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Paulo

Assim que entramos no apartamento de Ramona, analisei tudo com o olhar. A decoração era toda em tons claros, com muito branco e cinza, dava uma impressão muito tranquila. Ela me disse para ficar a vontade e eu me sentei no sofá, rosa claro.

A cor do sofá realmente me chamou a atenção por não esperar esse lado princesinha de Ramona, mas era tudo o que a casa dela passava.

Ela voltou vestindo um short jeans, um moletom branco e uma pantufa. A olhei de cima a baixo.

— Sexy. — comentei.

— Não gosto de andar descalça, ok? — ri alto.

Ela entrou no que eu julguei ser a cozinha e eu a segui, então ligou o aquecedor numa temperatura alta.

— Já decidiu o que você quer comer? — perguntou.

— Pensei em deixar vocês escolher. — ela rolou os olhos.

— Eu não vou escolher. Você é a visita.

Ela voltou a sala e conectou seu celular na televisão, colocando uma música baixinho, apenas para preencher o ambiente. As músicas variavam em gênero e em línguas, com espanhol, francês e inglês.

— Sushi?

— Ótima ideia. — ela respondeu sorrindo. Escolhemos nosso pedido no IFood e ela insistiu em pagar. — Você toma gin?

— Já quer beber de novo?

— Eu vou fazer. — ela disse ignorando minha pergunta e seguimos novamente até a cozinha e ela preparou duas taças de gin. Brindamos.

— Vamos jogar alguma coisa. Tem algum jogo aqui?

— Fifa! — eu ri de sua empolgação.

— Sério? Você joga?

— As vezes.

Sento no sofá e espero ela ligar o videogame e me entregar o controle.

Percebi que ela fazia uma careta enquanto estava concentrada, com a língua entre os lábios no canto da boca. Dei uma leve risada e ela me olhou com cara de poucos amigos.

— Você faz uma careta.

— Eu sei. To concentrada. Preciso acabar com você.

— Boa sorte. Fifa é uma das minhas especialidades. — E realmente era. Mas Ramona estava levando a sério demais, o que me deixava confuso se eu deveria ter medo ou achar engraçado.

Fiz o primeiro gol e ela tomou para o pessoal. E eu achei que eu fosse competitivo.

Não falamos mais nada além do necessário para o jogo até a comida chegar. Fui buscar na portaria do prédio enquanto ela preparou a mesa e fez mais uma taça de gin.

— Por que você ainda não terminou com a Camila? — ela perguntou e eu me surpreendi.

— É fácil estar com ela.

— Nunca é fácil estar em um relacionamento.

— Meu Deus, como foram seus relacionamentos até aqui? — perguntei fingindo preocupação e ela riu.

— Hm, não sei. — ela parou pra pensar. — Eu tenho problemas de confiança, isso é fato e eu sempre fui assim, tento melhorar todos os dias mas alguma coisa acontece e é como se eu voltasse a estaca zero. Mas, também, pensa assim. Eu estou voltando pra casa depois de um dia cheio e tudo o que eu penso é em tomar um banho e tomar uma taça de vinho, se eu tivesse um namorado, ele me acompanharia e faríamos as coisas juntos. Eu estaria lá pra ele nos dias ruins e ele por mim. Só que, eu sou péssima falando sobre sentimentos, eu sou péssima me abrindo sobre o que chateia e depois de um dia cheio, eu não quero conversar, quero só ficar sozinha. E nenhum dos meus namorados até hoje entenderam isso. Eu guardo muita coisa pra mim até eu explodir. Talvez a errada da história seja eu. — ela deu de ombros e tomou um gole do gin.

LEVITATING | PAULO DYBALA Onde histórias criam vida. Descubra agora