Forte como o Sol [✓]

Capítulo 21

           Cheguei em casa extremamente tarde depois da tarde no lago, porque Max se perdeu mesmo com o GPS. Minha mãe ficou super estressada. Eu me xinguei mentalmente por perder pontos com ela, mesmo sabendo que nossa relação não deveria ser desse jeito. Fazer o brownie não adiantou muita coisa, pois mamãe sequer agradeceu, só pegou a vasilha e subiu para o quarto. Fiquei muito chateada, mas segurei as lágrimas e me obriguei a ficar bem. A verdade é que eu queria gritar, chorar e contar a ela o quanto estou infeliz com nossa relação de mãe e filha.
Mas não fiz isso, porque sou uma covarde.

No dia seguinte, fiz um passeio com April e Callum pelo parque para contar sobre minha saída com Max. Ambos ficaram super animados e começaram a falar ao mesmo tempo. Fiquei feliz que os dois estão se dando bem. Minha melhor amiga ficou com um pouco de cautela quando descobriu que o garoto de cabelos acobreados é primo de Adele, mas mudou sua opinião assim que o conheceu. Acredito que seja muito improvável alguém o conhecer, não gostar de sua personalidade e de seu jeito carinhoso e conselheiro.

Estou me arrumando para ir pra escola, e o despertador resolveu me sacanear. Atrasar não é algo normal para mim, então tento me acalmar e tomo um banho rápido, coloco a roupa que por sorte deixei separada ontem a noite e desço correndo para pegar algo para comer.

Mamãe ainda está dormindo, então tento manter silêncio. Pego um saquinho com morangos, escovo os dentes e saio, dessa vez sem gritar "tchau mãe" como de costume.

Conversei praticamente a noite inteira de ontem com Max por ligação. Ele me contou algumas piadas, falou sobre a faculdade, suas novas pinturas e resmungou quando eu disse que estava com sono. Sinto que depois da tarde no lago, ele está mais... Carinhoso. Eu estou muito feliz, mas ao mesmo tempo com um grande medo de ser apenas uma fase, que ele vá voltar a ser sínico e grosso ou até ficar diferente. Me sinto mal por ter essa sensação, porque sei o quanto ele está tentando. Compreendo que ele não costuma ser simpático com todo mundo e fico gratificada por ele ser apenas assim comigo. Me faz se sentir especial. Mas ainda assim, gostaria que sua simpatia fosse com todos. É muito egoísta da minha parte desejar que ele seja bondoso só comigo.

Quando chego na escola, vou direto para minha primeira aula. Não encontrei April ou Lola no portão, então presumi que ambas já estavam em suas respectivas salas, tendo em conta o meu atraso.

O professor Young ainda não está quando entro, e agradeço aos céus por isso.
Will está sentado em sua cadeira com uma expressão sonolenta e raivosa. Sei que ele odeia a aula de literatura, então tento sorri pra ele para tentar o confortar de alguma forma. Ele revira os olhos e desvia o olhar de mim.
Respiro fundo, aconselhando a mim mesma a não dar atenção a sua arrogância.

Assim que o professor chega na sala, ele pede perdão pelo atraso — que fico feliz por ter acontecido — e começa a discussão sobre o livro da semana, O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald.

★★★

Sai super animada e satisfeita da aula de senhor Young. O professor pediu para eu ficar mais alguns minutos em sua sala pois queria conversar comigo sobre meu rendimento em sua disciplina. De imediato, fiquei assustada e nervosa, pois estou no ensino médio, e ficar mais tempo na sala de aula quando todos os outros já saíram para ter uma conversa com o professor nunca é um bom sinal. Mas, graças aos céus, ele apenas queria falar sobre minhas redações e o meu grande conhecimento pela literatura. Disse que adoraria ler mais alguns de meus textos, e que não era para eu parar de ler e escrever, pois tenho muito talento. Sugeriu até que eu participasse de algum concurso de literatura  representando a escola, e que isso poderia contar como alguns pontos a mais para entrar na faculdade.
É inexplicável o quão feliz fiquei. Conversar com um profissional sobre algo que você realmente ama fazer é incrível e satisfatório.
Mas, chegar em casa e ser obrigada a dançar para realizar os sonhos de mamãe é desanimador.