Capítulo oitenta e dois- ✬independente do futuro✬

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   ✬Música: Get You The Moon - Kina, Snøw

(Repitam!)

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Andrew Scott

Nem sabia ao certo para onde ia, só queria sair um pouco de casa e esquecer o que eu ouvi. É difícil. Não vai ser um carro ou duas pernas que me farão fugir desses pensamentos tão pesados que foram depositados em mim. Me sinto péssimo. Alessandro era meu melhor amigo e tudo o que ele queria era ter um filho com a Nathalie. Por que eu apareci? Não devia ser eu e sim ele... quem era para ser o pai da Antonella era ele, não eu. Eu tinha que me meter na vida dos outros.

   Minha cabeça já está latejando e pesando. Os olhos doíam pela ardência e estão bem enfraquecidos, além de borrados pelas lágrimas. Preciso parar para não acontecer nada. Eu não quero, ainda estou próximo de casa e a cidade fica a uns quinze minutos ainda, mas preciso parar antes de algo acontecer. Meu coração está desolado e arrasado. Me sinto culpado, em partes, pelo fato de saber que sempre deixei o Alessandro sentir os sentimentos que sentia com Nathalie. Ninguém foi sincero com ele e olha onde ele está... longe de nós por descuidos bobos mas severos para ele. Eu nunca tive problema com os dois e, muito menos, com ele mesmo. Ele era meu único melhor amigo e entendia perfeitamente meu desespero por ser pai mais cedo, minha felicidade por estar com Nath e qualquer coisa que eu pudesse sentir. Ele era o melhor pra mim. Ele só queria ser pai como eu e vindo dela. Eu quero tentar entender o lado da Nath por fazer algo bom, mas não consigo...

Estaciono o carro rente à uma árvore e desço em seguida, sendo abraçado por um frio intenso. Eu havia parado em um parque bem no meio da divisa da cidade com os bairros distantes. Não tem ninguém e está tudo escuro, somente iluminado pelas luzes fracas dos postes e da lua. Alguns bancos estavam distribuídos pelo espaço e um parquinho bem no centro, mas não tem uma pessoa ali. Melhor, assim posso descansar minha mente. Pego um sobretudo no banco traseiro e logo visto, me aquecendo e levando as mãos para minha boca, assoprando um ar mais quente. Começo a caminhar no meio a pouca neblina do frio e me sento no primeiro banco que vi, relaxando o corpo e encostando a cabeça no encosto.

Não sei por onde começar, mas a primeira coisa que me acontece é o choro me atacando novamente. Eu queria segurar mas era quase impossível, as memórias me rondam e me seguem, atazanando minha mente e ficando longe de relaxar. Meus ombros se curvam e levo minhas mãos para meu rosto, tampando-os e sentindo as lágrimas acumulando nas mesmas. O sentimento é terrível. Não tem ninguém para consolar e, mesmo assim, está sendo ótimo por isso, mas bate a falta. Me sinto perdido e confuso, além de magoado. A Nathalie realmente fez o que fez por Alessandro ou por que ambos queriam? Ela realmente me ama? E se a Antonella for a filha dele? Eu não sei o que pensar e isso está acabando comigo... eu quero acreditar que todas as respostas sejam ao meu favor e, o mais importante, que Antonella seja a minha filha, do meu sangue. O que eu faço?

Acabo sentindo mais o peso da cabeça e uma dor enorme na mesma, como se acabasse de levar uma tacada de taco de beisebol. A dor da culpa e da tristeza doem demais. Me recosto novamente e solto um grunhido baixo pela dor, mas logo começa a dissolver e apenas latejos mais fracos se tornam presentes em mim, então fecho os olhos por uns instantes. A imagem de Nathalie dizendo aquilo, sua voz e suas expressões consomem o meu campo de visão. Consigo até ver Alessandro atrás dela, com sua cara desolada e envergonhada, apenas concordando com ela e sem olhar em meus olhos. Todos nós nos sentimos culpados.

O Sócio do Meu CEO ━ Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora