Marcante como a Lua [✓]

Capítulo 5

        Estou com aquele pressentimento de que o dia não vai ser bom. Acordei com isso, e agora, a caminho da universidade, só está aumentando em meu peito.

É como se o meu próprio corpo estivesse me avisando para ir para qualquer lugar, menos para o Campus. O grande problema é que não posso faltar. O professor vai passar um teste que vai valer quase metade da nota nesse semestre. Estou encurralado.

Assim que chego no estacionamento, tomo um gole da água que sempre carrego no carro. Está quente, mas não importa. Pelo menos ajuda um pouco a me acalmar.

Ando devagar até a cafeteria. Tenho certeza que Gabe, Connor ou Grace estarão lá. Eles usam aquele lugar como ponto de encontro, como o Central Perk em "Friends", só que cheio de universitários com olheiras ao invés do típico povo novaiorquino.

Abro a porta do lugar, que faz um barulho de sino, e então avisto Connor sentado em uma das poltronas perto da janela. Ele está bebendo uma bebida marrom cheia de chantilly e raspas de chocolate.
Me aproximo e sento em uma cadeira.

— Bom dia, senhor Baardsson. — zomba, dando um gole em sua bebida logo depois.

— Meio calórico, não acha? São seis da manhã. — me refiro ao copo gigante em sua mão.

— Seis e meia. — corrige —E não é tão calórico assim. É um frappuccino de chocolate. Tem café, e todo mundo toma café de manhã.

Dou de ombros.

— O que fez ontem a noite? — Pergunta.

— Fui pra casa, comi pizza e dormi.

— Que sem graça. Eu e Gabe fomos para o Hill's Beer. Adivinha quem estava lá?

— A Grace? — não me esforço.

Connor revira os olhos.

— É claro que Grace estava. Ela trabalha lá, seu mané. Estou falando de Kim.

— Gabe a chamou para sair?

— Não, porque ele é um tolo. Ficou lá sorrindo pra garota achando que ela fosse notar.

Eu dou risada. Gabe sempre teve medo de chamar meninas para sair, vivia pedindo para eu ou Connor irmos no lugar dele.

— E então?

— E então ela foi embora com o tal Jason antes que ele tivesse coragem de levantar. Apostei dez dólares com Grace que ele não daria sequer dois passos antes de amarelar. Ela disse que ele nem se levantaria. Perdi dez dólares. — ele conta, e faz uma careta ao se lembrar.

— Eu já cansei de apostar com Grace. Ela sempre ganha. — Aponto, e ele assente.

Ficamos alguns segundos em silêncio, até ele dizer:

— Está agindo estranho hoje.

— Estou normal. — retrucou.

— Não está não. Você fica olhando pra janela como se estivesse procurando por alguém.