Capítulo 1 ❁ Maçãs e dúvidas

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Junho de 2012

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Encantado pelas brisas tênues e páginas de um livro, era como Jeon JungKook se encontrava. Pensando em poesias, melodias e doces escritas.

Sentia-se entorpecido. Apaixonado por frases de efeito que o faziam pensar pelo resto do dia.

JungKook vestia seu suéter de cor azul marinho, tom esse que ele achava muito bonito, e um moletom folgado de cor cinza. O All Star branco com girassóis pintados refletiam a luz do pôr do sol, que estava cada vez mais próximo.

Logo daria lugar para o céu estrelado cheio de nuvens acinzentadas, que ficavam aparentes devido ao brilho da lua.

O garoto parecia emanar uma energia extremamente gostosa e calma, deixaria qualquer um sonolento e leve. Tudo soava como um sonho belo e inesquecível.

Os cabelos castanhos-claro, iluminados pelos raios solares, eram ondulados e sedosos. Os lábios, avermelhados e entreabertos de tamanha concentração à leitura. Os olhos âmbar, de um brilho intenso dourado e caloroso.

JungKook estava realmente longe da realidade, imerso nos capítulos. Ele nem mesmo notou quando sua mãe o chamou pela primeira vez. Sua paixão pelas palavras o deixava imerso no mundo literário.

Fez um barulho bobinho com os lábios ao ouvir sua mãe chamando o seu nome pela segunda vez, não queria sair debaixo da enorme macieira do jardim. Morava no interior, afastado de tudo.

Sua casa sempre foi rodeada de rosas bonitas. Não apenas essas, mas todo o tipo de flor ㅡ e cada uma possuía ao menos um cheiro e uma particularidade. E ele tem certeza de que as pessoas da cidade grande são dessa forma, únicas. JungKook passava horas pensando em como é a cidade.

Tinha uma pequena noção de como era aquele lugar, tudo pelas breves descrições de seu pai ㅡ e letras de suas músicas favoritas ㅡ, mas eram tão superficiais que mal podia imaginar com clareza a cena que ele contava. Fantasiava sobre tudo no mundo grande, porque a realidade parecia muito melhor na sua cabeça.

Seu pai é um colecionador de discos, e um ótimo cozinheiro, além de ser incrível em escolher filmes. Seria ótimo se seres humanos pudessem ser perfeitos, não sendo o caso, o pai de JungKook é um péssimo contador de histórias ㅡ para um leitor, isso dói na alma. O Senhor Jeon costuma se embolar nas palavras e se perder, fazendo JungKook cair na risada junto com ele. É divertido.

Ah, mas como JungKook adorava quando era Dorothy, sua mãe, quem contava as histórias para que ele dormisse quando era criança. JungKook era capaz de imaginar cada cena. A que mais gostava era a história do anjo solitário que desenhava nas nuvens.

O celestial, após passar longos anos sendo acompanhado de sentimentos tristes, encontrou felicidade nos desenhos de animais que fazia nas nuvens. Certo dia, enquanto desenhava, fadas do campo encantaram-nas com seu pó mágico dourado, e as nuvens agora podiam falar. O anjo nunca mais esteve sozinho desde então.

Queria poder desfrutar da mesma liberdade que tinham os anjos. Imagine quantas coisas diferentes eles foram capazes de enxergar, sentir e se apaixonar. Imagine ter mais de um lugar favorito no mundo! O seu era o jardim, um lugar enorme e colorido. Gostava das flores. Adorava os pés de amora e morango. Amava quando borboletas, passarinhos e vagalumes passavam por ali...

O jantar, claro, lembrou-se que Dorothy o havia chamado. Fechou o livro e correu para dentro de casa, ouvindo o ranger da porta ao se fechar. A procura de seus animais, ele subiu as escadas até seu quarto.

Ariel, a gata branquinha com uma mancha preta no focinho e no olho direito, estava a esperando em sua cama, pedindo carinho. JungKook escolheu o nome de Ariel ao olhar para a marca de um sabão em pó, mas para Dorothy sempre foi por causa da história da pequena sereia ㅡ está tudo bem, ela é sua princesa favorita mesmo.

JungKook sorriu largo, pegando a gatinha no colo e deixando seu livro na estante, descendo para a cozinha, onde sua mãe o esperava.

ㅡ Já estava indo até a macieira chamá-lo ㅡ Ela sorriu, tirando as batatas recheadas do forno.

ㅡ Alejandro já voltou? ㅡ Perguntou pelo seu pai, deixando Ariel no chão.

ㅡ Ele estará aqui no domingo, coração ㅡ Respondeu Dorothy, colocando os pratos na mesa.

ㅡ Você viu a Pandora? ㅡ Se referia ao seu porquinho-da-índia, que ganhou de seu pai no aniversário de quinze anos.

ㅡ Ela adora se esconder embaixo do seu travesseiro, procure por lá depois do jantar ㅡ Doth sorriu, sentando à mesa e colocando as batatas nos pratos.

ㅡ Posso pegar seu aparelho de CD emprestado?

ㅡ Claro que pode ㅡ Um sorriso surgiu no rosto dele.

ㅡ Obrigado.

Comeram enquanto assistiam a um filme romântico qualquer na televisão da cozinha. JungKook achava os romances dos filmes muito diferentes dos que eram retratados nos livros que lia ㅡ e de fato eram. Nas imagens em preto e branco tudo parecia tão irreal e impossível. Era perfeito, com finais felizes para sempre.

Os livros eram reais. Existiam aqueles que acabavam com alegria ㅡ e que ainda assim tinham conflitos naturais ㅡ, mas também existiam aqueles em que o casal não acabava junto. Foi importante para que ele entendesse um pouco mais sobre o amor.

JungKook nunca conheceu esse sentimento louco. Adoraria sentir a conexão que os casais sentem nos livros. Como deve ser? Beijar é doce e te faz sentir um mundo de sentimentos? Amar é um universo paralelo onde só você e o seu amor habitam?

Coelho de Tarpe • [taekook]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora