5 - Um 3 Estrelas apareceu

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Um velho senhor vestido de azul andava por um grande e majestoso pátio, haviam centenas de plantas que pareciam se dobrar e o venerar enquanto esse homem caminhava em direção a um jovem rapaz de túnica branca que estava o esperando.

- Você tem certeza disso, Fork? - disse o velho enquanto alisava sua longa barba com a mão - E...e..este júnior não tem certeza, mas aquele guerreiro terminou rapidamente com todas as missões mais difíceis do mural - respondeu o jovem enquanto gotas de suor caiam pela sua testa.

- Então você acha que ele é um 3 Estrelas? - falou o velho olhando fixamente pro rapaz a sua frente - Este júnior acredita que sim, no mínimo ele deve estar no pico de 2 Estrelas, e também... - o jovem parou e pensou na melhor forma de falar suas próximas palavras - Ele tem o costume estranho de gastar muito dinheiro na taverna e dormir na rua.

- Isso é algum tipo de brincadeira!? - enquanto essas palavras saíram da boca do ancião e uma expressão feia aparecia em seu rosto, o ar começou a se distorcer e um vento que parecia carregar dezenas de espadas cruzou por todo o pátio - E..este júnior n..não ousaria... nem mesmo a dor de mil mortes faria esse júnior enganar o grande ancião, se o próprio rei do submundo me falasse para...

Sentindo a honestidade do jovem e uma dor de cabeça chegando por ouvir tanta bajulação o ar voltou ao normal e o forte vento parou de soprar - Chega, dispensado - disse o velho interrompendo os elogios do rapaz.

Fork era o discípulo interno da seita Mil Dragões responsável por cuidar da cidade-vassalo, ele não tinha uma família rica ou um mestre poderoso como muitos dos seus colegas, até mesmo era ridicularizado por cuidar da cidade ao invés de cumprir missões perigosas como seus semelhantes. 

Nesse mundo ele só podia contar com uma língua afiada e o amor pela sua flauta. Além de ser um guerreiro 2 Estrelas ele também era um bardo.

Mas o velho ancião não tinha tempo para pensar nisso, uma grande guerra estava prestes a acontecer, no momento ele estava decidindo se deveria investigar mais o guerreiro misterioso ou se apressar para recruta-lo - Mas por que um 3 Estrelas dormiria no chão dessa cidade miserável?

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A alguns quilômetros de distância dali, um menino de cabelos vermelho levando um saco de carregamento nas costas andava pelas ruas de terra de uma cidade, ele cantarolava e tinha um sorriso tão grande no rosto que até quem estivesse atrás poderia ver seus dentes amarelos.

Chegando no mesmo beco em que dormira nas noites passadas, Luvian abriu o saco que ele costumava carregar e tirou um pergaminho branco de dentro.

Haviam instruções claras de que, depois do nascer do sol, quem aceitou esse trabalho deveria se dirigir a uma praça que ficava próxima a entrada da pequena cidade, Luvian sabia onde era a tal praça pois o próprio beco em que ele dormia não ficava longe da entrada da cidade, e graças as suas recentes caminhadas, ele agora já tinha uma vaga ideia dos lugares e ruas na sua proximidade.

Mas o que fez seu coração bater mais rápido foi o que ele leu em seguida, a recompensa de 2 moedas de cobre por dia de trabalho.

Logo ele lembrou de algo e rapidamente virou seu olhar para a rua próxima dali, seus olhos pareciam procurar alguma coisa enquanto ele murmurava - Aquele careca finalmente resolveu ir roncar em outro lugar, hoje realmente é meu dia de sorte.

O homem assustador que ontem dormia naquela rua já não estava mais ali.

Com uma barriga que parecia querer tocar suas costas de tão vazia, o menino pegou uma pequena quantidade de Grama Seca, que nesse ponto já era uma pasta marrom de péssimo gosto, colocou na boca e mastigou. Após muitas caretas por conta daquele sabor amargo e alguns goles de água, o menino foi relaxando e logo foi caindo no sono.

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Os primeiros raios de sol acertavam o rosto pálido de Luvian, suas pálpebras foram se abrindo e a primeira coisa que apareceu sob sua visão foi um céu de cor ainda escura e um sol surgindo timidamente acima das montanhas que rodeavam a cidade.

Mas Luvian não tinha o tempo para apreciar essa paisagem, ele rapidamente tirou seu saco de carregamento do chão, colocou sobre seus ombros carregando-o com suas costas e logo partiu em direção a praça.

Caminhando feliz por ter acordado a tempo e imaginando uma chuva de moedas de cobre caindo em suas mãos, o menino estava chegando perto da praça mencionada no pergaminho.

Após alguns minutos caminhando em ruas completamente vazias, Luvian finalmente chegou no seu destino. Se deparando com um lugar que parecia ser mais vazio do que as ruas da cidade, que por sua vez já não tinham ninguém, o garoto ficou perdido.

Aquela praça tinha centenas de metros na direção de qualquer lugar que ele olhasse, existiam algumas pequenas lojas, tavernas, barracas e até armazéns. Mas pessoas, nenhuma. Esse também parecia ser o único lugar da cidade em que o chão não era terra. mas sim de uma espécie de pedra.

Talvez foi a pressa ou o medo de estar num lugar completamente novo, mas o garoto definitivamente não tinha notado que essa praça era tão grande na primeira vez em que passou pela rua próxima dali.

Havia também uma casa que nos olhos de Luvian era simplesmente enorme, não possuía nenhum ornamento ou decoração, somente um muro da altura de uma pessoa adulta e um simples portão com as palavras "Mansão do Lorde da cidade" no seu topo. 

Foi somente depois de algum tempo que, perto de um dos armazéns distantes, o garoto viu uma mulher loira e de rosto arredondado sentada numa cadeira atrás de um pequeno balcão de madeira. Por coincidência, a mesma mulher que havia o atendido no dia anterior.

Depois de caminhar por alguns minutos e chegar a poucos metros daquele balcão, o garoto já estava preparando suas palavras e pensando em algumas perguntas que ele poderia fazer para conhecer melhor o tipo de trabalho que ele iria desempenhar quando de repente um vulto que parecia se mover na velocidade do pensamento atravessou seu campo de visão.

Assustado, o garoto deu um pulo para trás e antes de poder fazer qualquer coisa ele viu um homem extremamente alto logo a sua frente. Esse homem de meia-idade agora estava parado ali como uma arvore milenar, a primeira vista poderia parecer que esse sujeito já estava esperando a dias na mesma posição, e foi só então que esse homem deu um passo a frente e foi falar com a moça atrás do balcão normalmente.

Luvian deixou seu queixo cair no chão e sua mente quase parou de funcionar ao encarar as costas dessa pessoa, tanto suas habilidades físicas quanto sua capacidade de furar a fila e agir normalmente chocaram o garoto até a alma.

Suas costas eram tão largas que seria difícil imaginar esse homem passando de frente por qualquer porta que Luvian já viu, seus ombros eram como duas fortes montanhas que sustentavam seu corpo de 2,3 metros de altura, e sua cabeça... era careca.




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⏰ Última atualização: May 14, 2020 ⏰

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