grande trauma, seu cérebro preferiu bloquear o que ocorreu naquela tarde. Até que ela melhore, teremos que ter grande paciência. — ele olhou no relatório. — Aparentemente não ouve sequelas, ela está bem, e em poucos tô dias ela voltará para casa.

  Uma semana depois:

 
  Ela estava mais magra, pediu para cortar o cabelo. Quando conheceu nosso filho, seu coração de mãe falou mais alto. Ela não quis mais sair de perto dele, mas ainda não era hora disso. Hoje pela manhã o médico lhe deu alta, voltamos para casa.

  Dei um tempo para ela descansar e ficar bem, não tinha porque eu agir de maneira abusiva com ela. Nem ao menos exigir que ela me olhe diferente. Mordi os lábios um pouco receoso quando eu a vi chorar, quando a toquei, sem ela perceber que era eu. Tive a certeza que ela estava muito pior do que eu imaginava.

— Eu não queria que nenhum mal acontecesse! — ela murmurou. — As imagens são tão claras, Mattia morreu. Eu fui totalmente vio...

— Não fale, não precisa. Você vai ficar bem, eu vou cuidar de você. — interrompi suas palavras, dando-lhe um abraço apertado.

— Eu não mereço nada que você venha fazer a mim. Lorenzo. Olha aonde estamos, o tempo que eu fiquei apagada. O nosso filho, ele quase morreu por minha culpa. E eu ainda nem pude abraçar ele.

  Seus gemidos se tornaram maior que sua força, ela se encolhe em meus braços. Tento reconfortar ela, mas ela não se rende. Pede pra eu deixar ela sozinha. A psicóloga disse para eu respeitar o tempo dela, que na hora que ela se sentisse mais confiável iria melhorar tudo.

  Foi o que eu fiz, e estou fazendo. Aguardando.

Bom dia amores, era pra ter postado ontem. Mas não consegui.

Aqui está

Bjs
Até o último

Herdeiros da Máfia | 2Where stories live. Discover now