Capítulo 13 ❁ Escolhas do coração

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#MelodiasMalucas

Quando criança, NamJoon ouvia as ideias de Vrai Moi em sua cabeça como um pequeno diabo.

"E se você caísse dessa árvore?"

"E se você se afogasse no riacho?"

"E se você fosse arrogante com o coelho branco?"

Mas NamJoon nunca deu ouvidos, e sempre deixava Vrai Moi irritado por isso. Mesmo tendo um demônio destrutivo dentro de si mesmo, NamJoon continuava sorrindo.

A sensação de não ser o único viajante em seu próprio corpo é torturante.

Seu maior medo era acordar no dia seguinte e perceber que, na verdade, não está morto, e sim preso dentro da própria mente, com cada parte ruim que existe. Tornando-se o monstro que o assombrou durante a vida toda.

E, como tudo um dia chega...

Desde então, ele se vê em um vazio, ao mesmo tempo que parece estar em um labirinto. Ouve tudo, sente tudo, mas nada pode fazer.

ㅡ Cala a boca! ㅡ Mandou Vrai Moi, referindo-se a NamJoon, que gritava mais uma vez, querendo controlar o corpo. Era madrugada, JungKook dormia no quarto ao lado, poderia acordar com seus gritos a qualquer instante ㅡ Por favor, NamJoon, pare de gritar. Sabe que é impossível sair, então guarde suas lágrimas.

Não era como se tivesse forças para lutar contra ele sozinho, mal conseguia ter voz, imagine se defender fisicamente. Seu corpo, magro demais, pálido demais. As olheiras, roxas demais, fundas demais. O estômago, grande demais, vazio demais. A mente, pequena demais, cheia demais.

Calou-se, afundando sem voz, e mais uma vez deixou que as lágrimas tomassem conta. Vrai Moi suspirou, passando a mão pelo rosto, queria dormir.

ㅡ Eu não consigo pegar no sono com você choramingando ㅡ Esbravejou ㅡ Vá dormir, garoto ㅡ apertou os olhos.

NamJoon não conseguia parar, não depois de saber que Vrai Moi estava perto de ter um triunfo. Tinha JungKook. Jimin obedecia às suas ordens. Alice estava fora do caminho. Pensou que Tarpe estava perdida.

Quero ver o oceano ㅡ Vrai Moi começou a cantarolar, da forma que sempre fazia, NamJoon se acalmava com aquilo todas as vezes, ao menos parecia se acalmar ㅡ Quero correr para um lugar ensolarado, fugir das pessoas, até que possa ficar apenas eu e você. Sentir como se estivesse em um sonho, para sempre. Porque até um monstro pode ter um coração.

NamJoon abraçou os joelhos, dormindo. Vrai Moi suspirou, cansado.

ㅡ Não faça eu me sentir culpado. Demônios não sentem nada ㅡ disse Vrai Moi ㅡ Eu não deveria sentir nada.

Para quem está perdido em seu próprio labirinto, o que é um de verdade? Nada o prende mais que sua própria mente.

Nada o condena mais que você mesmo.

Nada condenava mais NamJoon que Vrai Moi. Nada doía mais do que receber uma canção como um falso presente.

Três batidas repetitivas na porta. Era JungKook. Usava um pijama preto com mangas longas, estava frio aquela noite. Vrai Moi sorriu e arrumou o cabelo.

ㅡ Está tudo bem? ㅡ sua voz saiu rouca e baixa. JungKook o abraçou forte, querendo confortar não Vrai Moi, mas NamJoon.

ㅡ Ouvi você gritar ㅡ tinha certeza de que podia ouvi-lo, calculou cada frase para que tivesse um duplo sentido ㅡ É só um pesadelo.

Para Vrai Moi, ele ouviu os resmungos e gritos abafados e pensou que ele estava tendo um sonho ruim. Para JungKook, estava dizendo para NamJoon de que lado estava de verdade. Para o garoto acorrentado, ouvia uma esperança, exatamente o que precisava.

Coelho de Tarpe • [taekook]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant