3 - My Blood 🌟

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E Deus sabe que eu não estou morrendo e eu respiro agora.
E Deus sabe que é a única maneira de me curar agora.
Com todo o sangue que eu perdi com você, também se afoga o amor que eu pensei que conhecia.

...🌙...
ALICE

Eu só precisava afastar-me de todos ali, fugir. Não tenho condições de, no momento, encarar a situação vergonhosa e humilhante que acabei de sofrer. Me sinto, mais uma vez, impotente diante de algo que machuca-me demasiado.

Em meio aquela situação horrível que Kyung provocou tive que provar do sentimento advindo de outra situação, porém essa foi algo atípico. Meu coração e corpo estremeceram por inúmeros motivos quando senti o toque firme de Taehyung em minha cintura, mas eu não pedi por aquilo.

No momento em que encarei seus olhos, de corça, grandes e brilhantes, talvez eu tenha notado alegria nele. E quem sabe em outra ocasião eu também até pudesse me deixar sentir alegre, mas não posso permitir, nesse momento, mais alguém fazer o que bem entende comigo.

Segurei seus dedos longos por poucos segundos e esse gesto simplório foi capaz de transmitir uma onda de eletricidade por todo meu corpo, mais uma vez.

...eu não posso me permitir...

Virei-me e saí de perto, batendo o pé firme no chão em direção ao salão, para longe de olhares piedosos ou acusatórios.

Estou mentalmente quebrada! Eu sou quebrada!

Infantilmente acreditei que poderia passar por algo assim novamente sem me deixar afetar tanto, mas errei. Esse tipo de situação arranca a máscara do meu rosto e deixa visível minha doença, minha feiura.

Ouvi alguém chamando meu nome ao longe, mas sequer tive coragem de olhar para trás. Minha ânsia em fugir daquele momento era muito grande.

Segui direto para o fundo do salão. Passei por inúmeras pessoas que me olharam brevemente — por sorte poucos testemunharam a cena ridícula que se passou — e me sentei no bar, apoiando meu rosto entre as mãos. Soltei, bruscamente, a respiração que estive segurando pelos últimos minutos.

Minha cabeça lateja de raiva, frustração e agonia. Meu coração pesa e bate demasiado rápido porque me dei conta que eu ainda não sei lidar com esse tipo de situação. Até que ponto pode alguém suportar tamanho ressentimento e culpa? Me questiono isso todos os dias quando penso não suportar mais. Eu desejei inúmeras vezes poder partir por causa dessa impotência, mas parece que ainda tenho infinitos pecados a pagar.

Há pouco tempo atrás, e parece que foi ontem — tão fresco em minhas memórias —, fui submetida a situações que me humilharam e maltrataram meu ser. Mataram-me. Fui subjugada de forma cruel por alguém cruel. Alguém em quem confiei!

Eu não sabia o que pensar, como aceitar, como não me culpar. É o que realmente mudou minha vida, mudou completamente quem eu sou. E está me transformando em alguém pior a cada dia mais. Alguém sem vida.

Preciso relaxar meu corpo tenso e no momento o que tenho a disposição é a bebida. Não é muito maduro lidar dessa forma, eu tenho consciência disso, mas é o que me resta.

— Senhorita, deseja beber algo? — o barman pergunta.

— Sim. Uma dose de tequila por favor. — ele sorri diante da minha resposta.

— Se me permitir posso preparar um drink muito mais saboroso do que a tequila. — noto gentileza em seu gesto, porém, nesse momento não é possível nada saboroso e doce. Preciso do amargo.

— Obrigada, mas a tequila vai ser melhor. — ele arqueia a sobrancelha, mas atende o pedido. Assim que enche o copo eu entorno com gosto e raiva. — Mais uma, por favor. — bato o copo no balcão chamando a atenção dele. Bebo outra vez, com pressa, e sentindo o amargor descer por minha boca a caminho do estômago. Sinto o líquido queimando meu interior e é uma sensação boa. Sinto-me viva. É, o álcool tem esse poder. — Mais uma, por favor! — ergo o copo pequeno e o barman se aproxima novamente.

The CURE Where stories live. Discover now