Livro 2.
[É necessário ler "Forte como o Sol" primeiro]
Dois anos se passaram desde a terrível tarde que determinou o futuro de Max com a garota que amava.
Ele se vê de volta em seu país natal, trabalhando na empresa multimilionária de seu pai...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
— Deseja mais alguma coisa, senhor Baardsson? — Pergunta Megan depois de colocar alguns documentos da empresa em minha mesa. Eu nego com a cabeça e ela sai da minha sala com seu coque apertado e terninho preto.
Reviro os olhos ao ver as pilhas de papel a minha espera. Ainda estou me perguntando como fui sair de um garoto que vai para festas da faculdade as três da manhã para um homem de negócios. Ou pelo menos é isso que meu pai quer que eu seja.
Dois meses depois de eu ter terminado com a Sophia, decidi que era tortura continuar no Canadá e a encontrar por acaso na sorveteria ou no parque perto do meu antigo apartamento. E então menti para meu pai dizendo que já estava pronto para assumir um cargo na empresa de Seattle. Ele ficou em êxtase e arranjou um bom lugar para eu morar e uma transferência para o Campus da Seattle University, para eu terminar os meus últimos dois anos da faculdade.
De início, achei que poderia me acostumar com o ritmo agitado da empresa, com todo mundo em cima de mim por eu ser o "filho do chefe" e com o clima na maioria das vezes frio da cidade de Seattle. Todavia, não consegui. Ainda resmungo quando abro a janela e a brisa gelada invade o meu novo apartamento ou preciso chegar mais tarde por conta do trabalho. É uma merda. As vezes sinto falta da minha rotina preguiçosa do Canadá.
Depois que fui embora do país, não falei sequer uma vez com Sophia. A vi umas cinco vezes, mas ela sempre desviava o olhar e saia o mais rápido possível. Mandei um presente em seu aniversário em dezembro, mas ela não agradeceu. Ou talvez tenha agradecido, mas como fui um babaca quebrando o meu celular minutos depois que ela me deixou — ou melhor, eu a obriguei a me deixar —, eu não tenha visto. Nunca irei saber.
Fico furioso apenas em lembrar o sorriso de escárnio que meu irmão deu quando eu disse que voltaria para os Estados Unidos. Foi como se estivesse dizendo: "Sabia que vocês não acabariam juntos. Eu te avisei, seu merda". Tive que me esforçar bastante para não dar um soco em seu rosto e acabar com a merda daquele riso e olhar de satisfação. Doutora Kelleher, minha psicóloga, me disse para descontar a raiva em algo relevante, e de preferência não em uma pessoa. Tive que seguir seu conselho, se não arrebentaria o nariz daquele mimado egoísta.
Giro na cadeira de rodas, tentando passar o tempo. Tudo nesse lugar é entediante; as pessoas, os cômodos e até às cores das paredes. Não sei como meu pai conseguiu trabalhar aqui por tanto tempo antes de nos mudarmos.
Encaro o relógio redondo a minha frente e bufo de irritação. Preciso terminar de assinar esses papeis logo. Não tenho saída. Que grande merda eu fui me enfiar.
★★★
Estou vidrado no quadro falsificado de Leonardo da Vinci pregado na parede de tijolos da Hill's Beer, um bar perto do Campus e do meu apartamento. Gabriel e Connor estão gritando e resmungando enquanto assistem a um jogo de futebol americano na pequena televisão sobre o balcão.