Dois: Tintas neon não conseguem esconder um coração partido

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— Deixa eu ver se eu entendi — disse Hyungwon, cruzando os braços, bem como as pernas longas, achegando as costas na cadeira de madeira, nada confortável aos olhos do loiro, ainda menos confortável quando Changkyun terminou de contar a história sobre Kihyun e o que havia acontecido recentemente — você acha que Kihyun é sua alma gêmea porque ele tropeçou e você sentiu a dor dele? — o Chae crispou os lábios, ainda indeciso entre dar uma risada escandalosa diante do que ouvira porque, convenhamos, almas gêmeas conectadas pela dor era algo imensamente difícil de se encontrar, e entre pensar seriamente sobre o assunto, além de acusar Changkyun como louco por não ter encontrado sua alma gêmea e agora poderia estar fantasiando sobre como seria se o Yoo fosse sua cara metade — Changkyun, sinceramente... Você acha isso mesmo?

Changkyun, ainda não tão convicto da teoria que criara, mesmo assim assim assentiu afirmativamente. Despreocupadamente, defronte à risada abafada de Hyungwon, o Lee tomou um longo gole do suco de laranja que tinha pedido no momento em que se sentava de frente para Hyungwon e o saudara.

Changkyun respondeu-o:

— Todas as opções são válidas, Hyungwon.

Hyungwon respirou profundamente ao passar a destra pelos fios loiros e contraiu os lábios, um sinal de desaprovação. O Lee, ciente de que Hyungwon certamente lhe diria algo que não gostaria de ouvir, ajeitou-se na cadeira.

— Suponhamos que esse tal Kihyun seja sua alma gêmea. Você sugeriu que ele beijasse seu irmão na festa da faculdade hoje para que ele se desapegasse de Minhyuk, porque os dois nunca teriam nada.

— Isso — confirmou o Lee, sem cerimônias.

— Como você pode ser tão sem coração assim, Changkyun? — o Chae praticamente cuspiu as palavras na mesa, como se fossem espadas lustrosas e bem afiadas para matar o exército inimigo com somente um golpe. Changkyun teve de piscar múltiplas vezes para ter a certeza de que seu amigo havia realmente dito aquilo, sem rodeios. Assim que o Lee pensou em responder o mais alto, este prosseguiu, contando nos dedos: — um, se Kihyun for realmente sua alma gêmea, você não devia protegê-lo ao invés de machucá-lo? Dois, se vocês estão conectados pela dor, como acha que Kihyun vai se sentir quando ele for rejeitado por Minhyuk? A dor dele basicamente vai matar você. Três, o fato de você ter dito a ele que Minhyuk pode recusar o beijo não anula o fato de que você incitou o pobre coitado a fazer o que ele sempre deve ter tido vontade, que é beijar seu irmão. Quatro, e se Minhyuk não recusar o beijo?

Como se afastasse o mormaço de um dia extremamente quente, Changkyun abanou a canhota no ar.

— Minhyuk não gosta de Kihyun porque ele gosta de um colega meu, o Jooheon.

Hyungwon travou por um minuto inteiro, parecia ter sido congelado por uma repentina nevasca. Não possuía lenha para manter o fogo circulando e o aquecendo em meio à tanta neve, e muito menos pedras pequenas para recriar as chamas, avermelhadas misturadas ao alaranjado, caso elas esvaíssem-se.

— Você sabe disso e mesmo assim vai deixar Kihyun fazê-lo? — Hyungwon apoiou os cotovelos na mesa, à dois dedos de distância da bandeja prateada que continha seu cappuccino, o qual estava prestes à esfriar, junto de um pedaço de bolo, e massageou as têmporas, dando um suspiro pesado — Changkyun, Kihyun não é uma espécie de problema matemático que resolvíamos quando estávamos no ensino médio. Ele é uma pessoa e tem sentimentos.

— Não é como se eu estivesse iniciando a terceira Guerra Mundial — Changkyun umedeceu os lábios e inclinou-se um pouco para frente, com os dedos atrelados uns aos outros e, os pés, não alcançando totalmente o chão. Com o indicador, tocou a mesa, a expressão séria preenchendo seu rosto, como se estivesse provando um ponto extremamente importante de um discurso indiscutível — pense comigo. Se eu nunca tivesse dito isso a Kihyun, isso nunca passaria pela cabeça dele e ele nunca tentaria dar um passo adiante. E, se ele não desse um passo, ele iria morrer achando que meu irmão é a alma gêmea quando ele não é. Se ficasse adiando a surpresa, Kihyun já teria perdido 30 anos de vida, conhecendo-o como conheço.

SEE YOU AGAIN「 Changki 」Onde as histórias ganham vida. Descobre agora