LENA
—Ei, conheço você. Por que está tão agitada? — meu irmão perguntou enquanto caminhávamos em direção a universidade.
Pegamos ônibus hoje e a parada ainda ficava a dez minutos de caminhada.
—Eu não estou agitada! —murmurei.
—Anda, eu te conheço, fala ou eu vou ficar implicando — Lex empurrou meu ombro de leve.
Revirei os olhos, eu sabia que ele iria fazer exatamente o que disse se eu não o contasse.
—Tem uma garota...
—Minha irmã está apaixonada!
O louco praticamente gritou no meio da rua me fazendo arregalar os olhos e dar um forte tapa em seu ombro. Idiota.
—Anuncie para o Japão também, tenho certeza que eles não te ouviram —ironizei sorrindo de canto, ele sorriu também.
—Fala, conta tudo! —pediu.
—Não é isso maninho, ela só é minha amiga — suspirei.
—Ué, qual o problema? —ele franziu o cenho —Invista nela! Dê logo um beijo nela, Lena, o que está esperando? —encorajou.
Contrai as sobrancelhas confusa.
— Acha mesmo que devo fazer isso? —indaguei baixinho, insegura.
— Ué e por que não deveria? Na pior das hipóteses você leva um não apenas, tente! — ele disse parando de andar visto que finalmente chegamos a porta da universidade —confie em mim, se ela corresponder será a melhor coisa que acontecerá para você.
Ponderei a questão internamente, no entanto logo fiz questão de negar com a cabeça. Havia riscos demais.
— E se ela não corresponder? Vai doer muito... — reclamei cruzando os braços —prefiro deixar as coisas assim.
—Lena, entenda uma coisa —ele me fitou fixamente e respirou fundo — se você não tomar uma atitude, outros tomarão por você. Você tem uma chance, você nunca vai saber se vai valer a pena ou não se continuar a viver com medo!
— Hm... - resmunguei ainda cética.
Não acho que fosse uma boa ideia.
— Nossos erros não nos limitam, Lena, os nossos medos sim — voltou a argumentar — tenho que ir agora, boa aula maninha.
Ele me puxou para um abraço rápido e se foi.
— Até mais maninho — despedi.
Adentrei a universidade em passos vagarosos, parecia que eu pisava em ovos.
Foi então que eu parei de caminhar subitamente, visualizando uma Kara incomum sentada sozinha na área de fora, o pátio, curvada e sem vida. Passava as mãos sob os olhos e uma linha se formou sob minha testa, ela estava chorando?
Somente de imaginar isso, instintivamente, eu fui correndo até ela.
— Kara? - perguntei a loira.
Ela ergueu o olhar em minha direção, virando seu rosto para o lado. Sua maquiagem estava borrada, os olhos azuis marejados dentro de um borrão negro, sujos de lápis e os lábios trêmulos.
— O que aconteceu? — sentei-me ao seu lado, preocupada.
— Não, Lê, não quero que me veja assim, depois eu explico — resmungou, sua voz estava embargada.
— Que besteira! anda, conta logo o que aconteceu! — pedi pegando uma de suas mãos sem permissão.
Ela fitou o meu ato com curiosidade e em silêncio, cuidadosamente entrelaçou nossos dedos antes de fitar-me mais uma vez.
— Meu namorado terminou comigo...— explicou, suspirando — ele é muito ciumento.
— Eu sinto muito... — lamentei chateada.
Que idiota, esse cara é muito burro! pensei mas não o disse em respeito, claro.
E agora, o que eu falaria? Não sou exatamente o melhor exemplo de pessoa para incentivos e estímulos motivacionais.
— Ah, tudo bem... obrigada por estar aqui.
Kara sorriu de canto brevemente e me puxou para um abraço.
Não era mais surpresa nossos abraços e foi fácil amolecer sob seus braços, cedendo naquele conforto tão peculiar. Eu retribui a abraçando de volta, desejando que ela não derramasse mais uma lágrima sequer por quem não a merece, querendo seu bem verdadeiramente mais do que tudo.
Abracei-a como se pudesse dizer que estaria ali para ela sempre, que se ela precisasse de mim eu seria seu apoio quando desejasse. Abracei-a porque eu a considerava demais, tinha um carinho inestimável por sua essência. Abracei-a porque embora eu quisesse mais, eu era sua amiga acima de tudo.
Sorri torto quando nos desvencilhamos. Limpei suas lágrimas com os polegares, minuciosamente, descendo e acariciando brevemente as bochechas roseadas. Ela sorriu de canto elevando as mãos sob as minhas, como se aproveitasse o carinho lento.
Nos encarávamos olho a olho, sem vontades de recuar, sem precisar recuar. O olhar dela refletia o que estava sentindo. E eu o entendia bem: dor.
Depois do despertar da hipnose, ofereci uma mão para irmos em direção ao banheiro, ela aceitou e nós fomos para que pudesse limpar o rosto antes de ir para a aula.
Pela primeira vez, aprendi como consolar alguém.
Às vezes não eram necessárias palavras.
Um simples abraço já expressava tudo.
***
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SAD EYES - Supercorp
FanfictionFINALIZADA! Lena é uma garota que vê da música uma saída da depressão. Ao entrar na universidade quebra todas suas regras de manter distância dos outros e se apaixona por uma garota mais velha: Kara Danvers. No entanto, seu amor não é correspondido...