The CURE

24 - I Feel it Coming 🌟

Você tem medo do amor e do que ele te causou
Você não precisa fugir, eu sei o que você passou
Apenas um toque e eu posso te libertar
Não precisamos ir rápido quando você estiver sozinha comigo

...🌙...
ALICE

Com um pouco de receio visualizo meu reflexo no espelho e por um momento sinto orgulho de mim mesma. Depois de tanto tempo revivendo a culpa de fatos que não me pertencem somente, saber que sou capaz de deixar eles no passado aos poucos está me fazendo muito bem.

Acabo suspirando fundo ao fechar os olhos, lembrando da forma como agi perante o fantasma do meu passado. Acredito que consegui lidar da melhor forma com Erik, hoje, e apesar dele ainda me causar medo, pelo menos o fiz saber que estou disposta a lutar contra ele. Farei o impensável para afastá-lo de uma vez por todas, mesmo que isso me cause o que eu venho tentando evitar, a exposição.

Consigo, até mesmo, visualizar meu futuro com outros olhos e sinto-me mais confiante para enfrentar tudo o que está acontecendo, porque se tem algo que é fato imutável em minha vida é de que tudo acontece ao mesmo tempo e rápido demais.

Sempre essa avalanche de acontecimentos e sentimentos me fazendo perder o controle das situações, fazendo vítimas pelo caminho e deixando um rastro de dor e decepções.

Respiro fundo, mais uma vez, e peço ao universo que me ajude a lidar com tudo da melhor forma. Porque apesar de tudo minha mente ainda está doente. Viver nessa angústia constante é como estar em uma montanha-russa de emoções descontrolada que me esgota.

Até quando terei forças para viver assim, eu não sei! Porém, hoje quero viver mais! E ao mais eu me refiro a mais feliz, mais leve, mais o que nunca fui.

Então, deixo o quarto após constatar que consegui me vestir bem, me sinto até mesmo bonita novamente, algo que estava há muito tempo adormecido. Apesar da profissão sempre deixar-me bem, visualmente, eu não chegava a me sentir bonita, era apenas o personagem que estava bem! Hoje, nesse instante, me sinto como a Alice de antes, viva!

Descendo as escadas, vi que o Park está sentado na poltrona, Karen não está a vista e Taehyung ao telefone, perto da porta, falando em coreano. Como acontece sempre, a visão dele rouba-me o fôlego. É incontrolável não ficar impressionada com seu porte físico lindo e imponente.

Incontrolável também, o sentimento bom que me invade todas as vezes que o vejo.

Um momento de inércia enquanto ele vira-se e sorri ao ver-me. Realizo que meu mundo está ali, na extensão do sorriso dele e na paz que ele me proporciona. Talvez eu esteja o fazendo feliz realmente, porque se ele sorri dessa forma ao me ver deve ter algum significado.

No entanto, minha mente alarmou-se ao ouvi-lo falar a língua materna. Lembro de tudo o que ouvi ontem a noite, a respeito do trabalho dele e sobre a forma que tomam nossa aproximação, e isso me entristece de forma imensa. Não quis prestar atenção ao que ele falava, porque ele se afastou um pouco.

Ao fim da escada vejo Karen saindo da cozinha e ao ver-me concede-me um sorriso imenso.

— Saudade de você, estranha. — digo, a abraçando.

— Eu também sinto sua falta, minha estranha preferida. —me afasto do seu abraço e o coração aperta.

— Preciso conversar contigo, Karen, em particular. Podemos? Só alguns minutos?

— Eu sei. — ela diz e vira-se para a sala. — Park? — ela chama o moreno, que sentado na sala, vira-se para lhe dar atenção. — Nos deem cinco minutos, por favor?