30. A GRANDE FINALE: TEMPESTADE

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O som habitual da descarga do banheiro foi responsável por fazer Augusto se levantar num salto, tateando a cama a sua volta, como se tentasse se localizar. Ele suava frio, acometido por outro pesadelo. Levantou da cama e trocou algumas palavras com seu tio que estava na sala. Voltou ao seu quarto e checou a hora. Já passava das três da tarde e ele havia prometido que ajudaria Sheila nos preparativos para a ceia de natal.

Tomou um banho rápido e saiu de casa. A brisa fresca de verão e o céu limpo indicavam que seria uma tarde ensolarada. Ele se espreguiçou, descendo os pequenos degraus do quintal com grande excitação.

Se deparou com uma pessoa, parada na frente da casa de Sheila, batendo palma na esperança de ser atendida. Augusto focou o olhar até reconhecê-la como sendo Eduarda Barbosa, a quem tinha conhecimento como sendo uma das vítimas do assassino mascarado, responsável por tornar a teoria de Karina mais concisa e firme.

A jornalista tornava a bater palmas desenfreadamente, como se tivesse algo realmente importante a tratar com alguém da casa.

— Procurando alguém? — perguntou, de forma direta, do portão de sua casa. Duda virou-se, analisando Augusto de cima a baixo.

— Sheila. — respondeu, um pouco seca.

— Ah, claro — afirmou, já saindo na rua. — O que é tão importante pra te fazer vir em plena véspera de Natal?

— O assassino... — Duda respondeu, olhando para baixo. — Recebi uma "intimação".

— E?

— Eu queria ver se mais alguém foi chamado, no caso de ser algo que eu deva me preocupar.

Augusto a encarou, cruzando os braços e mediando bem o que falaria a partir dali. Não conseguia confiar naquela garota, ou era a paranoia decorrente dos sonhos. De qualquer jeito não arriscaria.

— Qualquer coisa vinda do assassino é preocupante!

— É por isso que eu vim pedir ajuda, ver se mais alguém também recebeu.

— Não seja por isso — disse Augusto. Retirou o celular do bolso, aparelho não checado desde que se levantou. Passou os olhos nas ultimas mensagens, na caixa de e-mail, até que um SMS com um link o direcionou para uma página do Facebook, um evento mais propriamente dito. Encarou o texto novamente. Número privado.

— Alguma coisa?

— Uma festa em Nova Esperança... O que isso significa? — perguntou para Eduarda, que pareceu ficar sem fôlego por um momento.

— Puta merda, eu recebi um convite também!

— Eu só recebi o link do evento... Boiei. — Coçou a cabeça, encostando o corpo no portão. Eduarda atravessou a rua, ficando mais próxima.

Ela explicou resumidamente como aquela festa poderia significar o final de tudo, o que se comprovou quando perceberam que não havia ninguém na casa, tal como a falta do carro de Raquel.

— Será que todos foram pra essa festa?

— Provavelmente... — bufou Duda, frisando o chão.

— Sheila não iria sem me falar nada! — ele tornou a checar as mensagens, sem nada de novo mandado por Sheila, Karina e os outros.

— Ela deve ter decidido te deixar fora disso.

— Não faz sentido! — afirmou, sentindo uma ponta de estranheza. — O que faremos agora?

— Eu irei para Nova Esperança. Fui ameaçada ser incriminada caso não comparecesse. Não é como se eu tivesse escolha. Só não imaginei que fosse ir sozinha.

DOCE OBSESSÃO - VOLUME I [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now