Sete: Corações partidos, vidros quebrados e um segredo escapado

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O sentimento que alastrava-se pelo peito de Kihyun naquele exato momento ao ver Minhyuk, com as bochechas levemente enrubescidas devido à recente corrida desavisada, equiparava-se às vezes em que via-o pegar no sono após longas horas estudando para as provas da escola ou então quando o Lee mais novo sorria para ele e sentia uma corrente elétrica nadar por sua pele. Kihyun, definitivamente, não sabia o que dizer. Se seria errado deixar Changkyun para trás para poder conversar com Minhyuk sobre o que quer que fosse, o Yoo ponderava sabiamente antes de tomar uma decisão.

Estagnado como se as mãos dos mortos por flores segurassem seus pés e canelas, fincando as unhas em sua carne, Kihyun continuou ao lado de Changkyun, cujo encontrava-se igualmente surpreso, todavia, por um motivo em específico: talvez Minhyuk não quisesse somente conversar com o Yoo, era bem provável que estivesse ali para arruinar o que cultivara ao longo dos dias em que ficou ao seu lado. E aquilo deixou-o inquieto, parecia que os pássaros voavam ao seu redor, tornando seu cabelo uma perfeita bagunça e o medo de ser levado por eles até o céu e deixarem-no cair na calçada o assombrou. Por isso, atentamente, olhou para Kihyun, o qual estava tentado a cair nos encantos de Minhyuk outra vez. Assim que Changkyun iria pronunciar-se, Kihyun foi quem tomou as rédeas daquele momento, dizendo:

— Eu e Changkyun vamos comer tteokbokki. Você pode vir com a gente.

O Lee mais velho crispou as sobrancelhas, trocando olhares confusos com Kihyun.

— É pegar ou largar — disse Changkyun para o irmão, claramente esperando que o platinado recusasse, o que, em verdade, não ocorreu, pois, ao que Minhyuk umedeceu os lábios e respirou fundo, assentiu positivamente, aceitando o convite de Kihyun.

Changkyun, ainda com medo de que Minhyuk deixasse seu segredo escapar, caminhou, logo atrás de Minhyuk e Kihyun, os quais caminhavam lado a lado, entretanto, não conversavam, somente aproveitavam os calores dos corpos alheios, cujos ambos sentiam falta. E, mais uma vez, Changkyun sentia inveja do irmão, porque, mesmo que a intenção deles não fosse mostrar que, mesmo distantes, ainda sentem falta um do outro, era isso que se via ao andar atrás do platinado e seu melhor amigo. Changkyun sentia-se um mero figurante no meio de toda aquela peça teatral de romance adolescente, parecia que a dor o consumiria e ele viraria cinzas. Só que ele não sabia o motivo de estar assim. Se era inveja da conexão que Kihyun e Minhyuk criaram ao longo dos anos, ele não sabia. No entanto, Changkyun não desistiria tão fácil de criar laços, tão fortes quanto raízes da árvore mais antiga, com o Yoo.

— É aqui. Vamos entrar — disse Kihyun, sem olhar diretamente para Minhyuk, o qual já se perguntava se deveria, de fato, ter agido por impulso e corrido até o melhor amigo, com o pretexto de que não queria que ele caísse nos braços de Changkyun e perdesse a guerra.

Os três sentaram-se em uma mesa próximo à janela e alguns vasos de flores cobriam a parede de madeira. O restaurante tinha o clima rústico e vintage que Kihyun tanto gostava e sentia-se confortável, menos pelo fato de que Changkyun e Minhyuk estavam ainda mais afastados — não só porque suas cadeiras estavam, de maneira exagerada, longe uma da outra, mas também porque parecia que um abismo havia se formado entre eles. Uma rachadura no meio do mar, cada irmão em uma metade, a tempestade formando-se e raios aniquilando e queimando todo e qualquer ser vivo — era assim que o Yoo sentia-se ao olhá-los.

— O que você queria conversar, Minhyuk? — Kihyun questionou com os lumes, apreensivos, fixados nas linhas e ilustrações do cardápio.

— Eu queria que só nós dois falássemos sobre isso, sem uma terceira pessoa — referiu-se a Changkyun, o qual mexia em seu celular, indo de um aplicativo para outro, sem rumo, apenas para que Minhyuk não pensasse que ele sentia-se nervoso e ansioso.

SEE YOU AGAIN「 Changki 」Where stories live. Discover now