7 - bobos idiotas

25.5K 3K 3.4K
                                    

A ESCOLA DE Boafortuna depois do meio-dia fica assustadoramente silenciosa, o que a transforma no mesmo instante em um lugar muito mais instigador

К сожалению, это изображение не соответствует нашим правилам. Чтобы продолжить публикацию, пожалуйста, удалите изображение или загрузите другое.

A ESCOLA DE Boafortuna depois do meio-dia fica assustadoramente silenciosa, o que a transforma no mesmo instante em um lugar muito mais instigador. Percorro os corredores vazios me sentindo uma exploradora, quem sabe até uma caça-fantasmas. O colégio, ou melhor, a construção abandonada e potencialmente mal-assombrada se estendendo e me engolindo a cada corredor que cruzo.

Encontro sem dificuldade a sede do clube de Matemática, a folha de papel presa recentemente à porta indicando com letras grandes e impressas em tinta azul que essa é a sala dos MATEMAGOS. Deus tenha piedade.

— Ei, você deve ser a Eva!

Preciso piscar algumas vezes para aceitar que o menino parado à minha frente não é o Harry Potter. Os óculos redondos são iguais, o cabelo escuro tem o mesmo corte bagunçado. Se ele levantar essa franja e tiver uma cicatriz em forma de raio no meio da testa, juro que nem saberei o que dizer.

— Eu sou o Juan, muito prazer. — Ele estende a mão, e eu a aperto sem jeito. — Acho que o Vinícius te explicou que as inscrições para o clube ainda estão rolando, então meio que não vai ter ninguém nessa reunião de hoje.

— Vinícius...?

— Não é ele o seu professor de Matemática?

Meu Deus, o Rogério.

Assinto, meio tímida, e ele caminha até um dos armários próximos à uma janela alta, a única no cômodo inteiro. Algumas mesas redondas estão espalhadas, e um quadro de vidro se estende por toda uma parede, esse preenchido com equações matemáticas e questões complicadas que ocupam boa parte da lousa. Sorrio. Talvez seja cedo demais para falar isso, mas acho que o QG dos Matemagos já conquistou meu coração.

— Aqui tem algumas questões de álgebra, logaritmo e geometria, coisa bem básica. — Juan me entrega uma lista de exercícios, dando de ombros em seguida. — Não é obrigação responder nem nada, ou muito menos uma espécie de teste para entrar no clube. Como dá pra ver, a gente não tem o luxo de ser seletivo.

— Não vai mesmo aparecer mais gente hoje?

— Acho improvável. Tirando você e eu, só tem mais um garoto no clube, o Berto, e ele quebrou a perna há alguns dias, então tá tendo a sorte de não precisar pôr os pés na porra dessa escola.

Busco um dos pilotos na mesa mais próxima, perguntando com o olhar se posso escrever na lousa. Juan, se acomodando em uma cadeira, consente ao dar de ombros.

— Os professores devem até dar uma passada por aqui, mas só depois que almoçarem, então pode demorar um pouco.

— Você tá na equipe há muito tempo? — pergunto, escrevendo no quadro de vidro a primeira questão da lista.

— Desde o ano passado. A maioria do pessoal só fica um ano ou entra no último, então quando se formam é como um funeral para o clube. Já houve anos que o Matemagos quase não conseguia o número mínimo de alunos pra participar dos campeonatos.

Todas as Coisas que Eu Não Odeio em VocêМесто, где живут истории. Откройте их для себя