let's get lost on Mars

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Ramona

"But whatever, let's get lost on Mars"
— Levitating

A Juventus havia sido eliminada na Champions League. Feminina e masculina.

Eu estava quebrada fisicamente, tinha sido um jogo que havia demandado muito de mim e a decepção de não ter conseguido o resultado deixava o sentimento de exaustão ainda pior. Não queria levantar da minha cama por dois dias, mas eu sabia que se eu estava assim haviam duas pessoas que estavam ainda piores.

Liguei para Adrien e falamos mal do Lyon. Era um de nossos passatempos preferidos. Quando desliguei, sabia que ele já estava se sentindo melhor, a culpa não tinha sido dele. O time inteiro tinha sido uma grande merda e ele só tinha jogado metade do segundo tempo.

Talvez Dybala não quisesse falar comigo, mas eu queria estar ali por ele. E não estava indo de mãos vazias — o fardo de cerveja nas minhas mãos fariam com que ele pelo menos me deixasse entrar em sua casa.

Estacionei no lugar de sempre e fui surpreendida com a porta sendo aberta antes mesmo de eu desligar completamente o carro. Paulo estava de pijamas, com uma feição de poucos amigos e Kaia veio correndo até mim, fazendo a famosa festa que era rotina com todos que iam até a casa dela.

Me abaixei e brinquei com ela por um tempinho, até que finalmente tomei coragem para ir até o pai dela.

— Eu trouxe cervejas. — entreguei para ele. — E vim em paz.

— Eu pedi comida tailandesa, espero que goste.

— Eu gosto. — afirmei.

Não era o momento para comentar, mas eu só conseguia pensar em como era surpreende que ele gostasse de comida tailandesa. Ele era um verdadeiro fresco e considera o que ele geralmente gosta, é bem diferente do que estava servido na mesa dele.

Logo, eu descobri que estava certa e ele não estava amando comer todo aquele arroz apimentado e molho puxado para o agridoce. Eu queria rir e brincar com ele mas o clima era tenso entre nós, que estávamos jantando sem dizer nenhuma palavra.

— Por que pediu isso se você nem gosta? — perguntei, por fim.

— Estava cansado de todo o resto. Sushi, pizza ou comida mexicana... Queria algo diferente. — ele respondeu.

Nunca imaginei que um dia estaríamos assim: sem palavras.

Uma lembrança que passava repetidamente na minha mente durante aquela noite era de uma das últimas vezes que eu estive na casa dele antes de irmos à Argentina. Era um domingo e ele havia voltado de viagem pela manhã enquanto eu teria um jogo em casa, assim que sai do campo, fui a casa dele. Não tinha o avisado que faria isso, mas Paulo não se importou com a minha pequena "surpresa".

Ele ainda estava focado na missão de me mostrar Turim, então, quando cheguei e precisávamos decidir o que fazer, a primeira ideia que ele teve foi ir até a Mole Antonelliana. A sinagoga é conhecida por sua arquitetura e é um dos principais pontos da cidade, mas só iríamos até lá para tirar fotos, o que não valia a pena pois estava frio e estávamos cansados. Por isso, a segunda ideia dele também foi vetada, por que eu não queria andar por toda a extensão do Museu de Cinema. E como eu tinha aprendido recentemente, ir em atrações turísticas com a La Joya era complicado, não pelas fotos e pelos fãs porque eu adorava essa parte, mas pelos próprios funcionários do local, que queriam garantir que ele tivesse a melhor experiência possível e acabavam dando para nós um cansativo e extenso tour.

Então, após muito se pensar, nós ficamos em casa, com Kaia, aquecedor ligado e embaixo de cobertas para fazer uma noite de cinema. Um filme francês, um argentino e um italiano. Esse foi o combinado. Fizemos pipoca.

LEVITATING | PAULO DYBALA Onde histórias criam vida. Descubra agora