Convite Estranho

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Era sábado e o sol estava quase se pondo quando Chat Noir bateu à porta do quarto de Marinette, encontrando-a sentada em sua cadeira giratória e desenhando em um caderno apoiado sobre a mesa do computador. Uma música baixa saía do celular dela, que também estava sobre a mesa. O loiro sorriu quando ela notou sua presença.

— Sério, você tem muito talento. — Disse ele olhando para o desenho que ela fazia. — Quando ficar rica e famosa lembra de mim, tá?

— Acho que famosa eu já sou. Só falam de mim na internet agora. — Os dois riram.
— Nem vem me culpar porque foi você que disse o "eu aceito". — Marinette fez uma careta e jogou uma almofada nele, atingindo seu ombro.
— Eu não disse "eu aceito", eu disse "tanto faz". — Chat Noir riu e tentou atirar nela a almofada que estava ao seu lado, mas errou.
Rapidamente, Marinette pegou um travesseiro que estava em sua cama e, logo, os dois começaram a jogar almofadas um no outro, rindo como nunca. Até que, sem querer, o loiro tropeçou em um dos travesseiros que tinham jogado no chão, fazendo Marinette rir ainda mais.
— Você vai pagar por isso. — Ele disse em um tom brincalhão e começou a jogar os travesseiros na menina, que corria pelo quarto, rindo.
Marinette subiu as escadas que levavam à sua cama para tentar fugir, mas Chat Noir a seguiu e continuava jogando as almofadas. Ela acabou caindo na cama, rindo tanto que estava quase sem fôlego. O loiro continuava em pé, rindo também.
Quando a azulada finalmente recuperou o ar, fingiu que se levantaria, estendendo a mão para que Chat Noir a ajudasse, mas, antes que ele fizesse isso, ela o puxou, fazendo com que ele caísse ao seu lado sobre a cama. Os dois continuaram rindo durante alguns instantes, olhando para o teto, até que Marinette o encarou, perdendo-se em seus pensamentos.
Quando foi que tinham ficado tão próximos? Será que, quando terminassem aquele namoro de mentira, ela ia continuar a receber as visitas dele? Por que estava se preocupando com isso?
Foi então que ela lembrou. Precisava falar antes que esquecesse de novo.
Mas Chat Noir interpretou aquele olhar de uma forma diferente. Marinette estava deitada de lado agora, apoiando-se em dos braços, e o loiro conseguia sentir a respiração ofegante da azulada em seu rosto. Os olhos dele voltaram-se para os lábios dela, que estavam muito próximos dos seus e ele não entendia porque desejava que aquela pequena distância sumisse. Sentiu sua mão involuntariamente sair da cama e levantar até o rosto dela, mas parou subitamente no meio do caminho.
Marinette sentou-se na cama, ainda tentando se recuperar das risadas e Chat Noir levantou, ficando ao lado dela.
"O que foi que aconteceu? Ou melhor, que quase aconteceu?", ele pensava ao olhar para menina, sem saber que ela também se perguntava o mesmo enquanto perdiam-se em seus olhares. Os pensamentos de ambos foram interrompidos pelo toque do celular dela.
— Ah, claro que eu não esqueci do shopping hoje, Alya. — Chat Noir riu, sabia que ela estava mentindo, e começou a pegar as almofadas do chão enquanto a menina terminava de falar ao telefone.
— Você esqueceu, não é? — Disse quando ela desligou. — Pode ir lá se arrumar que eu organizo tudo aqui.
— Obrigada. — Ela lhe deu um beijo na bochecha. Não sabia por que tinha feito isso. Apenas fez. Também não sabia por que seu coração parecia tão acelerado.

Poucos minutos depois, todos os trvesseiros e almofadas já estavam no lugar e Marinette também já estava pronta para encontrar Alya. 

Após a azulada postar uma selfie deles nas redes sociais, Chat Noir se despediu, deixando Marinette perdida em seus pensamentos enquanto encarava a porta do quarto.

***

Apesar de estar com muito sono, Marinette ficou acordada até a madrugada, o horário mais seguro para conversar com os kwamis. Ela fechou todas as janelas e cortinas do quarto e certificou que a porta estava trancada. Desde que tinha se tornado a guardiã dos miraculous, todo cuidado era pouco. Se Hawk Moth a visse ali poderia não só descobrir sua identidade secreta, mas também roubar a caixa dos miraculous. A azulada se transformou em Ladybug e tirou a caixa de dentro do ioiô. Ela ainda achava que não era muito seguro fazer nada relacionado aos deveres como guardiã em sua própria casa, mas como não tinha pensado em nada melhor, precisava improvisar.
Marinette lia as anotações de Mestre Fu no livro já decifrado e experimentava combinações entre os kwamis. Agora que conhecia os poderes e particularidades de cada um deles, poderia ser mais fácil encontrar seus futuros portadores, embora soubesse que agora seria ainda mais difícil entregar as jóias a eles com Hawk Moth sabendo que ela era a guardiã dos miraculous. Ainda pensava sobre como faria isso. Se iria deixar os miraculous permanentemente com os novos portadores ou se deveria entregá-los disfarçada para não correr o risco de Hawk Moth a seguir, como ocorreu quando enfrentaram o casal Bourgeois.
Ela parou de ler o livro dos guardiões. Era muita responsabilidade, às vezes dava vontade de desistir de tudo. Mas Paris contava com ela, o mundo contava com ela. Não poderia deixar aquelas pessoas nas mãos de Hawk Moth, não poderia deixar que o futuro que viu quando enfrentou Chat Blanc se tornasse real. Ela suspirou. De novo aquela memória invadiu sua mente. A cidade totalmente destruída. O desespero que sentiu ao ver a si mesma destruída pelo cataclismo.
— Está tudo bem, Ladybug? — Wayzz perguntou e ela assentiu.
— O futuro que eu vi. — Ela se dirigiu a Fluff, o kwami de Bunnix — Ele pode se tornar real?
— É difícil dizer. Talvez. — Aquela resposta a atormentou.
— Mas... se eu apaguei o meu nome do presente do Adrien... — Os kwamis se entreolharam — Deixa pra lá.
— Talvez não aconteça exatamente daquela forma. Talvez nem aconteça, não dá para ter certeza. — Fluff falou novamente.
— Há muitas possibilidades. Viagem no tempo é meio complicada... — Sass, o kwami de Viperion, disse.
— É... acho melhor voltar ao livro, não é? — Ela bocejou.
— Você está cansada, amanhã podemos nos reunir de novo. — Wayzz disse e Marinette assentiu. Assim, ela tirou os miraculous que usava e todos os kwamis voltaram para a caixa.

Um Plano IrrecusávelWhere stories live. Discover now