Um: Em um ponto de partida, iniciava-se uma história recém-chegada

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Depois de, aproximadamente, um mês e alguns quebrados da semana de provas para universidades, Kihyun sentia-se mais leve. Havia estudado com Minhyuk de maneira incessante, ora na biblioteca do colégio, ora na casa do melhor amigo; quase perdendo os últimos neurônios que lhe restavam, Kihyun teve de aprender a conciliar estudar para as provas e outras atividades avaliativas da escola com as provas independentes das demais faculdades de Seoul.  Ao passar tardes e noites na mansão dos Lee, Kihyun, tendo em mente o pequeno incidente com Changkyun — quando levou-o para casa em seu carro —, procurou evitar deixar o quarto de Minhyuk, somente sairia se fosse algo que demandasse extrema urgência, por exemplo, encher o pote roxeado de pipoca novamente, ou pegar uns refrescos na geladeira sem que a empregada, Yerin, o visse, pois sabia que brigaria com eles por não comerem direito durante o dia. Agora Yoo Kihyun tinha um novo hobby, era capaz de esquivar-se sem ser notado e, de fato, tornar-se um fantasma. E, por falar em fantasma, aquele que o chamava dessa forma estava mais ausente de casa que o normal. Changkyun parecia ter-se tornado invisível.

— Hoje à noite sai o resultado da admissão — Kihyun disse, fazendo menção à prova que ele e Minhyuk haviam feito para a Academia de Artes quinze dias atrás.

— Estou ansioso — Minhyuk disse com um sorriso terno, cujo palpitou o coração de Kihyun — espero que passemos. Estudamos tanto — Kihyun teve de coçar a nuca e puxou, levemente os fios de cabelo daquela região, não tinha tanta convicção de que passaria. Diante do olhar entristecido do melhor amigo, Minhyuk deu-o um leve empurrão no ombro, de maneira com que voltasse à órbita terrestre — não é para ficar triste. Você estudou muito, Kihyun. Eu sei que você vai conseguir fazer seu tão amado curso de literatura e se tornar o melhor romancista do mundo! — exclamou Minhyuk, confiante. Era incrível como o humor do platinado conseguia, desembaraçadamente, afetar o coração e sorriso de Kihyun. Sentia-se mais leve não só olhando-o, mas também recitando um de seus poemas, cujos ele disfarçava que não eram feitos para o próprio Lee.

Kihyun agradecia aos céus por Minhyuk nunca ter suspeitado que as estrofes com rimas e trejeitos melancólicos que ele lia para o melhor amigo eram traços daquilo que ele sentia e transformava em poesia. Se, hipoteticamente, o Yoo deixasse seu caderno de poesias na casa de Minhyuk, se arrependeria amargamente. Havia certas citações que tinham o nome do Lee, e, bem, Kihyun não queria que sua amizade fosse estragada por sentimentos bobos. Sentimentos bobos, pensou ele. Riu de nervoso.

— É, quem sabe — foi tudo o que sussurrou quando Minhyuk parou de olhá-lo e passou a prestar atenção no filme que assistiam. Kihyun pouco se importava com a trama, vez ou outra, permitia que sua atenção dissolvesse-se no ar e inventava alguma desculpa para olhar para o melhor amigo, como havia feito há exatamente meio minuto, jogando, à esmo, frases que vinham à sua mente, mas, que torcia para que iniciasse um diálogo, o mínimo que fosse.

É, quem sabe — Minhyuk imitou-o, debochado — não me venha com essa. Eu te conheço desde pequeno e sei muito bem do seu potencial, e... — o platinado se auto interrompeu ao ouvir o estrondo que soara, a porta batendo com força contra o batente. Ele levantou-se do sofá, inclinou o pescoço para o lado contrário à escada que ligava ao andar superior, de forma com que visse a silhueta de Changkyun do lado de fora, e, ao que parecia, tinha acabado de respirar profundamente. A mãe passou por Minhyuk, sem fôlego, provavelmente cansada de, praticamente, voar pelos degraus, atrás de Changkyun. O pai, com a xícara contendo café, ainda quente, restando pouco menos da metade do líquido, surgiu da cozinha, indiferente, a aura que o Lee mais novo odiava ao máximo. Dando de ombros, Hangil suspirou, como se já esperasse aquela cena teatral que não valia nem um minuto de sua atenção, e subiu a escada, despreocupada e lentamente, até que não mais fosse possível sentir sua presença no primeiro andar.

SEE YOU AGAIN「 Changki 」Where stories live. Discover now