Prólogo

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― Shh, não chora bebê, por favor, papai está aqui ― Taehyung sussurrava enquanto escondia seu filhote de três anos no guarda-roupa, atrás dos grandes casacos gastos e desbotados

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― Shh, não chora bebê, por favor, papai está aqui ― Taehyung sussurrava enquanto escondia seu filhote de três anos no guarda-roupa, atrás dos grandes casacos gastos e desbotados.

O pequeno filhote de grandes olhos avelãs sugava seu dedinho tentando se consolar enquanto gemia baixinho, tão pequeno e assustado entre os tecidos. Seus fios castanhos caiam numa bagunça de cachos macios, bochechas vermelhas e cílios molhados pintavam o rostinho miúdo.

― Papa ― ele chamou engordando um beicinho trêmulo, e enrolando os dedos no casaco de Taehyung.

Taehyung o abraçou, fazendo carinho nas costinhas dele uma vez mais, beijou a testinha, e cabelos de seus bebê e quando o terceiro grande barulho viajou através da madeira da porta ele se afastou dolorosamente de seu filhote e quase se engasgou com seu próprio choro. Um choro que ele afogava pela garganta junto com alguns soluços.

Os dedos se soltaram, os olhos se fitaram uma última vez, despedindo-se. Olhos pedindo, talvez suplicando, para seu bebê ficar em silêncio. Até que a porta do guarda roupa foi finalmente fechada. A imagem de Taehyung sumiu atrás delas.

Boram estava sozinho agora.

Os barulhos, distantes, aumentaram. Choro, gritos, e rosnados. Miúdas orelhinhas tentavam esconder-se, assustado e desamparado, ele tremia escondido entre os casacos. Os aromas metálicos, feromônios de medo, dor... uma confusão sufocante, embebia todo o ambiente, e de repente ele estava afundando. Olhos se embebedando numa tonalidade fosca de cinza, o corpo pequeno encolhendo, até que o pequeno Boram se fechou.

Seu lobo interior estava no comando do seu subconsciente agora.

O filhote no armário não sabe quanto tempo passou, até que finalmente ele não ouviu mais nada. Até que finalmente tudo que pincelava o ambiente era o silêncio. Doce e cortante silêncio.

Boram, o bebê de três anos de Taehyung, dormiu no armário num aconchegante ninho de casacos, que ele fez como pode, por quase longos dois dias. E ele teria ficado lá, para sempre, se Taehyung não tivesse finalmente conseguido despertar e se arrastar pelas escadas.

As contusões doíam e ele estava tão fraco e fragilizado que talvez desmaiasse no meio dos degraus. Mas ele finalmente conseguiu subi-los, ele conseguiu abrir a porta do quarto e chegar ao armário.

Ele conseguiu finalmente chegar ao seu filhote.

Uma bolinha se escondia entre tecidos grossos, tão miúdo e silencioso que ele poderia ser esquecido ali se dependesse de Hyubin.

Taehyung viu o pequeno ninho de seu filhote e limpou uma lágrima silenciosa pela bochecha inchada e escoriada. Chamou por ele, mas ainda sem tocá-lo, a intenção era acordá-lo para receber a permissão de que ele podia se aproximar.

Ele sentia a garganta ardendo, chorava baixinho, por que seu filhote de apenas três anos havia afundando. Um filhote que sequer falava direito teve de sucumbir aos seus instintos mais primitivos para se proteger, mesmo quando ele estava no mesmo ambiente que seu ômega progenitor.

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