Não há nada de inocente em Lauren.

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Lauren Jauregui POV

Poderiam me chamar de "santa", "inocente", ou ambas as coisas. Mas só eu  sabia que não era nenhuma delas. Bom, no meu caso, as coisas são totalmente o oposto do que pensam. 

Só porque sou filha de um pastor, não quer dizer que eu tenha que ser uma santa, correto?  Errado. Mas convenhamos que eu seja, apenas na frente da autoridade da casa. Desde que me mudei para cá, senti que algo diferente aconteceria. E de fato aconteceu. 

Camila Cabello: a vizinha. 

Eu não sei porque ou como, e nem qual foi a macumba que ela lançou em mim, mas estou perdidamente apaixonada por ela? Eu sei que soou mais como uma pergunta, mas eu também não posso afirmar. Já que minha mente parece estar mais perdida que a empregada nas festas que meu pai dá em comemoração à sei lá o que.

Minha postura de menina exemplar não passa de uma fachada. Por que eu seria alguém que eu não sou? Talvez porque meu pai, que prega contra a imoralidade, também não passa de um hipócrita. Descobri que aquele que se dizia sacerdote, foi o mesmo que teve a capacidade de se envolver com uma mulher casada — Que além de tudo, é uma frequentadora da igreja. Ainda na cara de pau é capaz de tentar se explicar com desculpas esfarrapadas. Mas tudo que é bom dura pouco, não é mesmo? 

É claro que antes citado, eu não sou uma santa. Por mais que minha postura diga o contrário. Tirei proveito da situação absurda que meu pai se encontrava, fiz ele aceitar o fato de que não curto garotos. Ele não teve saída, ou era isso ou um escândalo envolvendo o pastor e a mulher mais importante da cidade. Acho que ele não sairia bem nessa história, além de ter seus status rebaixado. 

Sim, eu sou lésbica; sapatão; homossexual. Como preferirem chamar.  Descobri isso graças a breve recaída que eu tinha ao olhar para Camila. Quero dizer, que eu tenho. Não é como se fosse algo momentâneo, já venho sentindo isso por ela a meses. Mas não tenho certeza de que isso recíproco. Mesmo sabendo que ela curte a mesma fruta que eu. 

Além de tirar proveito disso, fiz meu pai sair por um tempo com minha mãe. Precisava de um tempo a sós com Camila, para enfim descobrir o que realmente sinto por ela. O fato é que eu realmente não sou santa. 

Eu poderia dizer isso de várias formas ou simplesmente escolher cuidadosamente as palavras para descrever os sonhos que tenho com a mesma. Mas não sairia adequado de qualquer forma, certo? Ja da para ter uma ideia de como é, talvez eu devesse especificar. Bom, são sonhos totalmente eróticos e sempre me fazem acordar molhada. É claro que eu me toco pensando nela, é meio que irresistível. Esse é o efeito que Camila Cabello tem sobre mim —mesmo sem saber, eu acho. 

Nós só nos viamos pela tarde da noite. Meu pai dizia que eu não deveria me encontrar com frequência com ela, pois assim nossos pecados se aumentariam. Mas, quem é o sujo para falar do mal lavado? 

A verdade é que eu não sei se deveria acreditar nessas coisas, que somos destinados ao inferno pelo simples fato de amar alguém do mesmo gênero. É meio inacreditável, já que existe tanta perversidade no mundo. E quem deverá ser punido é aqueles que estão dispostos a amar? 

Simplesmente não acredito. 

Meu pai, antes era meu espelho. Sonhava em ser igual a ele. Hoje? Apenas tenho nojo do ser desprezível que ele se tornou. Já fez tantas coisas maléficas, não sei como ainda se dá ao luxo de ser considerado "imagem de Deus na terra". É um completo babaca, hipócrita. Que além de tudo, depois do flagra, ainda se encontra com à amante. Deixando minha mãe como uma idiota, acreditando sempre nas palavras falsas que ele diz à ela. 

(...)

Faltavam poucos minutos para a chegada de Camila à minha casa. A empregada havia pedido dispensa e eu como uma trouxa que sou, resolvi fazer uma faxina na casa. A primeira impressão é sempre a que fica, não é? 

Tinha limpado tudo diversas vezes, estava tão limpo, que eu até poderia despedir a empregada e me auto-empregar como a próxima faxineira. Logo após tudo isso, me troquei rapidamente e ao ouvir batuques na porta, corri o mais rápido que pude. Não sei porque corri, mas foi involuntário. 

Ao abrir a porta, dei de cara com a pessoa mais bonita que esse mundo poderia ter: Camila Cabello. Eu queria a puxar, a beijar, mas tudo que eu poderia fazer no momento era a abraçar e a convidar para entrar. E foi exatamente o que eu fiz. 

Camila sempre foi uma ótima observadora e não demorou muito para que notasse a demasiada limpeza que havia feito há alguns minutos atrás. Me fez algumas perguntas e eu o respondi sem hesitações. Logo sugeriu que fizéssemos algo, e em seguida dei a sugestão de assistir algum filme. Pobre Camz, mal sabe que sua Lauren não é santa como aparenta. 

Encarei os CDS em cima da mesinha e fiquei impaciente quando percebi que nenhum era um filme adequado para a ocasião. Meu pai é quem seleciona os filmes, claro que nunca prestei muita atenção em quais ele escolhia, mas em sua visão eu ainda era uma criancinha. Que merda em pai! 

Camila deu de ombros quando perguntei qual o mesmo queria ver. Não demorou muito para que eu colocasse o filme e em segundos ele se iniciou. 

Me sentei ao seu lado e como um impulso, acariciei suas mãos. Senti que ela estava incomodada, mas continuei com o gesto. 

Como eu disse, não sou santa. 

A Filha Do PastorOnde histórias criam vida. Descubra agora