Part 2: Devil's eyes

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Estava tudo escuro, eu não enxergava nada, nem sequer conseguia ouvir algum barulho dentro ou fora do ambiente em que eu me encontrava.
Parecia que meu cérebro havia sido desligado por uns minutos e agora estava tentando se ligar novamente.
Sentia minha cabeça latejar profundamente, como se tivesse acabado de levar uma pancada forte na mesma.
Finalmente, quando consegui abrir os olhos, percebi que não estava no mesmo lugar em que havia — muito provavelmente — desmaiado.

Olhei ao meu redor para ter a certeza absoluta de que tudo não era apenas um delírio confuso da minha mente, e percebi que todas as minhas coisas estavam ali naquele lugar, enxerguei minha pilha de livros em cima da escrivaninha — que ficava ao lado esquerdo da minha cama —, pude ver meu armário e até mesmo as roupas atiradas em cima da cadeira, todas essas coisas estavam exatamente como eu as havia deixado antes de sair de casa.
Minha janela do quarto estava fechada, mas com a cortina aberta, consegui ver que lá fora já estava de noite.
Após uns segundos encarando fixamente o chão, tentando processar todos os acontecimentos e procurar as lembranças que estavam faltando, aos poucos fui ligando os pontos e raciocinando de que, na verdade, não era para eu estar em casa.
Olhei rapidamente para meu relógio na parede, já passavam das oito horas da noite, e eu nem ao menos me lembro como havia voltado para casa.
Procurei no bolso de meu casaco e encontrei minhas passagens de trem ainda nele, o que significa que eu não tinha as usado para voltar para Busan.

...Como, então, eu acabei de volta no meu quarto?

Meu celular ainda se encontrava no bolso traseiro da calça social que eu estava vestindo, então eu o peguei e, assim que liguei a tela, vi várias notificações de mensagem de Hoseok.
Abri a conversa e comecei a ler o que ele havia me mandado, há aproximadamente, umas duas horas atrás, e uma delas dizia:

“ Jeon, eu encontrei um arquivo sobre o tal Taehyung, você quer que eu te envie uma foto dele? ”

Meu coração deu um salto no mesmo instante em que li aquele nome, e minhas memórias foram voltando como um rápido flashback, fazendo com que todo o meu corpo tremesse de medo, ao me dar conta de que fora trazido até minha casa por alguém, e não por conta própria, me lembrei de que tinha ido interrogar um homem suspeito de assassinato, lembrei do seu olhar obscuro e dá confissão que havia feito sobre ter realmente matado aquela jovem.
Eu lembrei do seu nome.
Poderia eu ter sido drogado por ele? Não parava de me questionar sobre o que havia feito e o que tinha acontecido após ele me ameaçar; de alguma forma, era como se todas as minhas lembranças após isto tivessem simplesmente desaparecido, evaporado completamente da minha cabeça.
Comecei a ficar em estado de nervos em saber que, muito provavelmente, aquele assassino sabia meu endereço, e nessas alturas do campeonato, suspeitava de que soubesse bem mais do que isso sobre a minha vida. Minha frustração com o que ele possa ter feito comigo durante essa quebra de tempo só aumentava, como também eu passara a me questionar o motivo que levou aquele homem a poupar a minha miserável vida.
O arrependimento de ter entrado sozinho em território inimigo estava me consumindo, sabe-se lá se Ele não viria atrás de mim depois? Ou se começaria a colocar em risco a vida de pessoas próximas à mim? Talvez simplesmente começasse a matar cada vez mais, apenas para ver meu cérebro trabalhar excessivamente em mais e mais casos.
A vaga lembrança daquele maldito quarto vermelho e aquela banheira coberta de sangue passou pelos meus olhos — e queria eu jamais ter entrado pela porta daquela sala.

Olhei de relance para o telefone que se encontrava em cima de meu colo, pensando seriamente se teria coragem para ligar para Hoseok e contar tudo o que aconteceu — bom, tudo o que eu me lembrava, é claro.
Passei as mãos em meu rosto, respirando devagar e profundamente, como forma de me acalmar. Por fim, resolvi deixar o peso da consciência de lado, pegando o telefone e ligando para meu melhor amigo; não sabia se o mesmo iria me atender ou se não iria me xingar por ter ficado tanto tempo sem dar uma notícia, nem ao menos sabia se o que eu estava fazendo era o correto ou se Jung poderia me ajudar a sair de dentro desse poço. Mas não custava tentar .
Após uns segundos em espera, Jung finalmente me atende:

HEART EATER | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora