Jeon Jungkook nunca tivera amigos ou sequer se aproximara de alguém realmente. Não por ser tímido, mas por carregar um fardo demasiado pesado para um jovem de 16 anos. O que Jungkook não sabia, era que as memorias de seu passado, que tanto o atormen...
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"Você não pode parar os sonhos. Eles se movem em partes malucas, para qualquer caminho que quiserem e de repente você é capaz de qualquer coisa." — The Basketball Diaries, Scott Kalvert
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Jeon Jungkook sonhava em ser um cineasta. Queria dirigir filmes. Transcrever o seu olhar num aparelho capaz de guardar tudo. Transmitir suas emoções. O cinema, era a sua válvula de escape. O seu templo religioso. Era tudo para si.
Sua mãe, desde muito cedo, alimentou o interesse do garoto por aquela arte, e sempre que podia, o levava ao cinema. Nos seus dias de folga, ela e o pequeno Jungkook, passavam em um supermercado do bairro em que moravam e a mulher permitia que ele comprasse o que quisesse para comerem durante a sessão. E por mais que o pequeno Jeon evitasse comer muito doce, havia uma guloseima que ele era particularmente apaixonado e não conseguia deixar de lado. Os mochis, aqueles bolinhos de arroz que mantinham Jungkook eternamente pedindo por mais.
Nunca mudava o sabor. Porquê desde a primeira vez que pôs os olhos na cor alaranjada, sentiu vontade de provar. E depois de morder o doce macio, sua mente prendeu-se naquele gosto frutado fora do comum. Desde então, não conseguia enjoar dos mochis de pêssego.
Ele e a senhora Jeon, passavam então um dia inteiro trancados nas salas escuras, vendo filmes antigos e desconhecidos, enquanto apenas o barulhinho de plástico sendo aberto acompanhava os sons diégèticos. E tudo aquilo, junto e misturado, trazia ao acastanhado a certeza de que nada era mais belo do que o cinema. Nada era mais belo do que filmar a vida, criar a vida. E na sala escura, ele sentia-se em casa, mais do que em seu próprio cubículo.
Ele também gostava de escrever e muito cedo começou a criar roteiros para seus futuros filmes. Aquela era a sua forma de poder viver tudo o que não havia vivido. Tudo o que não iria viver.
Estava aí a prova mais explícita de que Jungkook tinha sonhos. Vivia cheio deles dentro de si. Emanava esperança e respirava a certeza de que conseguiria atingir seus objetivos. Sabia que o rumo que havia escolhido para sua vida era difícil. Teria de batalhar muito para conseguir. Mas naquela batalha ele tinha total capacidade de lutar.
Todavia, desde que chegara no acampamento, desde que descobrira ser um meio-sangue, desde que já não era um mero mortal, seus sonhos vinham-se morrendo. Já não sabia ao certo o que o futuro lhe prometia, mas temia não ser coisa boa.
Depois de ouvir as palavras da sacerdotisa Kim Jisoo, teve suas suspeitas confirmadas. A partir daquele momento soube então que seu sonho de tornar-se um cineasta, não passava de um devaneio distante e tolo. Como filmaria a vida, se estava destinado a morrer? Como lutaria para viver se precisava vencer a guerra de sua sobrevivência?
Mas era tudo culpa sua. Se a sua vida mudou drasticamente depois de um único dia, depois daquele dia, se não tinha amigos e experiência em qualquer coisa que não estivesse relacionado aos estudos, se passou os seus dias fugindo, se ficou recluso por anos, era tudo culpa sua.
