STIGMA | kth+ jjk

twenty nine: haunted memories about that girl

-Jungkook

Ainda me lembro daquele dia como se fosse ontem. De quando eu estava na casa dos meus pais durante um jantar de negócios com os amigos deles e alguns executivos, eu tinha uns dezenove anos.
Minhas irmãs estavam conversando sobre alguma banda mas eu não queria entrar no assunto. Queria subir para o meu quarto para jogar enquanto comia o resto do salgadinho que comprei mais cedo.
Fiquei cutucando a comida com o garfo observando aquelas pessoas fúteis e ricas sendo falsas umas com as outras. Foi assim que conheci Heyoon.

Ela estava radiante naquele vestido bronze e casaco de pelos sobre os ombros. Tinha vinte e seis anos na época, mas com a aparência de mais nova. Notei que ela me olhava diferente enquanto conversava com minha mãe, e eu, como um garoto idiota de dezenove anos, me animei com isso.
Não sei qual era a minha fixação em querer experimentar ficar com garotas mais velhas, sendo que nem era um desejo totalmente meu.
Ouvia meus amigos comentando sobre suas noitadas com mulheres mais maduras e eu só queria fazer igual.

E eu me arrependo até hoje desse pensamento idiota. Foi por causa dele que naquela noite eu a levei para a sacada da biblioteca no segundo andar. Nós ficamos por quase meia hora, e depois eu me convenci de que queria perder minha virgindade. Ali mesmo, somente com a lua nos assistindo.

Naquele momento eu me senti satisfeito por ter sido bom. Ela era experiente e disse que foi ótimo, isso inflou meu ego até demais.
Estava escorado no mármore cinza esperando ela arrumar o vestido curto. Minha calça estava meio aberta, com o cinto pendurado. E essa foi a maior merda que eu poderia ter deixado acontecer.
Minha mãe estava procurando por ela e um empregado disse que ela havia subido comigo. Ela empurrou as portas grandes e quando viu nosso estado, ficou furiosa. Era óbvio que tínhamos feito algo, não só pelo meu estado mas o da Heeyon também, que segurava os saltos na mão. Minha boca estava borrada com o batom vermelho, assim como na gola da minha camisa.
Minha mãe começou a gritar com nós dois, dizendo que se veria comigo depois. Disse a Heeyon que era uma irresponsável, que eu era o filho da melhor amiga dela (agora não mais), que queria que ela fosse embora.

Lembro de ter ido para o meu quarto depois para trocar aquela camisa suja de batom. Heeyon foi ao banheiro limpar a maquiagem borrada e se ajeitar antes de sair, mas antes passou no meu quarto.

- Você é doida. Se minha mãe te vê aqui a gente morre. - disse, vestindo um moletom.

- Fica tranquilo, lindinho. Só vim me despedir.

- Hm, okay. Tchau.

- Que cruel. - ela riu nasalado, cruzando os braços. - Gostei das fotos. - olhou para os meus quadros de quando era criança.

- É melhor você ir embora.

- Tudo bem, tudo bem. - ela levantou as mãos em rendição. - Até uma próxima vez, então. - jogou um beijinho no ar antes de sair e eu fechei a porta.

Depois daquele dia nunca mais quis ver aqueles quadros na minha frente. Deitei as molduras viradas para baixo e me joguei na cama, refletindo sobre tudo o que havia acabado de acontecer.
Taehyung não sabe, mas é por isso que disse que não gostava daquelas fotos.
Elas me fazem sentir sujo.

Na mesa ele alternava o olhar entre Heeyon saindo e eu. Me cortou o coração ver a expressão que fez quando ela me beijou e a que fez agora enquanto eu tentava tirar o resto de batom do rosto.