Capítulo 15 - Imra

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Quando o som de água corrente e jatos de ducha encheram a casa, Kara sorriu, aliviada. Não queria travar aquela discussão, embora se sentisse culpada por enganá-la.

Quem diria que um caso de amnésia poderia mudar tanto as coisas? Quem diria que a Lena Luthor iria se revelar a mulher mais ardente do universo? E por que ela não percebera isso antes?

Vira-a sob um prisma muito diferente, e ela também fora forçada a encará-la de outra perspectiva. E sua reação não fora fingida. Estando ela com falha de memória ou não, Lena não teria feito amor com ela se não houvesse uma emoção genuína.

Sacudiu a cabeça. Gostava do que estava acontecendo, embora também se sentisse confusa. E não tinha a menor intenção de deixar que o processo se interrompesse antes do momento certo. Parecia arriscado, mas Lena era teimosa demais, não deixaria tudo prosseguir caso descobrisse que se lembrava de tudo agora.

Conhecia-a bem demais.

Haviam feito um acordo em relação ao bebê, e ela o cumpriria, mesmo que precisasse dar a vida para isso. Tentaria fingir que nada acontecera e o mandaria de volta a Metrópolis.

Não havia jeito.

A independência dela a preocupava. Lena queria fazer tudo sozinha. Claro, estava disposta a deixá-la arrumar o encanamento, já que, em caso de necessidade, poderia chamar o encanador, e as duas sabiam disso. Mas não recorria a ninguém quando se tratava de assuntos pessoais.

Nem a sua família.

Nem a Kara.

Kara franziu o cenho. Lena só lhe contara que decidira ter um filho depois que consultara um especialista.

Teriam de resolver isso. Não desejava podar-lhe a independência, só queria que ela confiasse nela.

Assobiando baixinho, arrumou a mesa na varanda dos fundos. Esperou até ouvir a água escoando da banheira. Então, telefonou a seu restaurante grego favorito e fez um pedido. A seguir, ligou para o "serviço de entregas": Maggie Sawyer.

Poucos minutos depois, ouviu Lena chamá-la.

—    Estou aqui atrás, querida. Na varanda. — Kara acendeu a última vela.

O céu do entardecer escurecera tanto, devido à aproximação da tempestade, que as chamas nos candelabros não eram só um detalhe romântico, e sim uma necessidade.

— O que é isso, Kara?

— Um jantar à luz de velas, é claro.

Kara se virou para ela e não pôde deixar de sorrir. O traje "não-me-toque" de Lena só a fazia querer tocá-la ainda mais. O tecido colante cobria-lhe os braços, mas também lhe aderia aos seios e à bela promessa do ventre. Os cabelos negros estavam presos num coque elegante, parecendo pedir para serem soltos.

Seu Anjo.

Engraçado. Kara recordou a primeira vez que vira Lena. Era Natal, e as decorações festivas só acentuavam o frio de seu lar adotivo. Então, Lex a arrastara para a casa dos Luthor, cheia de aromas de bolos natalinos e do calor de uma família feliz. Fora bem-vinda de imediato.

E Lena estava lá. Delicada, doce e bonita como um anjo. Como nunca vira nada tão maravilhoso, reagira com a falta de jeito de uma menina de onze anos, perturbada por sua primeira paixão: zombara dela sem piedade.

E nem mesmo percebera que estava apaixonada! Só queria que ela a notasse. Ainda precisava disso. Talvez por esse motivo vivesse provocando-a, em todos aqueles anos.

— Do que está rindo? — perguntou Lena, desconfiada.
Ia contar-lhe, mas, a tempo, se lembrou de que ela devia continuar pensando que estava com amnésia. Passou a mão por baixo de seus cabelos e a puxou para si.

Uma esposa, e grávida? - SupercorpWhere stories live. Discover now