O pior lado do Natal. ( final)

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Camila Cabello POV
 

Me permiti abrir os olhos, sabendo que talvez veria a pior coisa da minha vida; a tristeza nos olhos daquela que amo. Dói tanto vê-la chorar e não poder confortá-la, eu só queria ter forças o suficiente para me levantar e ir até ela. Mas nem disso eu sou capaz.

Sou fraca. 

Sensações esquisitas se alastraram pelo meu corpo, era como uma queimação interna; ardência na palma de minhas mãos e peito dos pés. Minha visão parecia estar se ajustando novamente, por isso, não estava tão clara. Eu conseguia ouvir gritos de desespero, barulhos de algo se quebrando e conseguia ouvir minha alma pedindo socorro. Mas não conseguia fazer, dizer, ver nada ainda. Parecia que eu estava dopada. 

Mas não demorou muito para que ouvisse passos vindo em minha direção. A pessoa jogou algo em cima de mim. Não era água, saberia se fosse. Era mil vezes pior, era ácido e, pela voracidade do produto na minha pele julguei ser um dos piores. 

Meu rosto ardia muito e eu gritava internamente, pois de minha voz nada saia. A sensação do encontro desse líquido com minha pele era demasiadamente estranha e dolorida. Dóia tanto que eu não conseguia mais sentir meu rosto. Parecia corroer  minha carne. Minha visão já estava voltando ao normal e eu pude ver aquela pessoa que, agora eu passei verdadeiramente a odiar. 

Eu não sabia seu nome, sobrenome, idade, nada. Mas eu sabia que ele havia sido machucado por alguém — Mais precisamente, pelo pastor Jauregui. — mas eu só não sabia o porquê de querer matar Lauren. Aquela que não tem nada a ver com isso e nem ao menos sabia disso, certo? 

Eu não sei. 

Mas eu não deixaria ninguém, nem mesmo esse monte de merda tocar naquela que amo. Eu não sei qual seria o plano para sobreviver e salvar Lauren, mas eu teria que pensar rápido. Do contrário, nós dois morreremos. 

Aos poucos, comecei a enxergar normalmente. Mas as dores não cessaram, continuaram piorando. Eu teria que aguentar, por ela eu aguentaria. Por ela eu passaria até pelos portões do inferno, se for necessário. 

À minha frente estava ela, com os olhos abertos e vermelhos. Lágrimas escorriam pelo seu rosto e ela me olhava como se quisesse dizer, apenas com o olhar um "vai ficar tudo bem" . Eu apertei os olhos com força enquanto pensava no que fazer. Ainda tinha esperanças em salvar-nos. 

O homem alto que carregava o sorriso debochado — do qual eu passei a odiar — entrou no lugar, carregando algumas malas enormes.  Eu não sei porquê, mas eu comecei a me desesperar.  Já não podia se esperar mais nada dele. Eu estava com medo, e não era pouco. 

Alguns de seus capangas começaram a tirar as coisas de dentro das malas. Eram martelos, pregos, cordas e foi aí que eu senti meu peito se apertar ainda mais. Lauren me lançava olhares aflitos e eu tentava a confortar com sorrisos um tanto forçados. Eles vinheram em nossas direções, um desamarrou e levou Lauren para fora da sala e outro fez o mesmo comigo. 

Ao chegarmos em outra sala, meu peito se apertou ainda mais. Eu sentia que teria um infarto a qualquer momento. Eles deixaram Lauren ao meu lado, e foram até a porta, enquanto o cara do sorriso debochado se aproximava. 

— Como está sua cara? — ele riu e logo voltou a deixar seu famoso sorriso em explícito. 

— Vai.Se.Ferrar. — cuspi em seu rosto e logo em seguida esbanjei o meu melhor sorriso. 

A Filha Do PastorOnde histórias criam vida. Descubra agora