Capítulo 4

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Alison se sentou na rede de descanso de frente para a porta de correr de vidro e ficou observando a paisagem, belíssima por sinal. 

- Eu nunca te falei muito sobre ela não é... - Ela abaixou a cabeça e seus cabelos negros cairam sobre o seu rosto. 

Me sentei ao lado dela e tirei um pouco do cabelo que estava em seu rosto de forma que eu pudesse vê-la melhor. Seus olhos cinzas como o céu nublado estavam marejados. 

- Como ela era? - Sei que essa pergunta não é muito adequada para alguém que perdeu um parente para a morte, mas eu estava muito curioso. 

- A melhor pessoa do mundo... - Ela disse ainda abaixada, mas com o rosto virado para poder me olhar nos olhos. - Nunca encontrei uma pessoa tão determinada e bondosa como ela. - Ela olhou para frente e sorriu, depois levantou o corpo e deitou na rede. - Aprendi a pintar com ela. Eu via ela pintando e tentava imitar. - Ela riu se lembrando do passado. 

A mãe de Alison foi assassinada. O pai dela sofria de transtorno bipolar e era muito violento. Por algum motivo eles brigaram e o pai dela estrapolou. Eu nunca soube muito bem como ela morreu, mas como nossa cidade não é muito grande a notícia se espalhou e todos ficaram sabendo rápido da morte. Alison hoje mora com a irmã de sua mãe, uma mulher que se você não conhecesse a história da família poderia até acreditar que é a mãe de Aly. O pai obviamente foi preso. Isso aconteceu quando Alison tinha uns dez ou onze anos, então infelizmente ela se lembra muito bem do ocorrido já que atualmente tem quinze.

- Vou te contar um dos motivos por eu gostar tanto desse lugar. - Ela disse se levantando e  andando em direção a uma escada que até agora eu não havia notado. Antes de subir ela parou e olhou para mim. - Venha!

Me levantei e a segui. Subimos a escada em formato de caracol e quando eu já estava levemente cansado de girar chegamos ao andar superior. O lugar era enorme, o que me deixava confuso já que o andar de baixo não parecia tão grande. Era um ateliê. Mesmo sendo um lugar praticamente feito para ser bagunçado, tudo estava arrumado e em ordem. O que chamou minha atenção foi um cavalete perto da parede do meu lado esquerdo com uma pintura inacabada. Alison percebeu que fiquei olhando tempo de mais a pintura. 

- Ela não teve tempo para acabar... - Meu coração gelou. 

- Desculpe, eu... não sabia... - Idiota. Idiota. Você está fazendo ela se lembra da mãe morta. 

- Não, tudo bem... - Pelo tom de voz dela eu percebi que não estava tudo bem, mas preferi acreditar porque não queria piorar as coisas. - Mas não estamos aqui para falar sobre mim. - Ela sorriu e cruzou os braços, e entendi muito bem o que ela quis dizer. 

- Tudo bem então, como quiser. - Ri e levantei os braços me rendendo. Ela riu e descruzou os braços. - O que quer saber? - Aly inclinou o rosto pra direita e ergueu uma sobrancelha. Eu já sabia o que ela queria saber. - Meu pesadelo...

Ela chegou mais perto de mim e segurou minha mão. 

- Você me conhece muito bem, sabe que eu sou muito curiosa... - Ri. - E além de curiosa eu me importo com você... muito... - Meu coração apertou. Pelo visto além da veia artistica ela também tinha a da bondade. 

- Chamas... - A palavra saiu mais rápido do que meu pensamento. 

- O que? - Ela ainda segurava minha mão, mas se afastou um pouco para me ver melhor.

- Chamas. Fogo. - Minha pele ardeu, mas dessa vez já estava preparado. 

- Onde estavam? - Ela tentou olhar meus olhos mas abaixei a cabeça. 

- No chão. No teto. Em mim. Em todo lugar

VendettaWhere stories live. Discover now